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16 DE JANEIRO DE 1936 1835

na guerra a glória do seu nome ou a. vitalidade das suas pátrias. Tudo podo ser perdoável, menos isso! E, no entanto, se há hora de paz falseada, nos factos reais e na movimentação das ideias - e nós o estamos sentido em toda a extensão e profundidade -, essa é a hora que estamos vivendo, num mundo que se vai forjando só pela guerra ou pelo espírito da guerra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A juventude portuguesa que se tem batido em África lá tem, a darem-lhe nome e crédito, a sua consciência e os seus actos, e ela não tomará à má parte que a lembremos, com orgulho e respeito, no momento em que evocamos um homem feito na escola de África e que em África se bateu com coragem, abnegação e desinteresse e ali foi modelo da honra dos soldados!

Não hão-de querer ser-lhes inferiores todos esses outros jovens que por aí andam e aos quais queremos supor que a nossa longa paz não tenha insensibilizado os nervos nem os ventos da história tenham deformado as consciências.

Seja assim permitida a um português que tem em risco o sangue de quatro filhos varões esta evocação de uma juventude, condenada à honra dos perigos e dos sacrifícios, na medida em que dela vai depender a unidade, a integridade, a continuidade de Portugal, evocação cabida no momento em que se lembra com orgulho um homem, um soldado, um português, que desde novo a velho esteve sempre presente, com risco e desprezo da vida própria, onde foi preciso sustentar a causa e a vida da comunidade dos portugueses. É esse homem que hoje comovidamente aqui se evoca: o militar Manuel de Oliveira Gomes da Costa, em cujas mãos mais pesou o bastão de marechal do Exército do que a espada ágil do soldado com que em todas as circunstâncias defendeu, serviu e honrou os interesses da Nação e o nome de Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Meneses Soares: - Sr. Presidente: ao usar da palavra nesta Assembleia no principiar do ano de 1963, tenho a honra de dirigir a V. Ex.ª os meus mais respeitosos cumprimentos, acompanhados dos votos mais sinceros e veementes, a desejar que Deus conceda a V. Ex.ª a melhor saúde e prosperidades, de forma que continuemos a ver presidir aos destinos desta alta Câmara uma tão lúcida inteligência e esclarecida compreensão dos nossos anseios, qualidades que nos habituámos a admirar, de há longos anos, na tão forte e bem vincada personalidade do nosso querido Presidente.

E conceda-me V. Ex.ª, Sr. Presidente, a devida vénia para que envolva no mesmo abraço amigo, pois assim me apraz qualificar este meu acto, o nosso leader, Sr. Dr. José Soares da Fonseca, bom e querido amigo, valoroso camarada de luta, sempre pronto a conceder-nos os primores da sua inteligente e humana maneira de sentir, no seu exemplo, sempre firme, de trabalhar e conduzir as opiniões dos homens e sua interpretação dos factos, dentro da mais pura fidelidade aos ideais que nós professamos. Que Deus continue a conceder-lhe, Sr. Dr. Soares da Fonseca, a mesma clara lucidez de espírito que até hoje lhe doou são os meus votos, que espero, apesar de modestos, o convençam da sinceridade com que são feitos.

A todos os meus queridos colegas desta Câmara quero desejar, no dealbar deste ano que mal começa, o bem de que são dignos, pela grande alma e alta inteligência que constantemente revelam.

Sr. Presidente: por vozes mais autorizadas e palavras mais eloquentes do que as minhas aqui tem sido levantado várias vezes o problema difícil e complicado - que em alguns dos seus aspectos se pode classificar de desastre - da economia do Alentejo, através das consequências dos vários problemas que dificultam a sua exploração agrícola; não é para mais uma vez expender o rol das causas e dos factos que quase levam a um ruinoso descalabro a vida económica de quase toda uma província, pois já por outrem tem sido levantado esse enunciar de problemas, e através desta Câmara, ou por via mais directa, têm chegado até ao Governo, que, aliás, eu calculo que bem se apercebe deles; disso podemos concluir por todas as medidas que têm sido promulgadas nos últimos meses, medidas essas com que o Governo pensa, num futuro mais ou menos próximo, mas que pessoalmente considero um pouco longínquo, serem debelados muitos dos efeitos do desequilíbrio económico daquela região.

À frente das medidas preconizadas, e que estão a ser levadas a efeito pela acção governamental, está o plano da rega do Alentejo, que nos atrevemos a pensar, no caso do distrito de Beja, levará, dentro de algumas dezenas de anos e a algumas das nossas regiões, uma prosperidade real, embora condicionada à criação de mercados capazes de esgotar a produção do tão extensas zonas do regadio.

E porque julgo saber que a realização do tão arrojado plano só é levada a efeito depois de muitos e aturados estudos, pelo Ministério das Obras Públicas, no que diz respeito à sua execução, e pelo Ministério da Economia, na parte respeitante ao seu comando económico, e nos diferentes aspectos das suas consequências técnico-económicas, não quero, de forma alguma, deixar de dirigir, como é devido, os meus mais veementes agradecimentos aos ilustres titulares da pasta das Obras Públicas e aos antigos e actuais detentores dos sectores da Economia, Agricultura, Comércio e Indústria, pela quota-parte que lhes coube na antevisão de tão transcendente revolução na vida económica do agro alentejano.

Faço-o com a certeza adquirida de que o statu que não é de manter, pois a vida económica do Baixo Alentejo sofre de uma estagnação relativa, que, a não serem tomadas quaisquer medidas, mais ou menos drásticas, depressa será conduzida à sua ruína total, pelo não aproveitamento das suas naturais condições de produção, que tanto podem posar na economia do País.

E permito-me chamar revolução, pois de tal se trata, por exigir uma profunda modificação nos processos económicos, mas mais ainda, por tornar necessário modificar profundamente o espírito de empresa e iniciativa de toda a sua população activa. Esse é, no meu fraco entender, o fenómeno mais relevante e que maiores incómodos tom causado e causará, conduzindo a situações aparentemente paradoxais, para cuja compreensão é necessária a maior serenidade dos espíritos e a maior elasticidade nas inteligências, pois as opiniões continuam e hão-de continuar a estar muito divididas em vários campos; e, afinal, todos parecem ter razão, simplesmente os fenómenos avaliados são diferentes, embora se confun-dam pela sua própria natureza.

Mas, Sr. Presidente, factos são factos, e do que não há dúvida nenhuma é de que o Governo tem actuado no bom sentido, isto é, de tentar desenvolver uma região um tanto ou quanto económicamente estagnada, e todos os esforços que se façam para modificar tal estado de coisas são dignos de louvor e apreço, na medida em que representam vontade de evoluir, e, finalmente, fazer que o nosso