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29 DE MARÇO DE 1957 479

Essa negra nuvem de violências e crimes que, vindo das bandas da União Indiana, ainda paira sobre Goa, Damão e Diu tem também a sua fímbria de prata, que consiste no revigoramento da vitalidade das suas populações.
Na verdade, as perseguições da União Indiana têm sido um forte estímulo para a nossa economia, mediante o estreitamento das relações comerciais e marítimas com outros territórios de Portugal e ainda outros países, que virão substituir gradualmente aquela recente nação, que procura subjugar-nos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Em 1949 exportaram-se cerca de 2 milhões de rupias de minério de ferro e manganês.
Estas exportações, de aumento em aumento, e numa ascensão vertical, atingiram, em 1956, cerca de 60 milhões de rupias.
Com o auxilio de Deus, com o nosso acrisolado amor pelo torrão pátrio e fortemente apoiada no regime de Salazar, Goa vai-se integrando nas grandes correntes do comércio internacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-O próprio porto e caminho de ferro de Mormugão, que as autoridades da União Indiana tentaram paralisar na noite de 31 de Dezembro de 1955, e que fora noutros tempos um cancro para o Tesouro central e para nós uma fonte de humilhações, tem de suportar agora, apesar de desligado das linhas da União Indiana, um tráfego quatro vezes maior que o anterior.
Em 1951 a exportação atingira 1300 t por metro quadrado de cais, ou seja saturação completa, que obriga a fazer os carregamentos no mar.
Paralelamente ao incremento da indústria mineira e consequente desenvolvimento do caminho de ferro e porto de Mormugão, estão em curso obras importantes, custeadas umas pelo orçamento da província e muitas outras pelo orçamento da metrópole, num ritmo e volume não conhecidos dantes em Goa e que demonstra não ser vã retórica a repetida afirmação de que «a Nação é a mesma em todas as partes do Mundo» e de que nas horas de perigo ou de desgraça as forças de todos são uma só força-que é Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Já estão em funcionamento, como se sabe, os aeroportos de Goa, Damão e Diu. Inaugurou-se há dias, como disse, a grande obra de abastecimento de água, essa que os pseudolibertadores de Goa tentaram inutilizar.
Estas obras, além dos enormes benefícios de ordem material que trazem a Goa, constituem boas escolas de treino e preparação da gente nelas ocupada, para uma economia autónoma que a riqueza do subsolo garante.
Milhares de pessoas aprendem novos métodos de trabalho nos escritórios, nas oficinas e nas obras da Luso-Dana, da Docenei e dos outros organismos e entidades que têm a seu cargo edificações e reparações que fervilham por todos os territórios que constituem o Estado Português da índia.
Isto vem para mostrar que a fímbria de prata da nuvem das atrocidades da União é o evidente despontar da economia autónoma de Goa, Damão e Diu e a própria preparação da sua população para a gozar digna e livremente, na fidelidade ao Estado Português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Ora o Primeiro-Ministro, Sr. Nehru, conhece tudo isto. Sabe que o bloqueio falhou psicológica e economicamente e que Goa não é teatro de qualquer fenómeno colonial, mas uma província portuguesa como outra qualquer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-De modo que, interpelado no Parlamento sobre «qualquer acção futura» em relação a Goa, perturba-se - quem semeia ventos colhe tempestades - e dá respostas que, embora ambíguas, mostram que o chamado «caso de Goa» foi um artifício para encobrir um pensamento que depois revelou em Bandung.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Como se sabe, a Conferência de Baudung teve por objectivo principal combater os países genericamente chamados ocidentais.
Entrevistado por Tibar Mende, o Sr. Nehru disse que a força asiática não os pode atacar, mas pode criar condições que tornem as coisas difíceis para qualquer deles.
Se, com a afirmação de que é inevitável a inclusão de Goa no seu território porque essa província portuguesa é essencialmente importante para a União Indiana, o seu Primeiro-Ministro pretendeu tornar pela intimidação «as coisas muito difíceis» para Portugal, então direi que tomaremos o aviso em devida conta e multiplicaremos as nossas forças para a defesa do direito e da justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Mas se essa afirmação tem na base, segundo me parece, além da ameaça aos países ocidentais, a ideia de que o Governo da União é o representante do subcontinente indiano, com o direito de esmagar países que, por um defeito da vista, lhe pareçam borbulhas na face da Península Indostânica, então que, além dos países ocidentais, outros países da Península, designadamente Ceilão, vejam onde está o seu interesse, o seu direito e o seu dever.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Seja qual for o alcance das afirmações que venho comentando, uma coisa afigura-se-me certa: os Deputados da oposição não se cansarão de bombardear o Sr. Nehru com o chamado «caso de Goa», que ele inventou para outros fins, enquanto não encontrar uma saída para ele.
No seu discurso de 12 de Abril de 1954, sobre Goa e a União Indiana, o Sr. Presidente do Conselho, reconhecendo que seria difícil fazer chegar aos espíritos independentes da União uma palavra desapaixonada, dizia o seguinte:

Apesar de tudo, falarei, porque parece indispensável não deixar dissolver-se no azedume das paixões a essência de problemas sérios na vida e relações dos povos e porque, enfim, nunca se sabe onde pode ecoar uma voz, ainda que sob a impressão de clamar no deserto.

Pois, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a voz do Sr. Presidente do Conselho teve eco na Índia do Sr. Nehru.
O Diário de Noticias de 7 do corrente transcreve passagens de uma carta aberta ao Sr. Nehru, escrita por um concidadão seu e publicada num jornal de Bombaim.