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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 203 (698)

coordenação necessária, assegure continuidade séria à obra a realizar e faculte mu melhor aproveitamento dos homens.

O Sr. Camilo Mendonça: - Muito obrigado pela concordância de V. Ex.ª Como deve ter verificado, nem na tarefa colectiva deixei de falar.

O Orador: - Discordamos, possivelmente, em algumas conclusões. nos pormenores ou nos processos, mas basta estas ideias comuns para nos unir e levar -a par de VV. Ex.ª todos, aliás- à confiada esperança nos resultados dos trabalhos que o Governo há-de realizar para levar a cabo tão transcendente tarefa.
E o problema não surgiu nesta Câmara -onde, quanto a mim, interessa que estes problemas se levantem e se discuiam rom sl maior largueza- num momento em que uma indiferença marcasse um sentido de estagnação da política económica para o futuro; basta ver. para o desmentir, a estruturação, já publicamente anunciada, do Plano de Fomento para 1959/1064, delineado de forma a satisfazer os objectivos seguintes:

«) Aceleração do ritmo de incremento do produto

nacional; fc) Melhoria do nível de vida;

c) Ajuda u resolução dos problemas do emprego;

d) Melhoria da balauç.ª metropolitana de pagamentos.

Trata-se duma contribuição uotabilíssima para a economia nacional e onde exactamente se não tugiu a apontar as realidades, nem sempre agradáveis de momento, para si; mostrar o que é preciso fazer e como se vai trabalhar.

Destrutivo serin. portanto, separar a fotografia do presente de quanto, atendendo a ela. se vai realizar para o futuro, exactamente por se reconhecer as possibilidades (jiu> temos, embora sem menosprezar as dificuldades quu nos cercam.

Há em todo esse Plano uma corajosa análise do que ainda somos e do que podemos ser. (pie o Sr. Ministro da Presidência não fugiu a fazer publicamente, rom o fim construtivo que o próprio Plano contém; pelo que me respeita, procurei unicamente trazer aqui uma achega no fito de. levar o Governo a ponderar em certo.s aspectos de falta de organização, de precária coordenação, de insistência de hesitações e de demoras, que. encaradas também com entusiasmo e com fé, desbravarão muito terreno bravio, contra o qual o Plano em causa pode embater na sua marcha, em prejuízo de todos.

Vou terminar, Sr. Presidente, perguntando a mini próprio se no fundo de toda esta discussão que- aqui.se deu não reside muito mais uma divergência quanto a formas para o futuro do que uma divergência de análise para o presente?

Observarei sòmeilie o seguinte:

Quando c.-til em plena, actualidade a constituição do Euromercado, que Miscita uma série de problemas de transcendente interesse económico e social, tudo indica que no quadro nacional e dentro do próprio regime se assinalem os conceitos que podem servir a que o nosso sistema político se defenda, sem perda dos seus mais sagrados e defensáveis direitos, no plano da integração europeia que se esboça.

Enquanto a Europa, no reconhecimento das exigências que lhe impõe a conjuntura económica mundial. só adapta íi evolução, prosseguindo um movimento de rectificação dos sous conceitos clássicos, que noutros tempos lhe deram o predomínio da economia e o primado da cultura, parece-imperioso que todos -gover-

nantes e governados- tomemos a consciência dos problemas suscitados em face d.i viragem da história europeia em que temos necessariamente de participar.

Vozes: - Muito bem}

O Orador: - Ora é necessário reconhecer também que a economia europeia se procura exactamente integrar num movimento essencialmente expansivo, sob o signo do fomento e da produtividade, em demanda dum sentido espacial, de tal forma que importa encontrar novas dimensões de mercado onde possam germinar e florescer as iniciativas e os empreendimentos dos nossos dias, que exigem, pelos avanços da ciência, da técnica e da comercialização, vultosos investimentos.

Parece assim ser indispensável agitarem-se entro nós os respectivos problemas no plano político, em ordem a significar que o regime actual carece de reajustar a sua política económica, no sentido de a integrar ua concepção que estamos a ver adoptada, pela Europa, em que nos situamos.

Convém despertar, portanto, os espíritos impregnados dum convencionalisnio perigoso, pela afirmação di> princípios que se podem plenamente integrar ua nossa concepção política, numa perfeita harmonização com as exigências económicas e sociais da nossa época; só assim contribuiremos construi i vãmente para a actualização pró-económica do regime, em face das realidades impostas pela própria vida internacional.

E só assim poderemos reconhecer demonstrativamente o seu vigor e a sua presença pelo facto de o podermos considerar, não como sistema que realizou a sua obra detriro de formas que não mudam, mas como sihtema que tem conteúdo suficiente para ir procurando, sem desvios dos seus melhores princípios doutrinários, as formas económicas mais adequadas ao momento.

Vozes: - Muito bem l

O Orador: - Não poderemos esquecer, particularmente nesta conjuntura tão grave da economia mundial, que em política não há fórmulas únicas, porquit a política é a vida e a vida é. por definição, um termo de variedade que tem ua política por natural suporte a própria personalidade humana.

Teimar na manutenção duma fórmula inadaptável à evolução da própria vida é um perigo para a própria vivência, visto não podermos esquecer que tudo o que nela pode existir de estático não consegue interessar ao que a política e a vida têm, na realidade, de dinâmico.

Sr. Presidente: aceilo tranquilamente a crítica daqueles que possam, por razões de inteligência e de saber, enconlnir no meu aviso prévio uma expressão de modificações estruturais que os perturba, seja porque as acham demasiado ousadas, seja porque, ao contrário, as encontram ainda demasiado tímidas.

Km compensação, o que sinceramente- me confrange é sentir que. neste momento, ainda há uns tantos que esquecem o choque entre as concepções passadas e aquelas que poderíamos chamar de vanguarda económica.