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900 DIÁRIO DAS SESSÕES. N.º 117.

os nacionalistas a quem a fé nunca abandonou e que, por isso, se mantêm firmes mas vigilantes na defesa da doutrina, na essência da sua pureza.

Vozes: -- Muito bem!

O Orador:-Trazemos ainda os olhos maravilhados da beleza desse dia e o coração inundado de intima e consoladora satisfação e da mais reconfortante certeza na vitalidade dos princípios que defendemos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os quatro milhares de pessoas que rodearam o Ministro da Presidência nessa tarde devem ter-lhe deixado, além da impressão de presença, a de continuidade da obra a que há trinta anos se lançou ombros, porque entre o escol entusiasta que ali se reuniu havia a gratidão dos que têm gozado a paz, a ordem é 9 prestigio português da era de Salazar e também a esperança numa juventude a afirmar inequivocamente o seu inabalável propósito de cerrar fileiras em defesa das verdades eternas que são as nossas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Devemos a esses rapazes a palavra de reconhecimento pelo exemplo admirável que a todos nos deram e pela hora de exaltação que nos proporcionaram viver; e ao Dr. Pedro Teotónio Pereira, além da distinta honra da sua presença, há que agradecer a coragem moça das suas afirmações,- a convicção que lhes imprimiu, o poder de atracção que a sua fidelidade exerce nas almas da gente nova, sequiosa de atitudes de grandeza moral.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Estamos certos de que o calor das manifestações que o nome do Sr. Presidente do Conselho suscitou e a garantia dos sonhos desinteressados de uma juventude entusiasta ao serviço de grandes ideais hão-de ter largamente compensado o sacrifício da deslocação ao Porto do Dr. Teotónio Pereira, como não pode ter deixado de o impressionar a sinceridade do acolhimento de que foi alvo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Tudo sintomas de impressionante nitidez de uma cruzada de resgate, que, por necessária, recomeça, mais viva e com maior ardor, a afirmação insofismável da vontade dos Portugueses de que a Revolução continua, o nosso próprio reencontro nos seus objectivos e na sua alta finalidade.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente:- Continuam em discussão na generalidade a proposta e os projectos de lei de alteração a Constituição Política.
Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Gomes.

O Sr. Agostinho Gomes: - Sr: Presidente: difícil e árdua é a tarefa de governar os povos. Nem todos os que são chamados, ao Poder ou nele se alcandoram têm as qualidades requeridas para o bom desempenho da sua missão.
A par dos dotes de privilegiada inteligência servida por uma magnanimidade de coração não pode faltar aos governantes uma clarividência, que chamaria quase profética, pela qual antecipadamente conhecem e a tempo resolvem os problemas que virão a surgir da evolução natural dos acontecimentos e factos.
As mudanças bruscas de governo e de regimes, com o sen, por vezes, longo calvário de consequências, provêm sempre da falta de previdência política dos que seguram as rédeas do mando.
Invocarem-se as lições boas e más do passado, com intenção de prevenir o futuro, não e suficiente quando se esquecem ou menosprezam as realidades do presente.
Convém remexer as cinzas da história, porque nelas vamos encontrar e sentir ainda o calor da alma que animou heróis ou descobrimos com repulsa, a peçonha que infamou traidores; mas tudo isso, que é muito, torna-se pouco perante uma multidão cheia de anseios. Há que ter estes sempre em conta para os satisfazer quando justos, para os orientar quando desordenados, para os contradizer quando malsãos.
Os regimes, por melhores que sejam as perspectivas do presente e por maiores que tenham sido as passadas realizações, não podem estagnar, a menos que queiram criar um clima propício ao desenvolvimento dos miasmas da sua própria corrupção e morte.
Os condicionalismos do tempo imperam sobre os estados, como sobre os indivíduos, com tal violência que se impõem, de vez em quando, na vida política, o ajustamento de princípios, a revisão de fórmulas, a reforma de instituições. Mal dos governos e dos povos que não cedem a tais exigências resultantes da marcha impetuosa e lógica dos acontecimentos.
Foram esses condicionalismos que determinaram se tornasse constituinte a nossa Assembleia.
Em face de circunstâncias várias e em ordem ao bem comum vai a Câmara retomar em suas mãos a lei fundamental do País para nela modificar, suprimindo ou acrescentando, o que julgar mais conveniente aos interesses da Nação.
E digno de todo o louvor o Governo pela proposta apresentada e merecem o nosso maior apreço os projectos dos ilustres Deputados.
Sagrado e delicadíssimo encargo pesa sobre nossos ombros e mais em nossas consciências!
Se a alguns podem interessar dialécticas mais ou menos aparatosas, a nós só nos devem preocupar as razões nacionais coordenadas com a missão histórica de Portugal no Mundo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Cônscios da nossa gravíssima responsabilidade, creio, Sr. Presidente, que do espírito de todos os meus Exmos. Colegas, como do meu, se eleva um pensamento até Deus a pedir-lhe ajuda e protecção paru o trabalho que vamos realizar, na certeza de que toda a Nação nos secunda nessa prece.
Teria poupado esta Assembleia de me ouvir neste debate em que são tratados problemas de política e direito constitucional, para cujo estudo não tenho a suficiente competência, se não fosse a posição tomada pela Câmara Corporativa sobre um ponto fundamental na hierarquia de valores que sempre na vida devemos observar e manter.
Pelo artigo 1.º do projecto de lei n.º 23, subscrito por dez ilustres Srs. Deputados e por mim, pretende-se