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232 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 76

O aumento da população escolar tem criado dificuldades aqui e no estrangeiro, dificuldades que se agravarão se não forem feitas previsões a longo prazo e servidas por amplos meios. Para evitar estrangulamentos, haverá que prever com acerto e com tempo. Ao falar de dificuldades no estrangeiro, vem-me à memória o que se está a passar na Sorbona, com todo o seu poder irradiante no campo da cultura, onde os alunos se encontram actualmente numa situuação de vida escolar difícil
No semanário Jours de France de Novembro de 1958 vinha uma entrevista com uma aluna, ilustrada com fotografias de uma greve de professores e alunos da Sorbona. Entre essas fotografias vinha uma com os alunos sentados nos parapeitos das janelas, nos degraus, etc.
Queixavam-se eles de dispor de um lugar para cinco alunos, de um professor para quinhentos alunos e de que cada aluno só podia utilizar a biblioteca por duas horas.
Mas este caso de modo nenhum justifica demoras para resolver as nossas dificuldades.
Entre nós, a conclusão da Cidade Universitária virá resolver a situação, se for feita com vistas largas e olhando ao futuro.

O Sr. Vasques Tenreiro: - Já que vem à baila o programa da Cidade Universitária, eu desejava apoiar as considerações do Sr. Deputado Virgílio Cruz, porque, se a obra da Cidade Universitária deve, na verdade, considerar-se grandiosa, o facto é que, pelas razões já aduzidas pelo orador, se verificaram deficiências, como, por exemplo, as referentes a número de aulas, que não estão de acordo com a frequência de alunos de ama das Faculdades já instaladas.
Quer dizer: trata-se de uma concepção grandiosa, de um plano amplo, que pela primeira vez se realiza neste pais, cujo significado marcará, certamente, uma época; não obstante, é de desejar que as comissões ou o grupo de pessoas encarregadas da realização do plano ponham o máximo cuidado na sua execução, a fim de. que os edifícios, logo de inicio, não pequem por carências, que devem ser apontadas e criticadas.
Eu queria frisar o seguinte: a obra da Cidade Universitária é uma grande obra, e importa que, de futuro, os novos estabelecimentos, cuja construção vai seguir-se, sejam planeados com o rigor que faltou a alguns dos que já estão a funcionar.

O Orador:-Estou inteiramente de acordo com V. Ex.ª
A eficiência deste nosso novo Instituto dependerá directamente da qualidade dos cientistas que nele venham a trabalhar e indirectamente da eficiência do nosso ensino superior.
Precisamos de dedicar à escola o máximo de interesse, como factor essencial de progresso.
As despesas públicas no ensino e na investigação tora vindo a aumentar progressivamente nos últimos anos e há várias medidas que mostram com eloquência a intensificação do esforço que se esta a levar a cabo no sector da instrução. Sabemos que, se ò número de escolas técnicas não tem aumentado em maior ritmo, não é por dificuldades financeiras nem por falta da melhor das vontades para o fazer, mas, se o ritmo desse aumento não pode ser tão acelerado como o queria o Ministro da Educação Nacional e como convinha à Nação, é por falta de pessoal docente, principalmente nos grupos técnicos, falta que afecta também outros sectores do ensino. Haverá que criar incentivos para debelar a escassez de candidatos ao professorado, principalmente nos grupos técnicos, atrair às carreiras docentes e conservar nelas os melhores, por meio de recompensas materiais, prestigiando e dignificando a função e reconhecendo à docência a importância social da alta função que desempenha.
Na valorização da nossa gente, no alargamento da infra-estrutura humana necessária às grandes tarefas do futuro, muito terão a fazer as nossas Universidades e escolas, as instituições especializadas como o Instituto Nacional de Investigação Industrial e a indústria em geral, colaborando na formação profissional.
A indústria pode e deve, no seu próprio interesse, ter um papel relevante, facilitando estágios e contribuindo para o apetrechamento de laboratórios. A elevação do nível profissional e cultural da Nação terá fortes reflexos no desenvolvimento geral do País. A Universidade não pode ser apenas cátedra de ensino teórico, mas carece também de centros onde a investigação se pratique como actividade normal com fins pedagógicos, para a formação de investigadores, difusão do espírito de investigação e aperfeiçoamento dos métodos e das técnicas de investigação.
A Universidade formará investigadores e fará investigação fundamental.

O Sr. José Sarmento: - V. Ex.ª permite que novamente o interrompa?
Os assuntos que V. Ex.ª tão brilhantemente está a tratar estão tão de perto relacionados com alguns que aqui tenho tratado que me vejo obrigado a acrescentar mais uma nota, socorrendo-me das afirmações feitas recentemente pelo magnifico reitor da Universidade de Lisboa.
Disse o reitor: «Na Universidade moderna é impossível deixar de praticar a investigação como actividade normal e intrínseca animada de fins pedagógicos. Trata--se, em geral, de uma pesquisa desinteressada, mas nada impede que tenha fins utilitários; o que a caracteriza é o facto de nela se dar uma importância capital à formação de investigadores».
Estas palavras sintetizam lapidarmente qual deve ser o papel das Universidades nesse domínio.

O Orador:-Agradeço o seu brilhante depoimento e sobre isso posso dizer que esse problema foi cuidadosamente examinado pela O. E. C., que para o sen estudo nomeou duas comissões: uma visitou várias instituições na Alemanha, França, Itália, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Suécia e Grã-Bretanha; a outra visitou os Estados Unidos da América e o Canadá.
Nas suas, conclusões foi considerado que a investigação aplicada era de interesse nas escolas tecnológicas e nas Universidades, para estimular a inteligência dos mestres e preparar os estudantes para as futuras profissões. Mas recomendava a necessidade de limitar tal intervenção da Universidade, sem perder de vista que a sua função-base consiste no ensino, na formação de investigadores e na investigação fundamental.
É preciso que as nossas Universidades recebam novos meios de acção, para que consigam, com a dedicação e esforço do sen pessoal docente, formar profissionais qualificados e interessados na investigação.
O novo Instituto constituirá precioso meio onde, pacientemente, dia a dia, com base no mais largo estudo, ponderação e investigação, serão atacados os diferentes problemas que interessam à vida das diferentes indústrias - problemas científicos e tecnológicos- e até às questões das relações humanas no trabalho, para poder servir igualmente a grande, a média e a pequena empresa. A escola da vida, aliada a uma formação profissional intensa, mostrará as melhores soluções para as necessidades objectivas e práticas das nossas empresas.
Na formação dos quadros é preciso ter sempre presente que a produtividade de quadros eficientes, embora