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6 DE ABRIL DE 1957 589

Pêlos temas que vão ser estudados, com base nos inquéritos industriais, relatórios e comunicações a apresentar poios congressistas, entre os quais certamente figurará o escolhilos nossos industriais e economistas, e pelas concliisnes a que se chegará nas várias secções de trabalho, temos motivo para esperar do Congresso da Indústria importante resultados para a economia nacional.

Quanto a mim, estou convencido de que dessa cooperação de industriais e economistas, traduzida harmònicamente na colaboração da teoria com a prática, advirão, entre outras vantagens, ideias úteis sobro a forma de ampliar, dentro do nosso território, o consumo de artigos nacionais, pois produzir e consumir constituem factores essenciais que devem assinalar n ritmo do desenvolvimento económico.

O País necessita de prosseguir intensivamente na sua industrialização, para aliviar o crescente excesso demográfico prevalecente no meio rural e dar maior e melhor emprego à população urbana, visto que o aumento de população implica a necessidade de paralelo aumento das oportunidades de emprego.

É sabido que cada emprego requer o investimento de determinada quantia, de forma que o crescimento da população exige um aumento simultâneo e equivalente dos investimentos.

Vozes: — Muito bem!

O Orador:— Torna-se necessário que o consumo se intensifique de forma sempre crescente, como elemento básico da consolidação da indústria e do seu desenvolvimento futuro.

Nunca como agora foi tão urgente que tomássemos consciência da necessidade de criar e fortalecer o mercado interno.

A ameaça de movimentos nos mercados internacionais e os excedentes de produção de alguns artigos representam para o País o aviso de que se deve proteger sempre com a maior decisão o consumo interno, assim como alentar, ainda que a custa de sacrifícios, o desenvolvimento da indústria nacional, em benefício do nosso equilíbrio económico. E, assim, não basta produzir, mesmo nas melhores condições e com os mais aperfeiçoados maquinismos; é ainda necessário colocar a produção.

Ora, neste aspecto do problema, seria falso pensar que os mercados constituem entidades rígidas, às quais a produção deve adaptar-se. Numa eficiente orientação económica criam-se, modificam-se, ampliam-se os mercados, tal como só criam, em certa medida, as necessidades.

Esta verdade oferece especial aplicação prática no caso português, em que existem enormes possibilidades de interpenetração e acordos entre os mercados e fon-ías de produção metropolitanos e ultramarinos, aproveitando o mais possível as matérias-primas desses territórios e fortalecendo cada vez mais a coordenação indispensável entre a metrópole e o ultramar.

E assim, de forma geral, os problemas de distribuição que se pitem às economias modernas adquirem para o industrial uma importância cada vez maior. Enquanto que no aspecto da produção o progresso permite que as empresas melhorem o seu rendimento de forma por vexes considerável, acontece com fre-quOncia que os serviços comerciais trabalhem ainda com métodos muito empíricos e não tomem suficiente consciôncia das possibilidades abertas pelas modernas técnicas de venda.

E-se mesmo tentado a afirmar que, no actual estado da economia, o problema não é, ou não é apenas, produzir, mas também vender o que se produz ou, melhor, produzir o que pode ser vendido.

E, então, há que perguntar: que bens deveremos produzir e como se deverão empregar para a obtenção desses bens os recursos económicos disponíveis?

Penso que uma das primeiras coisas a estabelecer é quo devemos trabalhar no sentido de nos bastarmos a nós próprios em tudo o que racional e economicamente as condições de produção e de consumo o indicarem.

Mas como interpretar isto e quais os meios adequados para o conseguir?

Creio ser esta a resposta: bastar-nos-emos quando, tendo em conta as nossas características próprias e possibilidades, aproveitemos os nossos recursos humanos, técnicos e materiais, suprindo as nossas deficiências com um razoável e adequado intercâmbio com o exterior, de tal forma quo nos permita alcançar vida melhor e mais humana para todn a população do Pais.

Vozes: — Muito bem!

O Orador:— Trata-se, pois, essencialmente, de conseguir uma produção eficiente, para o que é necessário contar com um mercado de certa amplitude, não apenas quanto ao número de consumidores, mas também quanto ao seu poder de compra.

Uma e outra destas necessidades acham-se ligadas ao problema da produtividade, dependente este último, por sua vez, entre outros factores, do esforço a realizar para possuirmos mu equipamento ao nível das outras potências industriais, assim como da preparação técnica indUpensúvol para o desenvolvimento dessa me*ma produtividade.

Os progressos técnicos constituem uma condição essencial para a expansão da economia e para a redução dos custos. Eles são, portanto, também o único fundamento sólido para o melhoramento do nível de vida, principalmente para os assalariados.

Vozes: — Muito bem!

O Orador:— Esta legítima esperança não deve apagar-se pelo receio de que uma rápida modificação das estruturas industriais provoque uma diminuição do emprego. O progresso técnico cria sempre no conjunto duma economia mais emprego do que suprime.

Não se trata somente de elevar os rendimentos por hora-homem, pois é igualmente importante criar condições que permitam incorporar dentro do processo produtivo cada vez maior quantidade de trabalhadores.

Não poderíamos considerar adquirido um saudável desenvolvimento económico se o incremento da produtividade por hora-homem fosse alcançado reduzindo o volume de ocupação da mão-de-obra.

Pelo contrário, devemos procurar conjugar os esforços para elevar u produtividade, mas de uma forma que aumentem as oportunidades de emprego geral. Assim se conseguirá duplamente fazer subir o volume da produção, como o País necessita com urgência: pelo maior rendimento de cada agricultor, de cada operário, de cada empregado, de cada técnico — e pela incorporação de novos braços no ciclo da produção nacional.

Vozes: — Muito bem !

O Orador:— Esta é a evolução desejável. E há que reconhecer que se está verificando entre nós em todos os sectores, sobretudo nos que representam o fomento dos bens inerentes à real elevação dos níveis de vida, dos sistemas de trabalho e dos esquemas de organização, etc.

Da melhor utilização da maquinaria, dum mais eficiente aproveitamento de tempo do trabalhador rural e urbano, da mais perfeita adaptação dos bens de produ-