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11 DE DEZEMBRO DE 1956 29

gerais de produção e registou-se um alargamento nas trocas internacionais, tendo-se elevado, na maior parte dos países, as reservas de ouro e disponibilidades líquidas em dólares.

2. É preocupação dominante para alguns Governos a ameaça de surtos inflacionistas, de maior ou menor acuidade, resultantes dum acréscimo sensível das despesas de certos tipos de investimento e do facto de os salários - em crescimento mais rápido do que a produtividade - dilatarem a procura de bens de consumo ao mesmo tempo que contribuem para a elevação dos custos de produção.
Todavia, e apesar dos aspectos por vezes delicados de que o problema se reveste, parece não dever exagerar-se-lhe a gravidade: na generalidade dos casos, os surtos inflacionistas agora verificados não provêm de situações doentias, são antes consequência, natural e dominável, da alta conjuntura em que se encontra a economia mundial. De resto, o desenvolvimento atingido no campo da cooperação económica internacional permitirá, através do confronto e da harmonização das várias políticas nacionais, um mais fácil e eficiente controle dos efeitos que, gerados pela expansão, possam pôr em causa essa mesma expansão.

3. No campo da política económica deve registar-se a tendência para a generalização do planeamento, mesmo das economias mais evoluídas e chamadas liberais. Isso se deve, por um lado à intensificação da concorrência internacional; por outro, ao desejo de garantir a expansão económica ao mesmo tempo que se executa uma política de intensa preparação no campo da defesa militar: a necessidade de inventariar os recursos disponíveis e de promover a sua mais útil aplicação, interna e externa, estão na base dessa generalização do planeamento.

4. A necessidade de um apoio internacional ao desenvolvimento das regiões atrasadas continua a proclamar-se em nome de razões de natureza económica e extra-económica. Para execução destes objectivos é de salientar a fundação, no ano corrente, da Sociedade Financeira Internacional - S. F. I. -, em seguimento das deliberações do Conselho Económico e Social e da Assembleia Geral da O. N. U. O. seu capital é de 100 milhões de dólares, do qual foi já realizado, com a contribuição de trinta e um países, mais de 78 milhões, que se destinam, fundamentalmente, à activação das empresas privadas dos países mais atrasados.
Os investimentos realizar-se-ão sem garantias governamentais; a S. F. I. correrá os riscos inerentes a todo o investimento, mas não participará na direcção das empresas que financia.

A economia americana

5. A economia dos Estados Unidos parece manter o sentido de progressão retomado em 1955.
O valor do produto nacional bruto tem evoluído em sentido ascendente, não obstante o declínio registado na produção da indústria automóvel e na construção residencial. No entanto, e em contrate com o ano anterior- em que a expansão do volume real de bens e serviços constitui o factor dominante no acréscimo do produto-, manifesta-se desde o começo de 1956, nítida tendência para uma elevação dos preços.
Os investimentos industriais dos Estados Unidos deverão em 1956 ultrapassar, em aproximadamente 23 por cento, o nível recorde de 1955. 0s aumentos atingirão todos os sectores, embora sejam mais acentuados nas indústrias de bens duradouros e nos caminhos de ferro.

A própria industria automóvel, não obstante a regressão que nela se tem verificado, couta elevar as suas despesas em instalações e equipamentos.

Será também maior o volume das trocas com o estrangeiro, aumentando a exportação, tanto de bens como de serviços. Nas vendas de mercadorias ao estrangeiro são de salientar os fornecimentos de carvão e equipamento, por ser esre incremento da exportação americana indicador de maior actividade económica nos países consumidores.

As importações de bens f serviços no 1." semestre de 1956 foram também superiores às de igual período do ano anterior, mas decaíram do 1." para o 2.º trimestre, do que resultou uma subida no saldo positivo da balança, não considerando nesta os donativos militares.

Fiel à sua política de auxílio a regiões mais atrasadas, é de frisar ainda, como acontecimento no ano de 195G. a .participação dos Estados Unidos na Sociedade Financeira Internacional, em aproximadamente 00 por cento do capital realizado.

A economia do Leste europeu

6. Dentro das características específicas que definem o seu tipo de economia, o bloco dos países do Leste continuou a sua expansão económica, não obstante certos desequilíbrios, tornados mais aparentes à medida que se processa o movimento de integração no conjunto dominado pela economia da Rússia Soviética.

Assim, e enquanto alguns dos países satélites, como a Checoslováquia, a Roménia e a Alemanha Oriental, apresentam índices positivos de desenvolvimento, outros, como a Polónia, a Hungria e a Bulgária, evidenciam nítidos sinais de dificuldade na adaptação das suas estruturas económicas ao tipo de planificação prescrito pelas directrizes da Rússia.

Duma forma geral, o bloco de países do Leste continua a dispensar à industrialização o melhor dos seus esforços, ao mesmo tempo que procura adaptar a agricultura - que durante séculos foi o factor económico dominante nestes países - a uma colectivizaçíto que encontra, por parte dos camponeses, as maiores resistências, cifradas, aliás, nos baixos rendimentos unitários alcançados.

Toda a economia do bloco soviético parece, pois, ser orientada no sentido de integração. O seu pólo director é a Rússia, em ordem ao qual todos os países satélites procuram ajustar os seus planos de desenvolvimento.

As dificuldades que resultam das condições especiais das economias destes países são manifestas. Relembre--se que os países da Europa Central e do .Sudeste foram tradicionalmente o celeiro da Europa, e o seu equilíbrio residia fundamentalmente na corrente de trocas que mantinham com as regiões da Europa industrializada, nomeadamente com a Alemanha, seu principal fornecedor e cliente durante muitas décadas.

A secunda guerra mundial alterou profundamente o sentido -de equilíbrio dado por aquela corrente de trocas: a Alemanha desapareceu durante anos como potência industrial, e os países da Europa agrária, fixados na órbita da economia russa, viram desaparecer, com ela, os mercados para onde escoavam os excedentes normais das suas produções agrícolas.

O processo de industrialização, em que esses países .se estão lançando, não foi, portanto, ditado apenas pela necessidade de promover o seu desenvolvimento económico, a .partir de níveis que eram, antes de 1939, dos mais baixos da Europa; tem, sobretudo, como objectivo fundamental ocorrer à situação criada pelas profundas alteraçõe-f das ooiTt-ute-s do troca, resultantes do último uiuflito mundial.