812 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 213
eido para evitar as suas nefastas consequências económico-sociais. Pode ainda procurar-se um certo correctivo encarando de futuro com mais objectividade as actividades e interesses regionais que ofereçam, garantia de êxito por existência de matéria-prima ou por tradicional actividade profissional.
Todo o esforço em qualquer campo em que tenha de exercer-se deve previamente ser esquematizado e ordenado num plano, sem o que nos arriscamos ao insucesso ou à incidência perturbadora em sectores afins ou distantes, motivando ajustamentos com paragens e retrocessos prejudiciais; para o evitar deve o pensamento planeador abranger todo o território nacional e, bem assim, todas as particularidades.
Só coar o achega para o gizar de um planeamento geral se justificam os meus apontamentos feitos com o pensamento voltado para alguns aspectos do panorama económico do Algarve.
A atenção logo distingue duas ordens de paisagens: uma de feição agrícola e outra industrial.
Na agricultura sobressaem as perspectivas que nos apontam a fertilidade das terras de regadio, beneficiadas 01. não pelas obras de hidráulica agrícola, as terras de sequeiro e de barrocal, cobertas por densa e rica arborização e a escalvada e nua região serrana.
Das terras férteis, que poucas são para a cultura arvense e de regadio e produção de fruta não se tira o rendimento de que são susceptíveis por falta de compreensão da lavoura e. orientação superior por parte dos serviços oficiais classificados para a dar. Deficiência que mais se evidenciou depois das obras de hidráulica agrícola por não se terem encaminhado as culturas requeridas pela natureza do solo e as condições meso-lógicas, permitindo a intensificação e a extensão da cultura do produto de que o mercado interno está saturado e só com grandes prejuízos são aceites nos mercados externos.
Por exemplo, em .lugar de se alargar a cultura do arroz e do milho em quantidades que não carecemos nem temos facilidade de exportar, porque não intensificamos 3 cultivo do tomate, feijão, favas e ervilhas para correr em verde, e de espécies hortícolas e frutíferas que aquelas terras produzem com antecedência no conjunto continental, o que dá a garantia de consumo e de preço remunerador e facilitaria o melhoramento de nossa dieta alimentar? Ainda há que ter em mente as probabilidades de exportação pelo aprimorado do seu saber e de apresentação, mediante uma selecção apurada das castas e de rigorosa escolha como se pratica lá fora.
Com razão se condena no parecer esta falta de comando dizendo: a com efeito, um plano de rega não é apena construir barragens ou canais, obter água e distribui-la. Tecnicamente se pode dizer ser essa obra a de menor projecção nó conjunto do plano.
Escolher os terrenos e as produções que melhor se lhes adaptem, preparar os terrenos para receber as culturas, experimentar continuamente sobre os tipos de rendimento, auxiliar com eficácia os regantes, dispor depois de mercados para as suas colheitas, estudar o nível de preços relacionados com os custos e, outros problemas, são o fundo de um plano de rega".
Isto foi notado no conjunto nacional das obras de irrigação, que, por imprevidência, falharam nos seus aspectos económicos, sociais e. dietéticos. Que este reparo feito per quem tem autoridade de sobejo sirva para alertar os planeadores das obras de irrigação do Alentejo, de que tanto se espera.
As III adidas orientadoras deviam ter carácter compulsivo, n: I falta de entendimento para as seguir voluntariamente.
No ambiente, agrícola do Algarve as árvores produtoras dos chamados frutos secos ainda mantêm um valor económico de relevo no domínio das exportações que não se pode desprezar e às quais se tem de acudir com medidas que aumentem e impeçam a contínua degradação nos mercados internacionais de preços e procura dos seus frutos, onde tão bem eram aceites e onde estão sofrendo preterições a favor de outros países* mais atentos do que nós às exigências dos mercados internacionais e que está tendo os seus reflexos no desequilíbrio da nossa balança comercial.
O aspecto confrangedor da terra algarvia é o que nos dá a região serrana, despida e estéril, numa área que abrange cerca de 45 por cento da área total da província e localiza um ponto morto do território português que se podia transformar em riqueza colectiva com o seu aproveitamento florestal.
Situação que se mantém apesar de clamorosamente apregoada e conhecida dos Poderes Públicos, para a qual já foi feito o respectivo estudo técnico-económico e a que não se acode porque não está .feito o levantamento geométrico e cadastral.
A situação não se compadece com a demora que resulta deste levantamento, que nem sequer foi iniciado, e que pede por isso uma solução de emergência para evitar o completo despovoamento de pouco menos de metade da província do Algarve..
Desviando agora a atenção para as actividades industriais, deparam-se-nos de maneira relevante os sectores de maior valia, que são os da pesca e das conservas de peixe, com as suas tradições, que vão até à instalação das primeiras fábricas do País. O poder de laboração das fábricas de conservas de peixe e a sua prosperidade provêm essencialmente dos resultados da pesca, por marcharem para passa numa interdependência fatal as indústrias de pesca e de conserva. As suas crises são periódicas e cada vez mais acentuadas e repetidas por falta de peixe, o que leva a procurar remédio no melhor equipamento e no maior campo de acção para lançar as artes no exercício do seu mister.
À cabeça dos peixes que podem alimentar com mais segurança a indústria de conservas situa-se o atum, por se considerarem inesgotáveis os seus. pesqueiros, situados em quase todos os .mares.
A atestá-la está a actividade piscatória que o procura em todo o Mundo, representada por uma pesca que atingiu no triénio de 1957-1959 1 883 000 t, colocando-se em primeiro lugar o Japão, com 825 000 t,, ocupando nós o 14.º lugar, com 22 000 t, incluindo 9000 t de cavala e sarda, que são também da família dos tunídeos, e a Espanha em 6.º lugar, com 61 0.001, incluindo 15 000 t de cavala e sarda, isto segundo os dados fornecidos pelo lear Book o f Fishery Statistics.
O lugar que ocupamos não está em relação com as nossas .condições de pescadores e conserveiros de tunídeos. O Governo não está completamente alheio à importância mundial dada à pesca do atum, como se revela pela inscrição no II Plano de Fomento da quantidade 87 600 contos para a construção de cinco grandes atuneiros, de dezasseis embarcações para a pesca costeira e instalações em terra e equipamento frigorífico e ainda pela criação recente do Grémio dos Armadores da Pesca do Atum.
A economia do Algarve está íntima e eficientemente ligada à indústria de pesca e conserva de atum, mantendo esta, apesar da concorrência, uma posição de relevo nos mercados externos apreciadores da aprimorada conserva portuguesa. A sua laboração tem ultimamente estado dependente do atum importado da Espanha e de Marrocos, e mesmo assim para uma laboração que não