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2396 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 96

sário, para se defender dos erros em que pretendam induzi-lo.
Talvez os governantes não saibam, mas devem do facto tomar conhecimento, que hoje até os mais modestos rurais ouvem, periodicamente, os seus transistors, e quase nunca ouvem a voz da nossa pátria.
A seguir devem disseminar-se os locais ide ensino - as escolas - até onde haja quem deva aprender. Aqui cabe uma lembrança, simples lembrança, a S. Ex.ª o Sr. Ministro das Obras Públicas, espírito que eu acredito aberto aos problemas do espírito, para uma solução que certamente lhe será agradável, por representar economia das verbas.
Trata-se da construção de escolas de tipo pré-fabricado e móveis. Sabidas as flutuações das populações, que na minha província, por motivo do regadio, se acentuarão, que desocupam escolas do tipo fixo, é prudente que se pense na construção de escolas primárias que acompanhem as migrações-populacionais, sempre baseadas, hoje em dia, nos factores económicos.
Já há noutras províncias, e o Alentejo irá tê-las, escolas fixas encerradas por falta de alunos.
Se essas escolas forem móveis, acompanharão, como lhes cumpre, as populações escolares, e assim não serão um peso morto nas preocupações dos erários municipais e no pensamento dos que têm de resolver problemas de ensino.
Ensino secundário: este ensino, já relativamente especializado, comporta as chamadas escolas técnicas e os liceus.
O meu distrito possui, felizmente, escolas de todos estes tipos. Porque um desses tipos - as escolas agrícolas - tem um carácter específico na minha região, reservar-me-ei para oportunamente fazer sobre elas uma intervenção destacada.
Por hoje irei ocupar-me, em primeiro lugar, das escolas industriais e comerciais.
Existem no distrito de Évora três escolas, se for considerada a escola de Viana do Alentejo como prolongamento da escola de Évora. A de Montemor-o-Novo necessita, no plano local, de instalação condigna. No plano geral alinha com as demais nas considerações que a seguir farei.
A de Estremoz tem um edifício em construção que, creio, resolverá os problemas internos.
A de Évora, capital de distrito e de província, só muito precariamente tem os seus problemas meio resolvidos. Instalada num edifício de interesse arquitectónico, o antigo Convento de Santa Clara, tem deficientes acessos, é cercada por ruelas estreitas, confusas, propícias a maus encontros, que não poucas preocupações causam à direcção da escola. A sua população escolar passou de 736 alunos em 1958-1959 para 1827 alunos em 1962-1963.
Evidentemente que o edifício não estava estruturado para esta substancial aumento e, o que agrava a situação, não pode, por nenhum processo, ser alargado. Ter 1827 alunos num espaço escasso para 736 é incompreensível. Fatalmente tudo tem de se ressentir: a aplicação de professores e alunos, a disciplina, o rendimento do trabalho e, o que é mais grave, a finalidade da escola, que não pode, cabalmente, ser atingida.
A esta escola competem, pela sua índole específica, actuações destacadas no desenvolvimento industrial e comercial que se impõem para a região transtagana.
Os seus cursos devem encaminhar-se para uma mais longa projecção. Entenda-se que esta projecção é no sentido de uma mais longa acção, pela criação de cursos de tipo intermédio ao secundário e superior e que, em meu entender, têm um carácter mais prático e, simultaneamente, mais económico, tanto na criação e manutenção, como no futuro emprego dos seus diplomados.
Se um indivíduo entre os 16 e os 17 anos estiver na possibilidade de ter à sua disposição e no seu meio uma escola que o leve mais além, isso será uma vitória para ele e, sobretudo, para a sociedade, que disporá de mais e melhores técnicos.
No caso de Évora, já o disse, existe, encabeçando todas as dificuldades a vencer, a questão do edifício. E certo que há o projecto, feito já há anos, para uma nova escola. Há já o terreno, mas, o eterno «mas», teremos de esperar pelo próximo Plano de Fomento. Até lá, e possivelmente já hoje, o projecto da escola estará ultrapassado. Para o facto chamo a atenção de quem de direito.
Não se construa uma escola insuficiente e desactualizada. Se um só edifício não bastar, que se construam outros. A Nação não perdoará aos que esqueçam o seu futuro. A sobrevivência da Pátria está tanto na coragem dos seus soldados como no saber dos seus técnicos.

O Sr. Virgílio Cruz: -Muito bem!

O Orador: - Se uma coisa se pode, até certo ponto, improvisar, a outra demora anos e requer condições morais, materiais e intelectuais. Para a escola técnica de Évora aqui fica um aviso sério, para que se atenda como cumpre.
Passarei a falar do Liceu de Évora: funciona este estabelecimento de ensino no edifício da antiga Universidade de Évora, que, se VV. Ex.ªs o permitem, direi ter deixado luminoso rasto na história da intelectualidade lusitana. Évora não a esquece e sempre lutará por ela.
O Liceu não tem, à parte a riqueza histórica e arquitectónica, condições de um moderno e eficiente edifício para o fim a que se destina. A beleza não substitui o funcional e a história não dispensa os requisitos da moderna pedagogia.
O Governo da Nação, como aliás já o fez, tem de pensar na construção de moderno e eficiente edifício. A preparação intelectual das novas gerações não pode ser feita em locais adaptados. O mais grave problema posto às gerações presentes é o da preparação das gerações vindouras. Na forma como tivermos resolvido esse, teremos resolvido a continuidade da Nação, como unidade sólida, crente nos seus destinos e apta a lutar pela projecção portuguesa no mundo de amanhã.
Estudos superiores: Évora já teve estudos superiores, como sabeis. Quer voltar a tê-los.
Veterinária e Agronomia impõem-se como resolução estatal imediata. Tudo milita em nosso favor: a extensão da nossa terra, o anseio das nossas gentes, a solução dos nossos problemas e, sobretudo, o desejo de estar presente na hora grande que se avizinha para Portugal.
Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Agostinho Gomes: - Sr. Presidente: horas altas da Pátria vividas naquele grande encontro: «Os novos escolhem Deus!».
Transformou-se o Terreiro do Paço - sala de visitas da capital do mundo lusíada - em autêntica e majestosa catedral, em que a abóbada era o azul esplendente de um céu de Primavera e o altar a alma pura e generosa da gente moça de Portugal.