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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 66 1760

O Orador: - Coimbra no domínio das artes plásticas tem no Seu inventario autênticas jóias representativas de todos os nossos ciclos artísticos, desde os medievais até aos contemporâneos.

Coimbra tem graciosos jardins e frondosas alamedas, como o Jardim Botânico único em Portugal, a Alameda de Santa Cruz, o Parque Manuel Braga, o Choupal e a mata do Vale de Canas.

Coimbra tem nos seus miradouros sínteses de beleza incomparável, como o Penedo da Saudade, o Penedo da Meditação e o Vale do Inferno.

Coimbra tem recantos onde o bucolismo do local vivo em noivado perene com o romantismo da tradição, como a Quinta das Lagrimas e a Lapa dos Esteios.

Coimbra tem encantos, como o Portugal dos Pequeninos, que, apesar de ser dos pequeninos, é para os grandes motivo de aliciante atracção pela sua originalidade, pelo seu fino gosto e pelo seu simbolismo altamente educativo.

Coimbra tem as suas festas, como a romaria da Rússia Santa, luzeiro de milhares de peregrinos, a Queima das Fitos, transbordante de graça e de alegria, e as +fogueiras" dos santos populares, que em Coimbra revestem características especiais.

Coimbra tem os seus tipos humanos, em que se salienta o "estudante", de capa e batina, e a "tricana", de xale a tiracole ou traçado sobre o ombro, e que infelizmente se vai esbatendo nas exigências dissolventes da moda.

Coimbra tem as suas canções, em que avultam os fados e as serenatas, as marchas das "fogueiras" e as cantigas dos seus numerosos ranchos.

Coimbra tem também uma doçaria regional, como os pastéis de Santa Clara, as arrufadas de Coimbra, as queijadas de Pereira, os pastais de Tentúgal, os bolos de coroa e as espigas de Montemor.

Na alma do povo de Coimbra vivem factos adormecidos que a lenda rendilhou de magia e de beleza, como o Bispo Negro, Inês de Castro, a Fonte dos Amores e o Milagre das Rosas.

Por isso, e não obstante o nosso movimento turístico ser acentuadamente reduzido em confronto com outros países, como a Franca, a Suíça, a Itália e a nossa vizinha Espanha, os estrangeiros que se utilizaram dos serviços de turismo da cidade de Coimbra atingiram em 1957 o número de 9598; em 1958, 9276; em 1959, 13 516; em 1960, 19 784; em 1961, 15 598, e em 1962, excluindo o mês de Dezembro, 12 395.

Um eficiente aproveitamento turístico de Coimbra exige a urbanização condigna da mata do Vale de Canas e que se não percam de vista os preciosos recursos do Choupal, cujas artérias interiores, no estado de abandono a que foram votadas, são, no Inverno, cursos de Agua e, no Verão, montões de areia, devendo ser ligado ao aglomerado citadino pela avenida marginal, cujo prolongamento se impõe.

Numa época de velocidade não se pode descurar, também, u conclusão, que já vai tardando, do campo de aviação de Coimbra, cujos pistas, já rasgadas, aguardam apenas a pavimentação para darem a toda a região o seu valioso concurso.

Não obstante a louvável iniciativa privada neste sector, Coimbra carece de uma revisão da sua indústria hoteleira, pois, no presente, além de algumas pensões, tem dois hotéis de 1ª classe, três de 3.ª, mas não tem nenhum hotel de 2.ª classe, o que constitui uma lacuna que é imperioso preencher.

O aproveitamento do Mondego permitirá também a formação de um regolfo junto da cidade, para natação e praia fluvial, que será do maior alcance turístico numa zona que no Estio, é dadejada pelos raios de um sol que nem sempre se mostra afagoso e clemente.

As albufeiras o lagos artificiais resultantes daquele aproveitamento proporcionarão o desporto da vela. do remo e do esqui aquático na zona central do País.

Sr. Presidente: o aproveitamento da bacia do Mondego, que já foi objecto de numerosos estudos doutamente elaborados pela Companhia Eléctrica das Beiras, proporcionará o incremento turístico, não apenas de Coimbra, mas de outras localidades, entre as quais se destaca a Figueira da Foz onde só polarizam recursos extraordinários que ainda não foram devidamente considerados. E nem só a cidade, mas todo o conjunto dos seus arredores, sentirá o dealbar de um surto de progresso.

Da serra da Boa Viagem, em instantâneos surpreendentes, o turista descortina a altivez da montanha, a amenidade de imensas planuras e a sedução de um mar majestoso.

Serra dotada de condições apreciáveis para o desporto, designadamente a caça e o golfe em certas áreas, deverá ver as suas lombas e vertentes enriquecidas com o conforto de convidativas estalagens, magnífico complemento hoteleiro da risonha cidade que bucolicamente se espalma a seus pés.

As lagoas de Quiaios, ainda tão pouco conhecidas do grande público, podem constituir um admirável recanto do pesca desportiva desde que se proceda ao seu povoamento com espécies adequadas.

As praias da Figueira, com areias aveludadas e invulgares cambiantes de luz, acorrem não só os nacionais, mas numerosos estrangeiros, mormente os espanhóis das regiões de Salamanca, de Cáceres e de Badajoz, ambiciosos de brisas e de mar refrescantes que a natureza lhes não prodigalizou.

E nem se diga que a temperatura das águas do mar da Figueira, que oscila entre 15º e 17º, não é a mais cobiçada pelo turista estrangeiro que viria a Portugal na mira de águas mais tépidas, pois aquela temperatura é a mais aconselhável na época estival e, designadamente, para turistas oriundos de climas menos temperados que o nosso.

O aproveitamento integral do Mondego possibilitará ainda a abertura da estrada marginal entre Coimbra e a Figueira, numa perspectiva de benefícios que seria supérfluo encarecer.

Outro local de turismo que aguarda impaciente a hora em que se lhe faça justiça é o pitoresco burgo de Mira, com a sua praia de mar sereno e de floresta acolhedora e a sua barrinha de água doce, de margens caprichosas, atufadas de verdura e de flores silvestres, que brotam a esmo numa feiticeira policromia. Pois esta praia ainda há pouco não possuía uma estação de correio.

Quando soará a hora em que os órgãos do turismo olhem com magnanimidade e solicitude para a praia de Mira, descobrindo aos olhos do visitante as belezas que ela encerra?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: não é só Coimbra que beneficiará turisticamente do aproveitamento do Mondego, mas toda a região que a circunda e se perde pelas Beiras dentro, desde o mar até aos oure-los nevados da Estrala.

E Condeixa com as suas valiosas ruínas romanas, por onde pairam rondas evocativas.

É Montemor-o-Velho e Penela, com os seus admiráveis castelos, onde ainda se descobre a glória de passadas eras.