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26 DE ABRIL DE 1960 761

se verificou na recuperação dos pavimentos e na melhoria de traçados dotou o Pais de estradas que eram boas. Isto devido à activa, e prestante actuação da Junta Autónoma de Estradas, que, com justiça, desejo realçar nesta Câmara. Os caminhos esburacados foram transformados em estradas, com pavimentos recuperados ou refeitos, bordadas de flores na Primavera e no Verão, ou ladeadas de viçosos maciços de verdura e de árvores bem cuidadas.
Há uns anos atrás as nossas estradas constituíam mesmo um orgulho para a Nação e uma propaganda.
Porém, o tráfego cresceu enormemente e o peso dos veículos de carga aumentou muito. Nas nossas estradas circulam camionetas de 10, 15 e 20 toneladas.
O nosso parque automóvel, que em 1945 era de 45 000 viaturas, atingiu em 1959 as 234 000 unidades.
Um pequeno quadro mostra a sua evolução:

[Ver tabela na imagem]

O número de quilómetros percorridos anualmente pelos nossos carros ligeiros e pesados deve ter passado de 1,2 biliões em 1949 para perto de 3 biliões em 1959, e a tonelagem transportada anualmente pela via rodoviária aumentou em ritmo muito acelerado.
Este crescimento do tráfego e das cargas aumenta extraordinariamente o desgaste e os estragos nas faixas de rolagem, obrigando a uma reparação e conservação permanentes e pedindo a substituição de grande parte dos pisos existentes.
A reconstrução de muitos pavimentos das nossas estradas constitui hoje um problema de fundo com que temos de contar e que precisa de ser atacado à medida que os pisos comecem a dar sinais de ruína próxima.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, há necessidade absoluta de alargar uma extensão apreciável da rede de estrada nacional, pois elevada percentagem da sua extensão tem as faixas de rolagem com a largura de 0,5 m, e até menos, e alguns dos veículos autorizados a circular nelas atingem 2,45 m de largura, o que exige nos cruzamentos a utilização das bermas.
Para todas estas obras a aplicação dos resultados da investigação rodoviária consegue grandes economias do custo e até de manutenção das estradas sem o menor sacrifício dos padrões de eficiência e duração.
Para que o País possa utilizar com a máxima economia as verbas atribuídas às estradas nacionais e municipais, aos aeroportos e a muitas obras do ultramar, é necessário desenvolver mais a investigação rodoviária.
A utilização dos seus resultados seria de enorme interesse e proveito para as obras da Junta Autónoma de Estradas, da aeronáutica civil e militar, bem como para muitos trabalhos da Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e do Ministério do Ultramar.
O Laboratório Nacional de Engenharia Civil, apesar dos parcos recursos que tem podido destinar à investigação rodoviária, conseguiu já nível técnico e conhecimentos que muito honram o nosso país.
No último congresso sobre estradas, realizado no Rio do Janeiro em Setembro último e onde foram apresentadas e apreciadas as técnicas e tendências actuais de cerca de 50 países, foi especialmente distinguida e apreciada a tese portuguesa. A par das tendências e técnicas de dois grandes países, a tendência portuguesa foi considerada entre essa meia centena de nações como das que oferecia maior interesse e perspectivas futuras.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - E, olhando para o ultramar, posso dar a consoladora informação de que o laboratório de Loureuço Marques é dos pioneiros nos trabalhos de solo-cimento e em iniciativas e técnicas das mais modernas nos territórios africanos. Apoiando-se nos seus trabalhos, estão actualmente a ser construídas em Moçambique estradas com pavimentos dos mais perfeitos de todo o continente africano.
Há que ampliar estas actividades para alargar os seus benefícios.
O Laboratório Nacional de Engenharia Civil dispõe de elementos que podem assegurar o lançamento da investigação rodoviária no plano global e à escala nacional; para isso, é preciso assegurar-lhes com continuidade os meios para recrutar o pessoal permanente necessário à realização das várias tarefas em grande escala.
Com 5 ou 6 milhares de contos que se destinassem anualmente à investigação rodoviária conseguiríamos em cada ano, e só no custo directo das obras, economias de muitos milhares de coutos, além das economias indirectas, da especialização dos nossos técnicos e do prestígio internacional que os trabalhos de investigação nos trariam por acréscimo.
Para criar esta possibilidade utilíssima à Nação, sugiro ao Governo a criação de um fundo de investigação rodoviária, que poderia ser alimentado por uma pequena percentagem - da ordem de 1 por cento do montante das verbas que anualmente são atribuídas a estradas nacionais, à viação rural e a aeroportos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os resultados da investigação compensam sempre largamente o que se gasta com ela, e estamos certos de que essa verba posta à disposição do Laboratório Nacional de Engenharia Civil permitiria, tanto para a metrópole como para o ultramar, realizar com a máxima economia as obras que venham a ser executadas.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: o rigor dos dois últimos Invernos, com grande persistência e intensidade de chuvas, causou grandes estragos nas estradas, prejudicando a circulação.
É indispensável fazer imediatamente pequenas reparações nos pisos deteriorados que no conjunto estendam os seus benefícios â quase totalidade das estradas.
Precisamos de conseguir rapidamente condições razoáveis de circulação para que os turistas que nos visitam, e que em 1959 aqui deixaram para cima de 1000 000 de contos, não saiam do nosso país com razão de queixa das nossas estradas. Há já reparos da parte de muitos visitantes, que, encantados com a suavidade do nosso clima, com a hospitalidade da nossa gente e com a tranquilidade política dos Portugueses, apenas observam: «Mas as estradas!...».
A Junta estudou a maneira de atacar os problemas de reparação urgente para remediar as covas abertas nas estradas nacionais, tanto nas de pavimentos aperfeiçoados como nos de macadame, e certamente estabe-