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764 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 171

a todos os sacrifícios que lhe têm sido impostos a bem da Nação, sem um murmúrio e sem um queixume, porque, inteligente como é, sabe compreender bem o que é necessário e útil para o bem comum? Não sei.
E não se diga que a Assembleia nau é o órgão competente para fazer sentir ao Governo o que a Nação quer e deseja, por haver outro órgão mais representativo da opinião pública, isto é, a Câmara Corporativa.
A verdade é que esta, embora seja constituída por elementos de alio valor, exerce a sua meritória e competente acção de uma forma mais discreta e silenciosa, que não é conhecida da Nação.
Além disso, nós estamos mais em contacto com a massa da população, sentimos melhor as suas reacções psicológicas, temos u obrigação de auscultar cuidadosamente os seus sentimentos, ouvimos as suas queixas, conhecemos os seus anseios e as suas aspirações, e o que aqui dizemos ao Governo é-nos imposto pelas nossas consciências.
Se nos calássemos, não merecíamos a honra de fazer parte desta distinta Assembleia.
Tenho a certeza de que todos os Srs. Deputados têm sempre o maior prazer quando podem louvar o Governo com razão e interpretando os sentimentos dos seus eleitores e sentem sincera mágoa se, no cumprimento do seu dever de representantes do povo português, se vêem obrigados a criticar qualquer medida governativa ou a forma como quaisquer serviços públicos exercem a sua acção. Se o fazem, não é com o intuito do serem desagradáveis a quem governa, que não deve ver com maus olhos essas atitudes, que apenas representam um indeclinável dever de quem tem a honra de representar uma nação nobre, altiva e ciosa dos seus direitos, como sempre tem sido a Nação Portuguesa.
Estou convencido de que, quando louvamos ou criticamos, não agimos unicamente movidos pelos nossos ,sentimentos pessoais e somos impulsionados pela opinião pública, e pela obediência ao mandato imperativo da Nação, que aqui representamos e ao qual obedecemos, sem termos até talvez a consciência bem nítida dessa obediência.
Além disso, quando fazemos reparos à acção governativa ou criticamos com razão, demonstramos praticamente aos adversários desta Situação que não é necessária a sua presença para que os actos do Governo sejam devidamente fiscalizados e criticados, quando houver razão para isso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Simplesmente, não criticamos por oposição sistemática ao Governo, como eles certamente fariam, e não regateamos também os nossos louvores quando são merecidos, e ainda há dias esta Câmara louvou, sentida e entusiasticamente, o Sr. Doutor Oliveira Salazar e todos aqueles que, sob a sua hábil o talentosa direcção, souberam defender os justos interesses de Portugal no litígio com o Governo Indiano, e entre os quais a Nação destacou, com justiça, o Sr. Almirante Sarmento Rodrigues, distintíssimo Ministro do Ultramar durante vários anos e um grande e talentoso estadista em qualquer parte do Mundo ...

O Sr. Homem de Melo: - Muito bem!

O Orador: - ... o babilíssimo ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Doutor Paulo Cunha, que, também conquistou a admiração e o respeito de todos os portugueses, e o competentíssimo professor de Direito
Doutor Galvão Teles, que foi também um dos grandes artifícios da vitória que conseguimos.

O Sr. Homem Ferreira: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: está demonstrado que sabemos louvar, mas também sabemos criticar, quando há razão para isso.
Seria bem mais agradável para todos nós louvar sempre a não ter do apontar aos responsáveis pela direcção dos negócios públicos qualquer falta, nem ter de fazer reparos à acção governativa quando, como no caso do que estamos tratando, temos razão.
Governar torna-se cada vez mais difícil, os problemas surgem constantemente, as suas soluções são cada vez mais complicadas, e, para que sejam as melhores, é necessário encará-las por todos os ângulos, ver as suas consequências futuras, ter quase um poder de adivinhação, e é impossível que um só homem ou mesmo um pequeno :grupo de homens, por mais inteligentes e sábios que sejam, possam governar e resolver tudo, o melhor possível, sem os conselhos e as informações de outros homens que, embora não façam parte do Governo, estudem os assuntos, meditem nas suas melhores soluções e dêem ao Governo o concurso da sua inteligência, da sua prática e dos seus conhecimentos.
Tenho lido e ouvido sustentar a teoria de que. quando uma pessoa é nomeada para o Ministério ou para o exercício de um alto cargo, adquire, imediatamente novas faculdades que lhe permitem desempenhar bem a sua missão.
Creio que há pessoas sinceramente convencidas de que esta teoria é indiscutivelmente verdadeira, pelo menos no que diz respeito às suas personalidades. Não é bem assim.
Quem é nomeado para funções de governo ou de administração adquire, é certo, melhor conhecimento das questões, e, como tem ao seu alcance mais elementos de informação, pode resolvê-las melhor, mas é exagero considerar-se imediatamente um super-homem, infalível e intangível à crítica.
Quando, porém, se governa uma nação como a nossa, em que há, felizmente, uma enorme percentagem de gente inteligente e sensata, a tarefa de quem governa torna-se mais fácil e mais proveitosa, se quiser atender as sugestões e até as críticas das pessoas competentes e auscultar as reacções da opinião pública.
Sr. Presidente: mais uma vez um Deputado pelo distrito de Leiria levanta a sua voz para pedir ao Governo, respeitosa mas firmemente, que resolva o problema da reparação das estradas. As razões por que o faço já fórum exportas na minha intervenção de 30 de Abril de 1959. Não é necessário cansar a Câmara com a sua repetição.
Pelo mesmo motivo, não cito números nem mais argumentos, que julgo desnecessários, porque o Governo tudo sabe e porque do parecer sobre as Contas Gerais do Estado, elaborado pelo nosso distintíssimo colega engenheiro Araújo Correia glória e honra desta Assembleia, pela sua alta competência, inteligentíssimo critério e sensatez e até pela coragem moral que revela nas suas apreciações, se colhem elementos muito elucidativos, que não é necessário repetir.
Além disso, como, por mal dos nossos pesados e à falta de melhor, devido à escassez de indivíduos com alguma bossa para a política, exerci várias vezes cargos de certo relevo político, encarei mais este problema das estradas sob o seu ponto de vista político e a sua repercussão sobre a opinião pública, deixando para outros mais competentes a sua apreciarão sob os aspectos técnico e económico, este último de imensa