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15 DE DEZEMBRO DE 1960 205

nha dos Canaviais, quando passou de S. Carlos para a quinta minhota.
As anedotas que corriam em Angola são por ele invocadas como testemunhos pessoais.
Os mulatos dá-os como abandonados pelos pais.
Beira, Lourenço Marques, Luanda, o Lobito e outros centros são referidos em poucas linhas, com notas mesquinhas, num livro de centenas de páginas.
Anuindo à campanha protestante, diz ter ouvido que os protestantes fizeram mais em quinze anos do que os católicos em três séculos.
Os portos?
Todos sabem as magníficas e progressivas condições do porto da Beira e de Lourenço Marques, de Luanda, a expansão vertiginosa do tráfico, a movimentação perfeita das mercadorias, a orgânica modelar, enfim, os seus inestimáveis serviços.
Para Duffy trata-se apenas de exemplos de congestionamento e de demonstrações de erros cometidos ou de obra de capitais alheios, o que é muito gratuito.
Nem uma referência só à ordem, à tranquilidade, à isenção de perturbações e rebeldias.
Elogia a custo os colonatos e as cooperativas, mas nega a obra formidável da assistência, que outros não fariam assim.
Nem uma só referência à obra das câmaras municipais, notável e complementar da obra do Estado!
Quando tem de elogiar, então desvia e torce - hum!, isto acabará mal, haverá subalternizarão, cidadãos de 2.ª classe, duas sociedades distintas e antagónicas!
Que dialéctica é esta da divisão em classes e em apartados, a qual não existe?
Que antagonismos interiores ele quer descobrir?
Que contradições são estas e que inspiração as vai ditando ?
Ele não acredita na tolerância racial, no espírito de fraternidade e na comunidade cristã.
Acredita nos fermentos de desordem e perturbação, de luta e dissolução.
E por isso, escrevendo em 1958 e sangrando-se em saúde, diz no final: há uma campanha nas Nações Unidas, em que a Rússia toma uma parte vigorosa. Esta campanha vai renascer - anuncia. E será intensificada, para obrigar Portugal a proceder a grandes revisões.
Não sei se estão a ver!
Este americano, cujo lema consiste em sintetizar que tudo o que está bem é porque vai terminar mal, estava no segredo das conspiratas contra nós e jogava muito cedo a sua pedrada.
Que conceito forma da Assembleia Nacional?
Sabemos como esta trabalha nas comissões; sabemos como os Deputados que a constituem obedecem aos seus critérios e mostram diversas tendências, sem disciplina anterior quanto aos problemas.
Por vezes, peca-se por regionalismo ou individualismo excessivo, mas nenhum de nós desconfia da espontaneidade alheia.
Pois Duffy afirma que na política indígena e noutros casos nada se deve a critérios representativos e nada passa de um ensaio de pensamento oficial.
Porém, quando ele ataca e achincalha os sentimentos portugueses, manifestados no Rand e na Rodésia, então mostra claramente exprimir apenas incompreensão, curtas vistas, ignorância ... dos ares das nossas terras.
Sr. Presidente: vou concluir.
A campanha que agora está em curso não será a última.
Outras virão tão suspeitas e parciais como as que referi.
É preciso não as dar, por inteiro, ao desprezo.
Viajantes pouco escrupulosos e apressados, recolhendo fábulas, historiadores da desgraça e das crises, protestantes agitando o signo das guerras de religião, sociólogos e literatos da negritude e da podridão, capitalistas sem rebuçar os seus sobrelucros, marxistas à procura de antagonismo e contradições, continuarão a atirar às nuvens e a errar o alvo, a atacar um colonialismo suposto e fantasmagórico, com que pretendem vestir as realidades portuguesas.
O que se impugna, critica e rebate é precisamente o alvo movente do que não somos, do que não pensamos, nem fizemos ou representamos.
Por isso temos empenho em ser visitados, analisados e estudados.
Por isso não faltam elementos de trabalho, de estatística e documentação - pelo contrário, nós, os Deputados, nos queixamos da grandeza dos elementos postos à nossa disposição, que não sobra o tempo para estudar melhor.
Mas também lemos direito a que nos apreciem em termos correctos, equilibrados e justos e que as campanhas intelectuais não sirvam para malsinar nossos propósitos, adulterar a verdade e contestar o direito, à procura de uma porta especiosa ou falsa para entrar em nossa casa e nela ditar a lei dos grandes senhores que blasonam de igualdade jurídica e política, mas à sua volta só semeiam ódios, procurando bater os ferros da mais negra servidão.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bera, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Vitória Pires: - Sr. Presidente: solicitei a palavra para me referir a dois factos ocorridos recentemente. Antes, porém, de o fazer, e porque é a primeira vez que volto a falar na Assembleia Nacional depois de um longo interregno, quero dirigir a V. Exa. os meus cumprimentos e com eles os protestos de muita admiração e da mais elevada estima.
Sr. Presidente: estive em Espanha, onde tomei parte no Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências.
Demorei-me depois uns dias, porque tive de tratar dos trabalhos de colaboração que a Estação Agronómica Nacional e a Estação de Melhoramentos de Plantas vêm realizando, respectivamente, com o Conselho Superior de Investigações Científicas e o Instituto Nacional de Investigações Agronómicas.
Não me foi assim possível assistir à sessão na qual o Sr. Presidente do Conselho quis usar do direito de falar nesta Assembleia ao País acerca da posição de Portugal relativamente às províncias ultramarinas.
Disse falar ao País, mas melhor será dizer falar ao Mundo, dada a projecção das suas palavras.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Tive conhecimento desse notabilíssimo discurso através da imprensa nacional e estrangeira que muito justamente se lhe referiu, com palavras de franco apoio à doutrina que nele ficou traçada.
Representa esse discurso mais um magistral trabalho elaborado com a superior inteligência, clareza e lógica que o Sr. Presidente do Conselho sempre imprime às suas modelares exposições.
Nele se afirma a continuidade de uma política definida já há longos anos e muito antes dos devaneios e utopias que os arautos das falsas ideias de liberdade têm ultimamente apregoado com maior insistência, uns conscientes do ambiente derrotista que desejam ver pro-