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786 DIÁRIO DAS SESSÕES-N.9 212

presa Insulana de Navegação, aportarem aos portos daquelas ilhas. Um deles, belo e veloz paquete, ligará estas ao continente possivelmente no próximo mês de Setembro, constituindo uma das realizações mais ambicionadas dos Açorianos. O outro, que foi lançado ao mar há poucos dias, destina-se a fazer comunicações entre as ilhas e, na sua classe, é também uma bela unidade, que muito irá beneficiar as suas populações. Embora julgue ainda indispensável mais um sacrifício para que seja prevista ,em novo Plano de Fomento a construção de outro paquete, não posso nem devo deixar da me congratular pelo que já se fez e de agradecer ao Sr. Ministro da Marinha todos os notáveis esforços que despendeu para se levar a efeito a construção daquelas unidades.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quanto ao problema dos transportes aéreos, encontra-se também esboçado o plano de construção de dói 4 aeródromos, um na ilha de S. Miguel o outro na ilLa do Pico.

O primeiro para substituir o pequeno e insuficiente campo já existente na formosa e rica ilha de S. Miguel e. o segundo para dotar o distrito da Horta com as indispensáveis carreiras aéreas, dado que é o único daquele arquipélago que não beneficia ainda do progresso da aviação.

A sua população vive, por isso, num impressionante isolamento, pais só dispõe das carreiras quinzenais da Empresa Insulana de Navegação, o que lhe causa, em muitos casos, os maiores transtornos e até sofrimentos.

Suponho que o novo aeródromo da ilha de S. Miguel será muito/em breve construído, mas o da ilha do Pico, encontrando-se numa fase mais atrasada, não será tão brevemente iniciado como anseiam as populações do Faial e do Pico.

Ninguém nessas ilhas desconhece o interêssse que o. Sr. Ministro Ias Comunicações dispensa a todos os problemas do seu Ministério, razão por que todos esperam que quaisquer possíveis arestas que venham a encontrar no estudo que se está- realizando sejam limadas para que possam ver em breve aterrar aviões no seu aeródromo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr Presidente: no dia em que modernos e velozes navios aportarem aos portos daquelas ilhas e aviões aterrarem nos seus aeródromos uma nova fonte de riqueza surgirá naquele arquipélago.

Os seus campos verdes, salteados de hortênsias azuis; o seu litoral alcantilado, cheio de belezas surpreendentes;, o espectáculo magnífico das Furnas e das Sete Cidades; a majestosa altivez da ilha do Pico; a vida da boa gente da ilha do Corvo, que, vestida de buréis que eles próprios tecem com lãs dos seus rebanhos, é, como disse Garrett, um exemplar precioso dos usos patriarcais das eras bíblicas; as variadas e preciosas espécies ictiólogas, que proporcionam aos pescadores recreativos as mais abundantes e ricas pescarias enfim, tudo isto e ainda muito mais não poderá deixar de constituir um grande atractivo para o turismo açoriano, tornando-se, por isso, indispensável estudar desde já os seus problemas e encontrar para eles as convenientes soluções.

Um destes não poderá deixar de ser o que diz respeito aos seus hotéis.

Com excepção da ilha de S. Miguel, onde existe um que merece esta classificação e de outros dois em vésperas de serem inaugurados, há apenas nas restantes ilhas do arquipélago modestíssimas pensões onde os hóspedes, além do carinho e atenção dos seus proprietários e do seu pessoal, não encontram as mínimas condições de comodidade e de conforto admissíveis nos nossos dias.

Os que já as visitaram e tiveram necessidade de nelas se instalar não ficaram, decerto, com desejo de lá voltar.

A solução deste problema não interessa apenas à economia dessas ilhas e aos nacionais e estrangeiros que as desejam visitar. Interessa também à numerosa colónia açoriana que vive nos Estados Unidos da América.

Temos hoje ali mais de 500 000 açorianos, se coutarmos com os que lá nasceram, e podemos fazê-lo, dado que, embora naturalizados americanos, conservam no seu coração a nacionalidade portuguesa.

Todos desejam lá ir. Uns, para matar saudades de tudo o que lá deixaram; outros, para verem as terras dos seus pais, as procissões, as festas do Senhor Espírito Santo, as romarias, enfim, tudo aquilo que serviu para as histórias que ouviram na sua infância e se repetem todos os dias nos lares bem portugueses daquela numerosa colónia açoriana, que na América do Norte tem sabido honrar e dignificar o nome do Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! . O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Lacerda: - Sr. Presidente: qualquer sereno e desapaixonado exame ao estado actual da nossa agricultura evidencia, sem necessidade de grandes e profundos estudos, a grave crise em que ela se debate.

Além dos males congénitos, males muito graves que nesta Assembleia por várias vezes têm sido apontados, houve também, mercê de causas que não estão na mão do homem alterar facilmente, prejuízos gravíssimos provenientes do mau ano agrícola anterior que um Outono e um Inverno excepcionalmente chuvosos mais vieram agravar, com deficiência na armazenagem de produtos, como o milho, e a dificuldade que actualmente se verifica de escoamento do vinho. E assim o Entre Douro e Minho vive, actualmente, dias difíceis.

A vida não se apresenta risonha nem para o lavrador-proprietário, nem para o lavrador-caseiro, nem mesmo, de momento, para o trabalhador agrícola, a quem os patrões, na generalidade, reconhecem que é preciso pagar melhor, até para que ele possa ser um bom consumidor de produtos, mas não sabem nem podem fazê-lo dentro de todos os condicionalismos que rodeiam a exploração agrícola, que se apresenta com resultados económicos muito baixos. E isso é que há que ter em conta, pois a agricultura-folclore só pode actualmente interessar a uma certa gama de amadores do turismo, ou a citadinos para quem o resto do Mundo é paisagem.

E não vale a pena voltar aqui a falar de assuntos que por tantos e por mim já foram tratados. Dizer que o nível de educação geral das nossas populações agrícolas e .não agrícolas é baixíssimo, que a instrução técnica do agricultor é tão deficiente como os conhecimentos da sua profissão para entrar em competição com outros de nível de instrução muito mais elevado, já constitui lugar-comum cada vez mais actual. Falar em estruturas de propriedade, essas estruturas que tanto a todos preocupam, uns porque tudo temem convencidos de que poderão manter-se no mundo dos seus sonhos e dos seus desejos e outros, no extremo contrário, porque quereriam que se saltasse para . ... a ausência de propriedade, para a colectivização.