O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14 DE DEZEMBRO DE 1960 177

Moscovo prepara metodicamente a conquista do continente negro. Os especialistas russos têm viajado em todas as direcções e não têm deixado de transmitir ao seu governo mil milhares de informações que a propaganda soviética saberá politizar, para as lançar em circulação. Ao mesmo tempo, esses trabalhos permitem formar agentes e propagandistas que Moscovo prepara e espalha pela África. A actividade desenvolvida por algumas legações soviéticas e por agentes que Moscovo aí delega atesta bem que esta prepararão cientifica, maciça e perseverante, é eficaz.
É tanto mais eficaz que a U. R. S. S. tem procurado formar negros levando-os para as suas escolas políticas, situadas em Moscovo e em Praga. Contam-se por centenas os chefes comunistas africanos, principalmente responsáveis sindicais, da África branca ou da África negra, que têm recebido educação comunista mais ou menos desenvolvida para lá da «cortina de ferro». Se algum governo europeu publicasse as listas destas viagens nos territórios africanos respectivos, ficar-se-ia estupefacto da sua importância. Mas não é tudo. Os comunistas têm dado também toda a sua atenção ao enquadramento dos estudantes africanos nos grandes centros universitários europeus, onde são numerosos, especialmente em Paris e em Londres.
Aproveitando a carência dos governos, têm conseguido fazer entre os futuros advogados, os futuros professores, os futuros técnicos, centenas de adeptos de qualidade, que, regressando a África, são outros tantos pontos de irradiação a favor do comunismo.
Depois de preparar assim os caminhos, a U.R.S.S. passa ao ataque.
Tem instalado, por outro lado, nalguns países, principalmente no Egipto, na Líbia e na Etiópia, representações diplomáticas importantes, que são outros tantos centros de espionagem e de propaganda. Servindo-se de certos sindicalistas ou formulando sedutoras ofertas de cooperação económica, infiltraram-se assim no Sudão, no Ghana e em outros territórios da África negra.
Em Marrocos, na Tunísia e na Argélia os partidos comunistas locais esforçam-se por desligar o Maghreb da Europa, e têm levado os seus agentes com uma única palavra de ordem: atiçar o ódio dos povos indígenas contra o branco. O resto virá em seguida.
Onde os brancos são mais numerosos, como na África Central Britânica ou na União Sul-Africana. os comunistas utilizam meios de acção mais clássicos. Encontram-se então as palavras de ordem usuais de desagregação: luta pela paz, frente unida pelo desarmamento, toda essa fraseologia que faz lá os mesmos destroços que fez na Europa, porque pode fazê-lo com mais tranquilidade, mesmo nos países reputados mais severos. E perguntava Albertini, muito antes de ter lançado ferro nas águas americanas o novo porta-aviões, Cuba, e das recentes investidas comunistas contra os países democráticos da América Central: «Tem na realidade, o hemisfério americano pelo menos sido preservado? Certamente mais do que os outros, mas uma análise cuidadosa deixa ver sombras que não se podem ignorar.
Assim, deixando do lado o Canadá e os Estados Unidos, ainda que houvesse para dizer algo sobre os ganhos ideológicos do comunismo entre os intelectuais ditos liberais. Deixemos mesmo o México, apesar da sua legação soviética pletórica, os seus universitários progressistas, os seus pintores comunistas e lodo o cripto-comunismo difundido em certos meios jornalísticos e sindicalistas. Olhemos, por exemplo, o que se passa na América Central, onde a Guatemala já viveu sob um governo da U. R. S. S., onde as Honduras Britânicas são corroídas pelo verme comunista. As Antilhas, onde o comunismo é activo, principalmente em Cuba, na Jamaica. Guadalupe e Martinica francesas. Olhemos sobretudo para a América do Sul. Conhecem-se os sucessos alcançados na Guiana Britânica, recordam-se os tumultos de Bogotá; não se ignora o esforço incessante realizado pelo partido comunista brasileiro. Na América, a actividade de alguns países comunistas foi considerada tão perigosa que o Equador e Peru se viram forçados a cortar as relações diplomáticas com os estados da Europa Oriental».
«Finalmente, se quisermos ver algo mais será preciso estudar ainda a política seguida pelos sovietes depois da guerra na direcção dos pólos norte e sul, para mostrar que nesses dois sectores, estrategicamente importantes, nada tem deixado ao acaso, nem a propaganda na Islândia e na Gronelândia». Haja em vista, acrescento eu, o que se passou na presente campanha da pesca do bacalhau, com a insidiosa e vil campanha de propaganda comunista levada a cabo pela frota bacalhoeira da Rússia Soviética!
Na guerra é-se vencido quando nos enganamos sobre a manobra do inimigo, quando o esperamos onde ele apenas simula chegar, quando se é fraco no ponto em que ele ataca. Com a U. R. S. S. o Ocidente sofre reveses há dez anos, exactamente porque se engana sobre o sentido da guerra que ela lhe faz. Supor que a U. R. S. S. prepara uma guerra militar do tipo mais ou menos clássico, ou novo, para conquistar o Mundo, sacrifica toda a sua organização. Daí as alianças, os pactos, as discussões imensas sobre a superioridade militar de um ou de outro campo. Ora a U. R. S. S. não prepara esta guerra, porque, contrariamente ao habitual, ela não prepara a última guerra, faz, já não dizemos a próxima, visto que essa já está em marcha, mas faz a «sua» guerra. E a «sua» guerra é política. A «sua» guerra é uma guerra de subversão, estendida por todo o Mundo, e, por conseguinte, multiforme, porque são diversas as situações em todos os países. Mesmo que lhe oponhamos em toda a parte os mesmos aviões, os mesmos diplomatas, ela ergue contra nós. em cada país, tropas e métodos sempre novos, recrutados no próprio lugar, enquadrados do exterior, segundo uma técnica que alia a constância de uma linha inflexível de acção à maleabilidade de uma táctica sempre variável.
Como admirarmo-nos, nestas condições, que, fazendo a guerra, não necessária nos lugares onde o inimigo não está, sejamos sempre vencidos? E como admirarmo-nos que a U. R. S. S., tomando sempre a iniciativa num terreno onde o inimigo não se mostra, avance regularmente? No dia em que o Ocidente tiver compreendido o verdadeiro sentido desta batalha, poderá, então reconsiderar profundamente todas as suas posições. E primeiramente deixará de conceder um minuto só que seja de atenção a todas as propostas da diplomacia soviética. Porque não há diplomacia soviética no sentido histórico e clássico. Há um sector do aparelho subversivo que quer «revolucionar» o Mundo e que se especializou na utilização da diplomacia como simples arma do propaganda. Todas as propostas soviéticas, sem excepção, sobre a paz, sobre o desarmamento, sobre, a existência pacífica, as conferências «a alto nível», não tiveram nunca por objectivo solucionar uma dificuldade, apressar uma decisão ou fornecer elementos de um compromisso honesto. Pelo contrário, têm tido sempre como objectivo o aumentar as dificuldades, o afastar as soluções, o fazer progredir, em suma, a U. R. S. S., a recuar o Ocidente;. Os sucessos do comunismo resultam assim, em grande parte, da falta de confiança do Ocidente um si próprio, das demissões