O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

11 DE JANEIRO DE 1963 1799

de laboriosos minhotos que em terras de Santa Cruz têm edificado o seu destino, contribuindo ao mesmo tempo para a grandeza da imensa e acolhedora nação que lhe abriu os braços promissores.

Quando esteve em Portugal como Chefe de Estado, ele devia então visitar o distrito de Braga, que o esperava ansiosamente paru o florir com a sua ternura agradecida; mas as exigências e responsabilidades do seu cargo não consentiram que promovêssemos a festa da nossa alegria, e ele teve de regressar ao Brasil mais cedo do que conta vamos.

Foi pena, foi muita pena, que assim sucedesse - dissemos com muita tristeza, sentindo perder-se a hora singular em que poderíamos aclamá-la em pessoa dentro dos nossos próprios muros.

Quis a Providência - e quis também a sua inesgotável bondade - que essa visita se vá efectivar agora, já não como Chefe de Estado, mas como cidadão, como senador, como camarada e amigo, a quem não suo necessárias credenciais para entrar faustosamente na nossa casa entre palmas e reverências.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para nós, ele é sempre o Dr. Juscelino; não importam os títulos, importa a sua condição de brasileiro insigne que vai em peregrinação pelos lugares sagrados da Pátria: pelo Castelo e pelos Paços do Duque de Guimarães; pela capelinha onde se baptizou o nosso primeiro rei; pelo campo de S. Mamede, onde se travou a batalha decisiva que definiu as linhas seguras da personalidade nacional; pelo templo da Sé Primaz, em Braga, que guarda os túmulos de D. Teresa e do conde D. Henrique, os primeiros soberanos de Portugal, e onde tantos prelados eminentes têm orado pela salvação e pela glorificação de Portugal.

Peregrinação de saudade será essa, porque o Dr. Juscelino, como todos os brasileiros, proveio do mesmo tronco robusto e altivo, e tanto que ao beijar, em Brasília, no dia grande da sua inauguração, a cruz de Frei Henrique de Coimbra, que serviu no altar improvisado em que foi rezada a primeira missa após a descoberta do Brasil, ele não conteve as lágrimas, segundo o testemunho de S. E. o Cardeal-Patriarca, que ali a transportou como legado pontifício.

Essa cruz vai agora decerto ser de novo por ele beijada no ambiente tão empolgante de espiritualidade da catedral bracarense, padrão imortal que não se contempla sem um estremecimento de orgulho. Ela parece afirmar que, à sua sombra, o Brasil o Portugal oferecem um espectáculo de confiança no futuro dos seus destinos - confiança que, sem em burgo das angustiosas preocupações sobre a marcha da humanidade, dá, todavia, a ambos os países o máximo possível de serenidade e de coragem neste lance dramático da História. É que o Brasil, como Portugal, será sempre cristão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não escondo que foi com a maior alegria e até o maior orgulho que recebi a notícia da ida do Dr. Juscelino a Braga, que me foi transmitida, quando acompanhava o delegado do Aeroclube daquela cidade, por outro grande amigo de Portugal e também apaixonado da plena, efectivação da comunidade luso-brasileira - o embaixador Negrão de Lima, diplomata eminente, a quem tanto deve a causa das relações e do intercâmbio entre os dois povos irmãos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pedro Calmon celebrou um dia a cidade de Braga como a raiz da religião do Brasil, e assim é. Está a afirmação registada no livro de ouro da sua Câmara Municipal. Depois de atravessar essa Beira magnífica de paisagens severas e bucólicas, de gente sã e leal, o Dr. Juscelino desce às terras onde Portugal surgiu para a civilização. As raízes da religião e da Pátria estão ali realmente na sua catolicidade e no seu indefectível patriotismo, tão heroicamente assinalado no sangue moço vertido no ultramar na luta contra os bárbaros de várias cores.

Em Braga reavivará, como unte as muralhas do Castelo de Guimarães, as profundas razões que o determinam a amar Portugal. O grande brasileiro ali afervorará as suas crenças mais íntimas e todos nós sabemos que, partindo delas, muito poderá ainda contribuir pura a aproximação, não verbal nem académica, mas sim concreta e frutuosa, entre os dois países das margens do Atlântico que Deus fadou para cabeças de dois mundos iguais.

Sr. Presidente: já nesta Assembleia a comunidade luso-brasileira foi brilhantemente enaltecida pelo ilustre Deputado Dr. Júlio Evangelista, e ainda parecem nela reboar os ecos do notabilíssimo discurso que o Deputado Prof. Doutor Lopes de Almeida proferiu ao saudar o Presidente Café Filho. São bem despretensiosas e bem pálidas as minhas palavras em confronto com as que então se pronunciaram, mas o coração - esse é o mesmo. O coração dos bons portugueses que amam ternamente as terras de San tu Cruz.

Vem aí o "Voo du Amizade". Juscelino está a caminho das costas de Portugal. Nunca a palavra "amizade" teve tão alto significado. E de tristeza, porque de invernia, a época em Portugal, mas temos a certeza de que o coração de todos os portugueses estará em festa para festejar o grande amigo que chega.

Tenho dito.

Vozes:-Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: a primeira parte da ordem do dia é a votação sobre o pedido de renuncia apresentado pelo Sr Deputado Gonçalves Rodrigues. A votação vai ser feita por escrutínio secreto, por meio de esferas brancos e esferas pretas.

A esfera branca exprime o voto de não aceitação da renúncia; a esfera preta exprime o voto de aceitação da renúncia.

Para efeito da votação estão na mesa que se encontra diante de mim duas umas: a n.º 1 e a n.º 2 uma n.º l é aquela em que se exprime o voto; a n.º 2 funciona como contraprova.

A cada um de VV. Ex.ªs vão ser distribuídas duas esferas: uma branca e outra preta.

Creio que disse o suficiente para VV. Ex.ªs ficarem devidamente esclarecidos. Noutras votações anteriores tem havido enganos, por vezes. Espero que desta vez não suceda o mesmo, e que, repito, VV. Ex.ªs tenham ficado perfeitamente esclarecidos.

Vai, pois, iniciar-se a votação.

Fez-se a votação.