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30 DE MARÇO DE 1963 2247

Ascendem a cerca de 250 000 os que estudam nessa idade.

O saldo negativo, negativo porque lhe negamos a possibilidade de ingressar no ensino secundário, é assim de 750 000 rapazes e raparigas entre os 11 e os 16 anos!

Ora, sob pena de virmos a merecer grave condenação da História e nos tornarmos réus de pesada responsabilidade política, temos de procurar, temos de encontrar e temos de realizar a solução que inverta de negativa em positiva a natureza daquele saldo, que à minha exígua capacidade de responsabilidades públicas se antolha como um pesadelo.

750000 candidatos a alunos do ensino liceal, comercial, industrial e agrícola pedem à Nação 750 estabelecimentos daqueles ensinos, supondo a frequência média de 1000 alunos por estabelecimento.

Segundo informação colhida no Ministério das Obras Públicas, o custo de construção de uma escola técnica ou liceu para. a frequência de 1000 alunos está orçamentado em cerca de 12 500 contos.

Como o seu apetrechamento pedagógico, de material didáctico, laboratorial e oficinal, se estima em 2500 contos, cada estabelecimento apto a funcionar exige ao Tesouro Público cerca de 15 000 contos. Daí ocorre que aqueles 750 liceus e escolas técnicas de que carecemos implicariam uma despesa, de 11 250 000 contos!

Em termos orçamentais, esta verba, posta como de necessidade imediata, acarretaria as mais sérias incidências cardíacas a qualquer responsável pelas finanças públicas.

Mesmo que nos abalançássemos a executar aquele programa até ao ano 2000, o dispêndio anual seria de 300 000 contos, sem ter em conta que nestes 40 anos há-de aumentar de muitas dezenas de milhares aquele número de candidatos ao ensino e hão-de avolumar-se as exigências da instrução, mesmo ao nível secundário.

Para bem se medir todo o alcance da dificuldade que se nos depara considere-se ainda que a solução do problema não estaria apenas em disponibilidades financeiras, de que, aliás, não desfrutamos, mas também em quadros docentes bastantes em número, ao menos.

Guiando-me pela mais recente estatística que pude consultar, no nosso ensino secundário é de 18 o número de alunos por professor. Ampliando mesmo aquela proporção a 25 alunos por professor, teríamos de pedir às nossas Universidades que nos fornecessem 30 000 professores que viessem ensinar aqueles 750 000 candidatos a alunos, se por aí pensássemos encontrar a solução.

Ora, admitindo que, além dos licenciados em Letras e Ciências, também os engenheiros, os licenciados em Economia e Finanças e os agrónomos enveredariam pelo magistério, nem assim, fazendo fé, repito, na mais recente estatística, disporíamos de 30 000 novos professores nos próximos 40 anos, já que nas nossas quatro Universidades e nos cursos mencionados apenas cerca de 750 alunos por ano concluem seus cursos. Mas deles nem todos preferem a função docente e ainda bem ...

De uma e de outra forma, a conclusão é, pois, a de absoluta impossibilidade de resolvermos o problema pelos meios tradicionais no que eles supõem de recursos financeiros e quadros docentes, porque é apenas a falta daqueles meios e destes quadros que nos não permitem corresponder a um dos fundamentais anseios da Nação no seu progresso social e económico.

Pesa então sobre nós esta fatalidade a acorrentar-nos a uma situação que nos esmaga o de que jamais poderemos desprender-nos?

Tenho uma confiança ilimitada, no engenho humano, no poder da inteligência e na força da vontade.

Quando se tem fé, as próprias montanhas se afastam do nosso caminho.

Em cada época da história a civilização cria os meios adequados às exigências, que a definem. E porque das do nosso tempo faz parte a instrução para todos, havia ela de criar os meios que assim a permitem. E tê-lo, revolucionando completamente o sistema pedagógico conhecido em toda a história do ensino e no qual todos nós aprendemos: criou a telescola., que responde a uma necessidade presente sentida não apenas entre nós mas a bem dizer em todo o mundo civilizado.

E aponto já o exemplo dos Estados Unidos da América.

O seu dcficit nos quadros docentes era de 135 000 professores e o de salas de aula ascendia a 300 000. Embora de recursos financeiros praticamente ilimitados e dispondo de milhões de alunos e milhares de escolas superiores que em tempo breve lhe permitiriam formar os professores precisos, optou a grande nação, com II eu sentido prático da vida, pelo ensino através da televisão c excedem hoje os 2 000 000 as telescolas. E porque havia zonas fora do alcance normal da televisão criou para elas a telescola com "o emissor da televisão montado a bordo de um avião que se mantém a uma altura conveniente e em forma mais ou menos estacionária, voando em círculo, no centro da zona a atingir".

E refiro também o exemplo do Japão.

"É dos países onde a televisão escolar se encontra mais desenvolvida.

Funciona ali desde í953.

Há uns dez anos. Sobe a mais de 28 000 o número de escolas de vários graus que a utilizam: 3600 escolas maternais, 16 995 escolas primárias, 5973 escolas secundárias e 1529 escolas superiores. Os programas abrangem desde os 4 aos 17 anos. Emissões puramente escolares e de formação profissional. Como matéria de ensino, japonês, inglês, matemática, ciências, história, geografia, tecnologia, sociologia, música, arte, ginástica, trabalhos manuais, etc.

Programa tão vasto supõe evidentemente uma rede privativa de emissores de televisão a funcionar cada dia durante cerca de dez horas e meia.

A rede paralela de emissores do serviço geral, que emito ininterruptamente durante dezoito horas diárias, consagra 8 por cento da emissão à educação e 41 por cento à cultura".

Na Suécia a telescola abrange 6000 escolas e visa sobretudo o ensino profissional, merecendo atenção especial os rapazes dos 14 aos 16 anos.

Na Alemanha a telescola dispõe de seis programas semanais, sobretudo para o ensino secundário e profissional.

A França socorre-se da telescola para o ensino da história, geografia, física, ciências, desenho, economia e línguas em 5000 escolas primárias e secundárias.

Na Inglaterra, na Venezuela, no México e na Suíça, a telescola está em amplo progresso e nela são objecto do ensino, a história, a geografia, as ciências, as línguas, a psicologia, a química, a biologia, a matemática, a agronomia, a arqueologia, etc.

A Espanha, segundo a informação que pude colher, está já a estudar o problema com decidido interesse, pensando encontrar aí a solução para a sua situação escolar.

Não desejo encerrar esta série de referências à telescola por esse Mundo, sem anotar o caso da Itália, que bem merece uma referência muito particular, por se me afigurar que ocorreu a condições muito semelhantes às nossas.

Em 1958 o Ministério da Educação pôde verificar que por carência de instalações, de equipamento pedagógico e de quadros docentes no sector da escola secundária,