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206 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 184

gredir, outros inconscientes e, por isso mesmo, incapazes de medir o descalabro a que a sua insensatez pode conduzir.
Quero afirmar, Sr. Presidente - e faço-o apenas hoje porque só agora regressei a Portugal -, o meu total apoio às palavras do Sr. Presidente do Conselho e aplaudir com o maior entusiasmo o seu pensamento tão brilhantemente exposto nesse memorável e histórico discurso do dia 30 de Novembro de 1960.
Este era o primeiro assunto a que me desejava referir. O segundo diz respeito à visita que o Sr. Ministro das Corporações e Previdência Social realizou no passado dia 7 a várias terras do Alentejo, entre as quais algumas do distrito de Portalegre.
Quis S. Exa. assistir e com a sua presença dar maior solenidade à assinatura do contrato firmado na Câmara Municipal de Elvas para a construção, por intermédio da Federação de Caixas de Previdência, do 4.º bloco de casas, que terá vinte habitações destinadas à classe média.
Com esses 4 blocos ficará a cidade de Elvas dispondo de 60 habitações, sendo assim apreciável a contribuição dada pelo Ministério das Corporações e Previdência Social à solução do problema premente da habitação, que tanto nos preocupa.
Mas a actuação neste campo irá mais longe, pois foi encarada a possibilidade de se construírem casas para as classes operárias e não ficaram esquecidos os trabalhadores agrícolas, principalmente os das freguesias rurais.

O Sr. Camilo de Mendonça: - Muito bem!

O Orador: - Porque esta iniciativa se reveste do maior interesse para a região de Elvas e vem dar um grande auxílio à notável obra que inteligente e sensatamente o presidente da sua Câmara Municipal está realizando com os seus dedicados colaboradores, e porque ela representa mais uma medida de largo alcance social e grande projecção política tomada pelo espírito inteligente, dinâmico e realizador do Dr. Veiga de Macedo, a quem o regime corporativo já tanto deve, eu desejo, Sr. Presidente, agradecer ao Sr. Ministro das Corporações e Previdência Social o interesse que o assunto lhe mereceu e os benefícios que a sua eficiente actuação virá trazer àquele concelho.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente: encontra-se neste momento no Brasil S. Exa. o Ministro da Marinha, meu ilustre camarada, contra-almirante Quintanilha Mendonça Dias.
A visita oficial do chefe da Armada portuguesa à grande nação irmã realiza-se justamente no momento em que a Marinha brasileira comemora a data gloriosa da sua fundação.
Desejo, Sr. Presidente, sublinhar especialmente o alto significado desta visita do nosso Ministro da Marinha, que, como alto representante do Governo Português, foi levar ao Brasil o abraço amigo do povo irmão.
Bem pôde dizer o Sr. Almirante Quintanilha Mendonça Dias, ao partir, "que levava a saudade fraterna dos marinheiros de Portugal aos seus irmãos do Brasil"; e lá, ao exaltar a cooperação das duas Marinhas, afirmar que: "saberemos cumprir o nosso dever para perpetuarmos a herança que o infante nos legou".
Esta viagem do Ministro da Marinha de Portugal vem demonstrar ainda quanto são necessárias as visitas de intercâmbio de altas figuras nacionais de Portugal e do Brasil.
Ultrapassa todas as fórmulas protocolares e ajusta-se a um caso único no Mundo - a existência da comunidade luso-brasileira, que aparece ditada, não só pelos sentimentos do espírito e do coração, mas ainda pelas conveniências económicas; é a comunidade que surge, naturalmente, como resultante das coordenadas da história e com a qual o mundo de hoje terá de contar.
Como Deputado e como marinheiro regozijo-me, pois, pelo êxito alcançado por S. Exa, o Ministro da Marinha nesta viagem de tão alto significado e tão promissora para fortalecer os laços que tradicionalmente nos unem.
Culminou esta visita com a entrega feita a Portugal da barca Guanabara, navio-
- escola que virá substituir a nossa velha Sagres.
Esta cedência altamente significativa vem a propósito e no momento mais oportuno, pois a Sagres, navio que bem cumpriu a sua missão, educando dezenas de gerações de jovens cadetes, mais não poderia navegar, e já se anteviam sérias dificuldades em a substituir, como nesta Assembleia, há anos, tive oportunidade de salientar.
Referi-me então à necessária e urgente substituição do nosso navio-escola, o qual, não obstante e depois disso, graças à perícia dos seus comandantes, oficiais e marinheiros, pôde ainda continuar a honrar a bandeira de Portugal em múltiplas missões, inclusive de carácter desportivo, como a regata Bordéus-
- Canárias, em que brilhantemente triunfou.
Não se compreenderia, Sr. Presidente, que um país com a tradição da vela como o nosso ficasse de um momento para o outro privado de poder adestrar, em navios como a Sagres ou a Guanabara, os seus marinheiros.
A teoria de que a navegação à vela era obsoleta e estava ultrapassada não se concretiza. As grandes armadas mantêm esses navios e aquelas que ressurgem agora, como a alemã, também os não dispensam. Como poderíamos nós, os marinheiros do infante, não possuir um navio à vela!
Como marinheiro agradeço ao Governo e, em especial, ao Sr. Ministro das Finanças não ter nunca abandonado o problema. Continuaremos a afirmar-nos como marinheiros e como velejadores.
Sem dúvida, Sr. Presidente, que saberemos perpetuar a herança gloriosa do Infante em todas as circunstâncias e onde for preciso. Como sabemos sentir que estarão connosco, dominados pelo mesmo ideal, e, se for preciso, vivendo as mesmas vicissitudes, os marinheiros da estirpe do almirante Tamandaré, pois eles também são marinheiros do infante.
As minhas últimas palavras, Sr. Presidente, são de confiança. De confiança na sincera amizade luso-brasileira, tão íntima que as duas pátrias se confundem na mesma vontade, na mesma expressão de bem-querer, amizade bem diferente de outras que só se concretizam consoante os lugares onde tenha de fazer-se público testemunho da sua existência. São de confiança e de satisfação as minhas palavras, pelo alto significado que forçosamente hão-de ter perante o Mundo - o Mundo civilizado e livre - estas mútuas demonstrações da amizade dos dois povos que o Atlântico une, apesar da distância a que se encontram. São de confiança, reafirmo, no futuro da comunidade luso-brasileira.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.