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152 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 173

A maior revelação foi o interesse que despertou entre o professorado, que assistiu atentamente a todas as lições, manifestando uma grande vontade de adquirir conhecimentos e de se esclarecer sobre variados problemas da exploração agrícola.
Em face da experiência realizada, permito-me concluir que a colaboração da classe do professorado primário, estabelecendo contacto com os serviços técnicos, pode produzir os mais profícuos resultados.
Sr. Presidente: é nosso desejo elevar o nível de vida da população rural, e é possível obter uma certa melhoria promovendo o seu aperfeiçoamento técnico e uma mais destacada acção social.
Nas regiões onde predominem em grande número os pequenos produtores a cooperação tem um importante papel a desempenhar, e este problema não pode ser alheio a uma decidida acção de aperfeiçoamento técnico e melhoria das condições económicas da exploração agrícola. É sobretudo na industrialização dos produtos agrícolas, na sua armazenagem e conservação que melhor se podem observar os seus benéficos efeitos. Temos como exemplo bem vivo os benefícios que têm resultado das adegas cooperativas, onde se observa um melhor aproveitamento dos subprodutos da vivificação, no mesmo tempo que a qualidade e a garantia de conservação dos vinhos dá confiança aos agricultores. Diz-se que os nossos agricultores não têm espírito cooperativo, mas não creio que assim seja. Eles o que não têm é educação cooperativa, mas, uma vez feita a demonstração e verificados os bons resultados, aceitam bem estas sociedades. Como disse, o que é preciso é dar-lhes educação cooperativa.
Um outro ponto que interessa focar é a necessidade de o agricultor obter crédito em condições facilmente acessíveis. Sem o crédito não e possível imprimir um rápido aperfeiçoamento dos seus sistemas de cultura.

Três coisas são necessárias a um lavrador para desenvolver a sua empresa agrícola: instrução, dinheiro e crédito. Instrução, para cultivar melhor os seus campos; dinheiro, para conseguir os meios de cultivá-lo, e o crédito, para obter o dinheiro.

Sr. Presidente: no parecer da Gamara Corporativa sobre o Plano de Fomento, de 6 de Novembro de 1952, é feita em considerações complementares uma desenvolvida apreciação dos elementos-base a considerar num plano de desenvolvimento agrícola, pecuário e florestal que o tempo não me permite enumerar, mas cujas conclusões merecem ser atendidas e focam muitos dos aspectos anteriormente referidos.
Sr. Presidente: no caso da Madeira observa-se que o consumo de adubos químicos, em quilogramas por hectare de superfície agrícola, tem crescido bastante nos últimos anos. e no ano de 1955 atingiu: 23 de azeito, 23 de anidrido fosfórico e 40 de potassa, totalizando 86 kg por hectare.
Deste modo a Madeira situa-se entre os territórios que têm maior consumo de adubos químicos por unidade de superfície, embora esteja ainda muito longe de atingir as quantidades consumidas pela Holanda e pela Bélgica.
Este elevado consumo deve-se sobretudo ao emprego das técnicas adequadas à cultura da bananeira, que se podem considerar perfeitas. Depois, os bons resultados obtidos na adubação desta cultura têm contribuído muito para a sua generalização a nutras. Por outro lado, a indicação das fórmulas equilibradas dos adubos mais adequados a cada cultura, fornecida pelos serviços e distribuída em publicações de vulgarização, completada pela acção do Grémio da Lavoura e das empresas que realizam o comércio de adubos, preparando misturas de composição equilibrada, tem contribuído para um mais largo emprego.
A intensificação do regadio, em resultado das obras dos aproveitamentos hidráulicos, e o maior desenvolvimento das culturas hortícolas têm proporcionado também um crescente emprego dos adubos químicos, os quais, como tem sido sempre recomendado, implicam a aplicação da matéria orgânica e de calagens nas doses convenientes.
Temos obtido alguns progressos, mas estamos ainda muito longe de atingir o objectivo, o que implica a necessidade de prosseguir e ampliar o plano de estudos e experimentação.
No que respeita à defesa sanitária das plantas, tem-se intensificado a campanha fitopatológica e estão em estudo algumas doenças da videira, de grande importância económica, com a colaboração e orientação da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas.
No fomento pecuário muito há a realizar; porém, as campanhas de saneamento dos bovinos leiteiros têm produzido bons resultados, e pretende-se generalizá-las a todo o efectivo pecuário, sempre com a colaboração e orientação da Direcção-Geral dos Serviços Pecuários.
Com a intensificação dos serviços de divulgação agrícola agora anunciada esperamos dar novo impulso aos serviços de assistência técnica da Estação Agrária da Madeira e, para tanto, coutamos que as medidas propostas sejam extensivas àquele distrito, exercendo a Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas uma mais intensa actuação, pela sua competência na orientação e fiscalização dos serviços. Parece conveniente a existência naquela Direcção-Geral de uma secção que centralize e coordene todos os assuntos respeitantes aos distritos insulares.
Sr. Presidente: para um aspecto especial que respeita ao condicionamento da cultura da cana sacarina e, de certo modo, à preparação e comércio de vinhos, desejava fazer sentir a conveniência de ser alterado o regime que os subordina, por não o considerar adequado às circunstâncias actuais. De facto, a orientação económica e o condicionamento da plantação de cana sacarina estabelecido pela Alfândega do Funchal não se coadunam com as necessidades presentes. A orientação económica da agricultura madeirense tem de ser estabelecida no seu conjunto, e também a defesa da qualidade e a orientação da exportação do vinho da Madeira precisa de ser realizada através da delegação da Junta Nacional do Vinho, onde, a par dos serviços técnicos, estão representadas as actividades interessadas neste problema.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. A próxima sessão será amanhã, à hora regimental, com a mesma ordem do dia de hoje.
Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 30 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
António de Almeida.
António Calheiros Lopes.
António Camacho Teixeira de Sousa.
Artur Águedo de Oliveira.