O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

21 DE ABRIL DE 1961 787

Queremos hoje referir-nos particularmente a uma actividade complementar da agricultura, ou, melhor, a um produto essencialmente florestal ou agrícola - a resina. Digo agrícola porque na minha região a bouça, onde se criam os pinheiros, faz parte da exploração agrícola.

Com os altos preços que II alguns casos atingiu constitui este ano a resinagem do pinhal um rendimento fundamental ou complementar de uma agricultura que se vê a braços com inúmeras dificuldades e falta de receitas Convenientes.

- O Sr. Augusto Simões: - Apoiado !

O Orador: - Sabe-se bem como é normalmente feito o negócio da resinagem em várias regiões, especialmente no Entre Douro e vinho.

O proprietário do pinhal aluga-o para extracção da gema, a tanto por incisão ou bica, directamente a industriais de resina ou aos seus comissários ou a angariadores, dentro das normas estabelecidas pela lei e que a Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Agrícolas e a Junta Nacional dos Resinosos, em trabalho altamente meritório e que tem dado magníficos resultados, fiscalizam.

A resinagem é já uma prática antiga de mais de um século em Portugal é deve-se, sem dúvida, ao interesse e tenacidade de alguns industriais o desenvolvimento que esta actividade atingiu. Começou por pequenas fabriquetas, quase caseiras, em indústria artesenal, e atinge já hoje proporções de vulto, sobretudo nos últimos anos, por mercê de uma bem orientada acção do organismo coordenador -a Junta Nacional dos Resinosos- e por condições favoráveis da conjuntura mundial em relação aos produtos fundamentais da extracção da resina - pez e aguarrás.

Das pequenas fábricas de fogo directo, que no início eram as únicas existentes, foi-se passando, a pouco e pouco, para um panorama melhorado, com o aparecimento de fábricas da extracção a vapor e pelo vácuo e também pelo melhoramento, das existentes a fogo directo.

Reportando-os só aos últimos anos podemos comparar a existência de fábricas:

[... Ver tabela na imagem]

Anos Vácuo Vapor Fogo directo


Vê-se, portanto, que houve uma apreciável melhoria, tendo-se em conta que a extracção a fogo directo semi terebintinagem é pior do que a que é feita com esta operação e que a extracção a vapor e a vácuo são melhores que as anteriores. Nesta última há (problemas- técnicos a considerar que peço licença para deixar em claro, pois não esclarecem melhor o objectivo destas considerações. É de nota somente que as fábricas por vácuo não têm aumentado.

Há, contudo, que notar nesta, simples indústria, em que a maior parte, das fábricas são «lê uma simplicidade enorme, não haver vantagem económica apreciável nas grandes. fábricas de extracção primária, se assim lhes podemos chamar.

Outro índice de progresso neste sector é o que diz respeito à forma de resinagem, que evoluiu notavelmente nestes últimos anos, sabendo-se que a resinagem química é preferível à resinagem. tradicional.

Enquanto em 1952, ano em que praticamente foi introduzida em escala comercial a resinagem química, sómente foram resinadas pôr este processo 3000 incisões, ou seja 0,01 por cento, em 1906, 27 500 000, ou sejam 89,16 por cento do total, e actualmente a quase totalidade.

Portanto, do ponto de vista da industrialização da gema e da técnica da extracção, houve uma acentuada melhoria.

Vejamos agora, em dois rápidos apontamentos, qual o panorama da resinagem na parte que diz respeito à lavoura e quais são as suas apreensões de momento relativamente à evolução que se desenha no ciclo evolutivo desse seu rico produto que é a resina.

Já mais de uma. vez nesta Assembleia, teimosamente, falei da educação" e nível de instrução das populações rurais e do sentido em que muitos produtores entendem que se deve procurar o progresso da sua actividade. Produzir. Industrializar. Comercializar. Para isso: educar, instruir e estruturar.

O Sr. Augusto Simões: - Muito bem !

O Orador: - Quando, há um século, começou em Portugal a transformação da resina, o lavrador cuidava, como agora alguns ainda julgam, que a ele só competia, altivamente, produzir, desdenhando o seu bocado das outras actividades que trabalhavam e negociavam os seus produtos. A grande função, ligada à consideração que advinha da posse da terra, era a da obtenção dos produtos fundamentais, essenciais à vida das populações. E não se pensava na altura, nem alguns pensam agora, que limitando-se sómente a produzir se ficaria com a parte mais seca do bolo.

E não se lhe disse que deveria industrializar os seus produtos, que deveria, se necessário fora, associar-se para isso.

Era incipiente a ideia de indústrias complementares da agricultura, mas sobretudo os homens da terra entregues à rudeza, mas ao mesmo tempo nobreza do seu mister, queriam viver, só da são ocupação principal.

E nunca foram educados noutras concepções, nem instruídos de forma diferente, nem os responsáveis pelos seus destinos se preocuparam em lhes incutir uma mentalidade nova que os libertasse da cadeia que os prende.

E, assim, a resina foi e vai-se vendendo em regime absolutamente livre e onde a indústria é mais antiga pululam as fábricas pertença de vários industriais, estabelece-se uma certa concorrência e o prochito atinge preços elevados, mas de uma desigualdade impressionante.

Para permitir uma certa defesa dos pequenos e pequeníssimos produtores em relação aos industriais e seus comissários e refrear abusos foram instituídos pelo Decreto n.º 36 617, de 24 de Novembro de 1947, os contratos colectivos de resinagem dos pinhais através dos grémios da lavoura.

Logicamente, como o volume de resina em oferta, expresso em número de indecisões, era maior deveria haver maior interesse por parte dos compradores e o preço por incisão deveria subir. E assim parece que tem acontecido nalguns sítios em que os contratos colectivos através dos grémios da lavoura estão a funcionar bem. Mas nem por toda a parte.

Há, segundo se diz, no Centro e Sul pagamentos por incisão da ordem dos 14$, 16$, 17$ e, excepcionalmente, 20$, porque a concorrência é grande, a maior parte das fábricas aí se localizaram, e também parece que o rendimento por ferida excede bastante aquele que se verifica no Norte, embora os serviços técnicos