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Diário das sessões 1832

O Orador: - Um dia dirigiu-se a uma turma de jovens que se preparavam para deixar a Universidade Católica de S. Paulo a seguir a formatura e exortou-os assim a que não hesitassem em ser ambiciosos:

Ambição nobre, ambição que é ímpeto criador, que é esperança, que é energia, que é gosto pela vida, que é bem querer a Pátria (...). Ambição justa, feita de fé e de dignidade desafiada, ambição capaz de movimentar tudo, de revolver a terra para que produza melhor e mais abundantemente. Ambição despida de qualquer egoísmo, de qualquer inveja pelo progresso que os outros conquistaram com esforço próprio, luta indormida e obstinação.

Não á só o gigante de Brasília. É o hércules que se lança ardorosamente no seu país conquistas económicas e sociais; que vive, desde a infância, dos problemas da escola brasileira "e os serve no Governo de Minas Gerais e na Presidência da República; que promove e anima a construção de milhares de quilómetros de rodovias, pontas de lança no desconhecido", do Norte ao Sul, sobre a imensidade brasileira; que, partindo do princípio de que não há economia tranquila, altera profundamente o panorama industrial brasileiro, entregando-se a empreendimentos de vulto, como o aumento da capacidade siderúrgica de Volta Redonda e as obras, que deixou estruturadas e lançadas, de Ipatinga e Piacaguera; que quebra "as amarras ri a timidez" e risca das pautas as palavras importação de veículos automotores", com a criação de um considerável parque de fábricas de auto veículos e autopeças"; que não recua perante a necessidade de construir estaleiros navais; que não sofre o estrangulamento no sector energético e ataca o problema através de sobras ciclópicos" no rio de 8. Francisco, em Três Marias, no rio Grande, em Fumas, e de outras obras mais modestas, mas igualmente necessárias, sacudindo entorpecimentos, formando gente arrojada e tecnicamente disposta a tornar possíveis outros ciclópicos empreendimentos, como o da central eléctrica de Urubupungá; que na consciência de forjar o próprio destino do seu país, trava a batalha do petróleo e consegue catorze vezes mais petróleo; que, olhando esclarecidamente para o futuro, estabelece as bases indispensáveis' a uma política nacional de energia atómica; que, tendo presente na imagem do homem desajudado a ver estiolarem-se seus empenhos em face das forças da natureza", traça, com segurança, a programação frutuosa de seis metas consagradas ao desenvolvimento da produção rural; que considera o quadro das suas realizações menos importante do que a criação do espírito de desenvolvimento" num grande país que tem nordestes além do Nordeste - "a vastidão verde e quieta da Amazónia, o tremendo chapadão do Brasil Central, o vale de S. Francisco, as margens do rio Doce, a bacia do Paraná-Uruguai".

Mas este homem, este homem que quis que o Brasil caminhasse 50 anos em 5, e tudo fez com êxito para isso, não podia também deixar de ser um homem de convicções.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ele mesmo o declara, em termos impressivos:

Não sou dos que se atrelam aventureiramente aos carros que passam. Só a convicção íntima me leva a enveredar para caminhos que de costume não trilhei, nem trilho. Sou um homem de convicções. Sempre o fui.

Que ó a convicção?

Certeza de consciência!

Consciência dos factos e dos resultados possíveis - consciência das virtualidades da acção.

Juscelino Kubitschek de Oliveira possui, no mais alto é devido grau,- essa consciência. Por isso é e sempre foi um homem de convicções manifestadas desde os seus primeiros passos políticos e administrativos - como afirma na sua linguagem cheia de vivacidade - até ao mais alto deles, o de levar o Brasil a Operação Pan-Americana", que, visando a unidade e o fortalecimento de todo um continente, constitui, ao mesmo tempo, um processo de recuperação e mobilização de valores contra a ofensiva comunista e uma força de apoio :i causa do Ocidente, que não será sustentável se mantiver apenas o espírito defensivo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E ainda bem que o Dr. Juscelino Kubitschek é um homem de acção e um homem de convicções, pois poderia ser uma coisa e outra, e não ser, como ò, um homem do Ocidente, que por mais de uma vez o tem alertado sobre a conveniência de se harmonizar e fundir numa só atitude contra "os perigos a ameaças do materialismo agressivo".

A sua inteligência de ocidental resoluto penetra, com n mais lúcida justeza, os problemas da hora presente e vive-os com a intensidade de um apóstolo.

Atento e dinâmico, é um daqueles que percorrem os bastiões - os que restam, e são ainda os principais -, apontando aos indiferentes ou mal avisados as hostes inimigas, que tentarão o assalto geral se ganharem a periferia, onde principiaram, há que tempos, as suas danadas incursões.

O lance de redenção, que sonhou e quer para a América Latina e para todo o continente americano, não é um acto de egoísmo a escala regional, ainda que relativa a uma enorme extensão territorial e humana. É um acto de fé na justiça de uma causa, um compromisso de luta em terreno de combate, uma afirmativa irremovível na hora do sim ou do não.

Homem de convicções! Homem de acção! Homem do Ocidente!

Mas para nós, portugueses, este homem, que pratica a dignidade do esforço, que não se esquiva à fidelidade a si próprio, que não renegou o mundo em que se formou e o defende com veemente preocupação, este homem conta entre as suas virtudes, que são muitas, ainda mais uma virtude - a do ser amigo de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Amigo pelo coração e amigo pela inteligência.

Sentimentalmente, ele é um brasileiro que não esquece as veias mestras que deram sangue para a existência brasileira. Arde-lhe no peito a chama votiva, que não deixa esfriar o passado entre cinzas. Actuantes e proveitosas, a história e a geografia não lhe fogem da associação a que as vincula nobremente Manuel Rodrigues Ferreira no seu livro Nas Selvas Amazónicas, embora Georges Lefebvre considere a primeira como a disciplina indispensável à educação do espírito, u vigilância do sistema social, a conservação no seio da comunidade nacional da consciência