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11 DE JANEIRO DE 1963 1797

nomia administrativa, converter em apoteose a recepção ao seu rei e demonstrar-lhe, à plenitude do sentimento e da razão, que outra não era a sua causa, nem outra a sua bandeira, senão a de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Rememorei a viagem do general Carmona em 1941 e encontrei o mesmo povo, que ainda se não havia refeito totalmente das desordens e dos estragos causados por quinze anos de desgraçada política demagógica, vibrar de entusiasmo à passagem da sua figura insinuante e nela celebrar com verdadeira admiração e confiança as novas perspectivas do ressurgimento nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Recordei a jornada do general Craveiro Lopes em 1957, e mais uma vez vi este povo, já então habituado as exigências de "mais e melhor:", acorrer em massa, com palmas de alegria e de reconhecimento por tudo quanto de benéfico havia em sua volta.

E todas estas visitas, quer fossem colocadas a distância de 460 anos do primitivo povoamento dos Açores, como a primeira, quer fossem a espaços mais curtos de 40 e de 16 anos, como a segunda ou a terceira, me deram u certeza de que os insulares, bem mais do que as contingências dos regimes ou da política e até bem mais do que as próprias conveniências locais ou pessoais, prezavam a honra de ser portugueses e, como tal, jamais poderiam deixar de pôr a fidalguia da sua origem ao serviço dos indefectíveis sentimentos de fidelidade ao seu país.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não me admirei, pois, quando no dia 5 de Julho de 1962 encontrei enorme multidão a pejar as ruas e as praças da cidade de Ponta Delgada.

O Chefe do Estado, pela quarta vez, iria desembarcar dali a pouco, e isso bastava para que todos sentissem a obrigação não só de estar, cortesmente, presentes à chegada, mas ainda de levar àquele que detinha em suas mãos as maiores responsabilidades do rumo da Nação, em momento tão grave para a sua história, a certeza da sua inteira solidariedade e o calor da sua mais viva devoção.

Quando S. Ex.ª o Sr. Almirante Américo Tomás apareceu, pela primeira vez, na tribuna, não foram só os soldados que se perfilaram e lhe apresentaram armas da ordenança - foram as almas de todos nós.

O Sr. Santos Bessa: - Muito bem!

O Orador: - Os passos que depois deu não encontraram apenas as flores que em chuva ininterrupta lhe atiravam por toda a parte as mãos patrícias das senhoras açorianas - encontraram os nossos próprios corações.

Neles não havia somente a alegria do encontro: havia fé e firmeza a alicerçarem os destinos de uma pátria.

Nos breves quatro dias que durou a curta estada de S. Ex.ª em S. Miguel ninguém lhe formulou qualquer pedido. Todos sentiram que a honra e a transcendência da visita sobrelevava o valor de qualquer aspiração material.

Mas o Sr. Almirante Américo Tomás não quis ser, perante os 171 000 habitantes da minha ilha, um simples magistrado de feição dura, que parecesse arrancado às tábuas de Nuno Gonçalves.

Ele teve sempre nos lábios um sorriso ou uma frase carinhosa para todos.

Ele nunca negou a sua mão ou o seu abraço fosse a quem fosse.

Sentia-se que a sua alma andava enlevada na contemplação de tanto entusiasmo e de tanta dedicação; percebia-se que o seu desejo era poder corresponder a tanta sinceridade e a tanta simpatia, mas não se esperava que a sua generosidade pudesse sair do círculo apertado das cautelas oficiais para vir ao encontro das nossas mais instantes necessidades.

Foi, pois, com imensa satisfação e surpresa que no final do banquete de despedida pudemos ouvir de S. Ex.ª estas alentadoras palavras ao erguer a sua taça:

Bebo pela satisfação das vossas justas e legítimas aspirações, das quais a primordial, para S. Miguel, terá de ser, posso dizê-lo, realizada durante os próximos anos de 1963 e 1964.

Era a promessa velada, mós peremptória, da construção do novo aeroporto por que S. Miguel se batia há mais de dezoito anos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Era o cessar de uma angústia que tantas vezes se expressava com esgares de desespero frente a impossibilidade de sair da ilha em momentos de grave ou fatal imperiosidade!

Era até o cessar de uma situação de injustiça para com todos os proprietários das terras do antigo e precário campo de Santana, e que a ninguém honrava!

O imenso júbilo que se apoderou de todos quantos puderam ouvir semelhante afirmação só no outro dia pôde chegar ao conhecimento do público pelos jornais.

A essa hora, porém, S. Ex.ª o Presidente da República desembarcava do Pêro Escolar na ilha Terceira, onde, na "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo", iria receber novas demonstrações de fé e de patriotismo.

Daí seguiria para o Faial, onde se repetiriam as mesmas palmas, os mesmos vivas e os mesmos sentimentos, e depois para a Madeira, onde, alfim, terminaria com o maior esplendor essa verdadeira viagem triunfal.

S. Miguel não teve assim ensejo de juntar ao agradecimento que tributou a S. Ex.ª pela visita presidencial, na manhã do dia 9 de Julho, todo o reconhecimento que ficava a pairar-lhe na alma por tão excepcional prova de carinho.

Mas desde então não deixou de sentir, como imperativo de consciência, ter de fazê-lo em qualquer outra ocasião.

Na sequência da declaração então proferida cinco meses se passaram sem que fosse possível saber-se ao certo quando se tornaria realidade aquilo que parecia atreito ao campo da utopia.

Porém, em 28 de Dezembro próximo passado, S. Ex.ª o Sr. Ministro das Comunicações quis ter a amabilidade de nos participar telegraficamente que as verbas necessárias para a aquisição dos terrenos e para o início dos obras do nosso aeroporto acabavam de ser incluídas no Orçamento Geral do Estado para o ano de 1963..

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto equivalia a possibilidade imediata da materialização da promessa.

Isto tornava inadiável o dever de agradecer.

É esta, pois, a agradável missão de que hoje me incumbo nesta Assembleia, daqui dirigindo, em primeiro lugar, a S. Ex.ª o Sr. Presidente da República - a quem os Açores ficaram a dever em Julho passado tão altas