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1056 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 126

O Orador:-Quero crer que fossem estrangeiros ou portugueses já desnacionalizados os que assim procederam, pois não se concebe que cidadãos nascidos em Portugal e ciosos da sua nacionalidade tentassem perturbar a recepção àquele que, não sendo chefe de partidos ou facções, é o legitimo Chefe da Nação e símbolo da Pátria, como tal reconhecido em todas as parcelas do Império e por todas as nações do mundo civilizado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Braga, capital da província, onde Portugal se afirmou como pais livre e independente e onde sempre os Chefes do Estado são recebidos com entusiasmo indescritível e carinho inexcedível, não faltou agora à sua tradição, e eu pude ler no rosto do homenageado a emoção produzida pelas almas em fogo de todos os bracarenses nos suas vibrantes e sentidas manifestações.
Pára tal também muito contribuiu a personalidade de S. Exa., cujo rosto traduz fielmente a bondade dos homens do mar e a serena firmeza dos que estão habituados a enfrentar as vicissitudes inerentes às altas missões que lhes são confiadas e de que se desempenham com a alegria do integral cumprimento do dever.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Também se apreciou, em larga medida, o facto de o Chefe do Estado fazer em todas as emergências o rasgado elogio do grande obreiro da Revolução Nacional ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... elevando-se mais ainda na estima de todos e no conceito geral.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Eis, Sr. Presidente, em poucas palavras, o que desejava dizer para exprimir os sentimentos dos habitantes dessa ridente região, que com orgulho me honro de aqui representar e onde o terreno é sáfaro para a sementeira de doutrinas que não exprimam o amor a Deus, à Pátria e à família.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Duarte do Amaral: - Sr. Presidente: chego do Norte para me dirigir quase directamente a esta Assembleia, e faço-o com os olhos ainda cheios da beleza da minha província natal e com o coração transbordante de alegria pela forma apoteótica como ali foi recebido o venerando Chefe do Estado.
O carinho das populações das vilas e das cidades, dos campos ou das fábricas, o entusiasmo patriótico de populações inteiras que vieram para as estradas ou para as ruas saudar o Sr. Almirante Américo Tomás, só foi igualado pela gentileza do Sr. Presidente da República para com o povo e pelo seu espirito de sacrifício ao suportar uma viagem tão longa e com programa tão denso, sempre com o melhor sorriso e atendendo aos ricos e aos pobres com igual afabilidade.
Em Gaia, no Porto, em Santo Tirso ou Famalicão, em Braga ou em Guimarães, em Fafe ou em Felgueiras, na região de Basto, em Barcelos ou Viana do Castelo, em toda a parte por onde passou, o Sr. Presidente da República deixou um luminoso traço de simpatia; criou poderosos elos de amizade que largamente concorreram ou vão concorrer para cimentar mais firmemente a união entre os Portugueses, como em soleníssima cerimónia no Paço dos Duques pediu o Primaz das Espanhas.
Interessou-se o Chefe do Estado, apesar do carácter festivo da viagem, pelos problemas dos povos e das terras onde esteve, visitou hospitais e obras e inaugurou melhoramentos de alta importância.
A central térmica, o Hospital de S. João, a barragem da Paralela e o Paço dos Duques, cada um, só por si, requeria, na Verdade, tão alta presença.
Todos têm grande projecção na vida nacional, e o último, o da minha terra, não será, em meu conceito, o de menor significado.
Foi o Paço «aquele sumptuoso edifício» mandado construir pelo infante D. Afonso, filho .dê el-rei D. João I. Príncipe culto e viajado, dado às letras e às artes, o ambicioso infante construiu aquela enorme e magnifica fábrica sem quê se saiba como nem por quem foi dirigida a obra que tanto amou.
Com a rápida passagem dos duques ao Alentejo e a provável concentração dos documentos no- cartório de Vila Viçosa, com a vinda posterior para Lisboa, onde o terramoto e outro grande incêndio destruíram os arquivos da Casa de Bragança, ter-se-ão perdido os documentos que tanto interessava possuir e compulsar.
Sabe-se sobre o Paço muito pouco, mas há mesmo assim noticia de que ali viveu com grande pompa o infante e lá viveu também até findar D. Constança de Noronha, virtuosa senhora morta em cheiro de santidade e a propósito da qual se escreveu «que mais parecia o seu palácio hospital de pobres que casa de princesa».
Ter-se-ão interessado pelo Paço todos os primeiros duques, mas o quinto D. Teodósio, já o cedeu no dote de sua irmã D. Isabel, tendo mais tarde revertido para a Coroa por falta de descendência.
Esteve depois este solar muito abandonado.
Foi asilo de meliantes e, segundo creio, também foi prisão. Foi quartel durante dezenas e dezenas de anos e esteve em certa altura da sua longa vida para ser destruído, pois chegou a ser autorizada a aplicação da sua pedra noutra construção.
A cidade de Guimarães não o consentiu e impediu a destruição do sen Paço ... sem rei.
Foi também a cidade de Guimarães que requereu a sua reconstrução por lembrança e pedido de seis vimaranenses.
O pedido realizou-se em 5 de Junho de 1936, neste Palácio de S. Bento, e foi feito, por felicidade de Guimarães, de todo o Norte e mesmo do Pais inteiro, ao Presidente do Conselho, Sr. Doutor António de Oliveira Salazar.
Parece ter levado mais anos o restauro do que a construção, se é que esta chegou realmente a terminar, mas o restauro nunca teria sido possível sem a clara visão, o amor às coisas grandes de Portugal e a vontade tenacíssima do Sr. Presidente do Conselho.
Também me parece que sem o engenheiro Duarte Pacheco, iniciador do restauro, e sem o actual e ilustríssimo Ministro das Obras Públicas, o Sr. Presidente do Conselho não conseguiria levar a cabo a enorme tarefa a que meteu ombros, apesar da grande competência e dedicação de engenheiros, arquitectos, decoradores, mestres pedreiros e carpinteiros e de todos os outros que ali trabalharam.
É o Paço dos Duques o único palácio nacional do Norte do Pais, região onde tonto se tem sentido a sua falta, não só quando das visitas de chefes de estado estrangeiros, mas também por não poderem permanecer pelo Norte com mais demora os nossos Chefes do Estado, mas é ainda, e além disso, um magnifico museu, com verdadeiras preciosidades, e será um centro de arte e de cultura, como se tem ensaiado já e se confirmou agora