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31 DE JANEIRO DE 1963 1947

emergência, que se sabe no entanto que virá, até porque as estatísticas e todos os estudos dão como certo o aparecimento de novo problema. E, no entanto, é por todos sabido que neste campo os investimentos terão de ser feitos com sentido de generosidade, sem vista à rentabilidade imediata, pois que o lucro que se colherá virá a longo prazo e colher-se-á não só no campo material como no espiritual, o que quer dizer que abrangerá a vida integral da Nação.
Ignorar esta verdade é ficar com a certeza de que todas as reformas que se promulgarem mais não serão do que bem intencionadas tentativas, mais bem ou menos bem estruturadas, até porque falta a quem as esquematiza a certeza de que terão aplicação. E, no entanto, é necessário olhar de frente para o problema com verdadeiro sentido de realização, tornando os estabelecimentos de ensino verdadeiros centros de formação de indivíduos aptos a enfrentarem a realidade da vida, possuidores de uma cultura e de uma ética de aplicação, verdadeiras elites onde seja possível encontrar técnicos e dirigentes à altura das necessidades nacionais, mormente neste momento de desenvolvimento das estruturas económico-políticas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sendo dos que vivem entre a juventude u a infância, ajudando a desenvolver nelas o seu processo normal de formação, acredito na educação como valor primeiro a considerar na formação de uma mentalidade nacional. Essa mentalidade será aquilo que for a juventude que amanhã dirigirá a Nação, e será mais viril e mais portadora de portugalidade na medida em que o for a preparação que receber durante o seu processo educativo.

A Sr.ª D. Margarida Craveiro Lopes: - Muito bem!

O Orador: - Torna-se assim de grande importância a assistência à criança em idade escolar, assistência física, moral e cívica. Sem uma juventude forte a Nação não poderá ser forte, e se conviermos na necessidade da participação consciente e activa da juventude nas realizações nacionais, certos de que é essa participação que faz a grandeza da Pátria e a sua afirmação no Mundo, estaremos todos de acordo em que é aí que se torna urgente fazer profunda reforma.
Vive a nossa juventude alheada de ideal, separada dos elevados interesses e deveres espirituais, entregue a uma vida de pura finalidade material, não por culpa sua.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na educação da juventude cabe, por absolutamente primordial, papel importante à sua formação no sentido dos ideais superiores da vida humana; o ideal de Deus na sua grandeza espiritual, processo radioso na continuidade da vida do homem no sentido da perenidade da existência: o ideal da caridade como consequência da magnanimidade de Cristo, a sublimação da justiça em relação ao próximo; o ideal de Pátria, a grande família dos irmãos na consanguinidade e na comunhão dos costumes e da tradição. Com vista a Deus a educação deve, no entanto, ser humana e absolutamente capaz, tendendo à integração do indivíduo na sociedade em que terá de viver, e nesse sentido deve visar toda a programação dos estabelecimentos onde se formem, educadores. Sob este aspecto destacam-se as escolas do magistério primário, cujos planos de estudo deveriam tender para uma formação profissional e humana dos professores, em ordem a formar educadores.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Já não é de admitir que nessas escolas não exista uma cadeira de estudos sociais, pois que sendo a profissão de professor primário uma profissão eminentemente educativa, o que pressupõe a formação de vidas de relação, não se compreende que falte a cadeira especializada para essa preparação.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - Tal como essas escolas se encontram a funcionar, os professores dali saídos vêm para o exercício da sua função carecidos dos mais elementares meios para enfrentarem as contingências da profissão, dotados de alguma bagagem teórica, e de alguma prática, mas sem o sentido da realidade do que é a vida sob os aspectos sociais, cheia de problemas que terão de resolver e para que não possuem a menor preparação.
Mas não basta formar educadores, urge que os possamos colocar em condições de poderem desempenhar bem a sua função. Ninguém pode dar o que não tem, e ao professor primário falta a possibilidade de dar à função todo o tempo que conviria que desse. Sem uma situação que permita ao professor uma total vida de função, não é possível dizer-se que a escola primária se encontra em condições de realizar cabalmente a sua missão de educadora e de civilizadora, e sem as condições indispensáveis para que ela seja medianamente atraente não será possível manter quadros estáveis e neles contar com professores-homens.
Sob este aspecto não seria difícil conseguir-se alguma melhoria na situação actual, se se cuidasse de promover uma maior responsabilização da função docente em ordem a uma mais eficaz valorização social do professor, libertando-o de receios e de percentagens, pois que compete à administração pública, através dos seus órgãos, no douto parecer da Câmara Corporativa, proporcionar as condições essenciais para que tal missão se exerça com o mínimo de problemas de natureza individual para quem a exerce.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quando vejo a fuga de professores para outras actividades ou a sua ocupação em actividades privadas, penso na falta, que fazem às populações os seus conselhos amigos e esclarecedores, já que sempre foram eles os tradicionais conselheiros rurais, tão úteis e de tão valiosa acção na formação cívica das populações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: mas como será possível fixar o professor à terra onde exerce se lá nem sequer encontra a casa acolhedora...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ...ou os mais simples meios de aperfeiçoamento profissional e do cultura, longe do bibliotecas especializadas ou de cultura geral, obrigado a viver entre, os limites de uma acanhada dependência, quantas vezes situada no âmbito dos centros de desagregação moral, abandonado de compreensão e estímulos?