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178 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 183

intelectuais e políticas das elites ocidentais perante o inimigo e principalmente por o Ocidente ter mostrado até hoje ser incapaz de levar a cabo uma política coerente e ofensiva de luta contra o mundo marxista.
E como epílogo deste panorama, que resumo reproduzindo alguns trechos da admirável síntese de Jorge Albertini, passo a citar factos mais recentes que a confirmam, referindo nova viragem da táctica da guerra fria na Península Ibérica. Instruções dadas aos partidos comunistas da Península Ibérica por Dolores Ibarruri, a famigerada Pasionaria da guerra civil espanhola, transformada agora, neste drama político do mundo contemporâneo, em apóstolo da coexistência pacífica, transmitindo a palavra de ordem do Kremlin aos comunistas nascidos em terras da Península, aconselha-os a uma cooperação pacífica e activa todos os desvarios dos pseudo-intelectuais e escolares contaminados pela maleita comunista, elementos viciados que pululam, com máscaras diversas, nas alfurjas dos grandes centros, irmãos gémeos desse Leslie Plumber, criptocomunista membro do Parlamento britânico, todos eles verdadeiros filhos espirituais da Pasionaria como dizia admiravelmente o grande órgão da imprensa portuguesa O Século, em notável artigo de fundo publicado há dias e referindo-se a esses mascarados com pele de cordeiro do neoliberalismo e do democratismo progressista, é necessário pôr em guarda a Nação perante esses perigosos agentes da foice e do martelo, que se insinuam em todos os meios e organizações, especialmente entre a juventude, que procurarão subverter e captar com ilusórias promessas. É esta frente interna que o comunismo cria em todos os países e de que alguns se julgavam libertos por não aparecer, democraticamente desenhada, nos seus parlamentos, como na Grã-Bretanha, mas onde abundam já de facto vários Leslies Plumbers eminências vermelhas trabalhistas que, discretamente, vão actuando nas organizações clandestinas comunistas, como a que pontifica perigosamente na estrutura das grandes industrias eléctricas britânicas, esperando apenas o momento oportuno para actuação mais eficaz. Digo e insisto: são essas frentes internas comunistas que é necessário não ignorar e combater em todos os campos, evitando que esses elementos perigosos continuem a ocupar posições-chave na vida política e económica das nações.
A conjuntura económica que o relatório notabílissimo do diploma em discussão analisa com a superior clarividência do ilustre Ministro que o subscreve, referente aos países de aquém e além "cortina de ferro", conjuntura em parte consequente do natural arfar do mundo económico, tem hoje, contudo, certamente, também aspectos directa ou indirectamente dependentes das várias fases da guerra fria imposta pela Rússia Soviética. Sabemos, porém, de desastres graves sofridos no campo inimigo nesta inglória luta. Desastres do regime colectivista, que se tem mostrado incapaz de funcionar, especialmente no ambiento agrário, sem a pressão constante do poder político. Crises resultantes da defesa natural dos homens em deixarem-se subjugar pelo regime de trabalho de verdadeira escravatura branca. De resto, estes aspectos são ainda mais nítidos na soviética chinesa, onde se segue mais à risca a ortodoxia do leninismo. Estas as mais desastrosas derrotas no campo comunista e que vêm impondo na Rússia Soviética modificação profunda na rigidez do sistema, aproximando-o, a passos largos, da estrutura política de alguns países socialistas do Norte da Europa.
Como melhor forma de contrariar os propósitos de subversão marxista e assim dominar as perigosas ofensivas desta guerra fria que atinge hoje grande parte do Mundo, a Europa tem como meio mais adequado fazer acrescer, sem cessar, com o desejado ritmo, o nível de existência das populações, especialmente das menos afortunadas. Errada é pois, a divisão que agora se pretende anular e que separa o Mercado Comum da Zona do Mercado Livre dos Sete.
Diz-nos o relatório da Lei de Meios, considerando especialmente o caso português, que além das iniciativas previstas no II Plano de Fomento, de vincada acção melhoradora, mas a prazo relativamente longo, de outros meios é mister lançar mão desde já para activar o crescimento económico das regiões menos evoluídas.
O urbanismo, especialmente nítido em relação à capital do Império, e o desenvolvimento excepcional de certas regiões, cujo crescimento económico foi estimulado por via de circunstâncias várias, como a proximidade de fontes, de matérias-primas valiosas, de importantes vias de comunicação, de portos de excepcional valia ou ainda de outros factores condicionantes de ordem económica ou geográfica, deram origem ao aparecimento de manchas já marcadamente progressivas, o que mais realça a situação de depressão de outras mais atrasadas.
É caso típico, no continente português, o que nos revelam largas manchas do território montanhoso onde domina a influência climática ibérica ou onde a aridez do clima mediterrâneo permite apenas, como no Douro, a realização de culturas, embora excepcionalmente valiosas, insusceptíveis, porém, só por si, de permitirem satisfatória remuneração da mão-de-obra nela envolvida. É também o caso, em pólo oposto, o de certas zonas propícias climaticamente para as culturas intensivas, como acontece no Noroeste e na Beira Litoral, mas onde a defeituosa estrutura agrária dificulta a sua natural difusão.
É necessário, assim, promover com celeridade os indispensáveis planeamentos regionais de fomento desses territórios de área bastante ampla no conjunto nacional, e para tal possui já o País apreciável trabalho de fundamento. Refiro-mo especialmente, aos estudos edóticos e de ordenamento relativos ao Sul do País, já quase concluídos, e à prospecção, bastante adiantada, referente a estes mesmos aspectos em outras regiões ao norte do Tejo e em outras províncias do Império Português.
Contudo, ouso perguntar:
Não poderia já o Ministério da Economia, após tantos anos de trabalhos experimentais em campos espalhados por todo o País, ter definido já com suficiente rigor certos aspectos fundamentais, além dos já referidos, necessários para o conveniente planeamento regional, mas ainda hoje imersos no desconhecimento público? É o caso da política da fertilização dos solos em referência às várias manchas pedológicas, continentais e insulares, evitando assim hesitações e erros que têm dado, como consequência, graves prejuízos à lavoura. Já não falo dos erros estruturais, gravíssimos, quando do planeamento das indústrias de azotados.
Não poderia também este departamento ter esclarecido já o País sobre aspectos vários da zonagem florestal e das espécies mais adequadas a introduzir em cada caso e das manchas do território mais propícias e as variedades aconselháveis para uma arboricultura evoluída?
E não seria também já tempo do se poder elucidar a lavoura sobre as máquinas mais adequadas para os trabalhos de granjeio nas regiões onde domina a pequena, a média e a grande exploração, em territórios planos e nos montanhosos?

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