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2418 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 96

Nesta minha intervenção apresentarei dados que mostram quanto se justifica a construção da ponte rodoviária de Quintos, deixando-se a existente para a sua exclusiva função de deixar passar comboios ... Perderemos um título mundial, mas ele não irá deixar-nos muitas saudades! ...

Entre os elementos que pude recolher e que justificarão a razão da obra pretendida, destacarei os seguintes:

Entrada e saída de carros pela fronteira de Ficalho nos últimos cinco anos:

1958 11 521
1959 13 051
1960 15 269
1961 16 768
1962 17 600

Comboios regulares que passam por Serpa e, portanto, pela ponte:

Comboio n.º 8771 (Beja-Moura), à 1 hora e 50 minutos ;

Automotora n.º 8720 (Moura-Beja), às 7 horas e 20 minutos;

Automotora n.º 8721 (Beja-Moura), às 8 horas e 28 minutos;

Automotora n.º 8722 (Moura-Beja), às 11 horas e 23 minutos;

Automotora n.º 8723 (Beja-Moura), às 15 horas e 30 minutos;

Automotora n.º 8724 (Moura-Beja), às 17 horas e 30 minutos;

Automotora n.º 8725 (Beja-Moura), às 18 horas e 33 minutos;

Comboio n.º 8774 (Moura-Beja), às 19 horas e 42 minutos;

Automotora n.º 8726 (Moura-Beja),às 20 horas e 10 minutos;

Automotora n.º 8727 (Beja-Moura), às 21 horas e 28 minutos.

Além destes comboios regulares, há que contar, em média, com mais um extraordinário ascendente e outro descendente, o que já totaliza doze interrupções por dia na passagem de nível.

Quanto à demora na ponte, importa ainda saber que uma automotora descendente obriga a 17 minutos de espera, uma automotora ascendente obriga a 20 minutos de espera, um comboio descendente obriga de 18 a 20 minutos de espera e um comboio ascendente obriga de 35 a 40 minutos de espera.

E, feitas as contas, verifica-se que é de cerca de cinco horas o tempo total, por dia, em que a ponte está encerrada ao intenso trânsito rodoviário!

A cada interrupção do trânsito juntam-se, em média, 14 carros, não sendo muito raro juntarem-se 30 e até 40 carros à espera de que as cancelas se abram. E quantos casos de urgência não estão às vezes ali entre os que podem ter mais algum vagar, sofrendo aqueles da impaciência que, forçosamente, resultará da própria urgência? Que o digam as famílias dos muitos doentes que, quer em automóveis, quer em ambulâncias, sejam de Serpa ou de Moura, demandam Beja ou Lisboa; o próprio cirurgião do hospital de Beja, que faz também a cirurgia de urgência do hospital de Serpa, tem-se visto retido, frequentemente, por largos minutos, com as cancelas da ponte cerradas na sua frente, sofrendo da natural impaciência de saber que às vezes esses minutos perdidos podem ser preciosos para o doente que, em situação de extrema urgência, o espera.

E mau também é que tudo o que ali se vê, nessas paragens forçadas, nos impressione desagradavelmente a nós e ao turista estrangeiro- pelo seu primitivismo, sobretudo na margem esquerda do rio, com a estrada apertada entre duas trincheiras, que nos dias de calor sufocam, chocando a ausência desoladora de sombras e vendo-se, mesmo na frente de quem espera, o quadro miserável de umas habitações denegridas, verdadeiras barracas, algumas das quais são residências e casas de trabalho dos empregados da Companhia dos Caminhos de Ferro, para cuja construção se aproveitaram as travessas de madeira da linha férrea!

Para além de tudo o que deixo dito, que bem demonstra a necessidade da construção da ponte rodoviária de Quintos, facilmente concluirei também que desta maneira não poderá pensar-se em turismo a sério!

Ainda sobre pontes, exporei também respeitosamente o anseio do Baixo Alentejo pela capaz utilização da estrada n.º 391, de Castro Verde à estrada nacional n.º 122 (a 16 km de Beja), passando por Entradas e Albernos.

Está em execução a pavimentação das terraplenagens entre Entradas (proximidades) e Albernos (proximidades), incluindo a sua betuminização desde Castro Verde a Albernos.

Ficará a faltar a construção de três pontes, todas elas sobre a ribeira de Terges, e ainda a rectificação e grande reparação do lanço terminal, que é muito antigo, entre Albernos (proximidades) e a estrada nacional n.º 122 (a 16 km de Beja), com cerca de 9 km.

Feitas estas obras, sobretudo feitas as pontes, resolve-se um grave problema da região e encurta-se de 10 km a distância Beja-Castro Verde, via natural e a mais importante para o Algarve. E esta estrada, pelo que acabei de dizer, ultrapassa o interesse regional, para servir todas as populações ao norte de Beja e para servir destacadamente o próprio turismo algarvio, agora tão alta e merecidamente projectado.

Tratarei agora, Sr. Presidente, de uma outra estrada de grande interesse para o Alentejo e para o turismo nacional.

A estrada Odemira-Vila Nova de Milfontes, a nacional n.º 393, com as terraplenagens construídas, parou a 300 III do rio Mira, como que envergonhada de não poder galgá-lo e deixar-se repousar na vila da linda praia do Mira, presa aos seus encantos. Ficaram aqueles 300m de estrada que não se fizeram a impossibilitar a chegada de quem quisesse aproximar-se do rio.

Para além- da construção destas escassas centenas de metros de nova estrada, de forma a levá-la à margem esquerda do rio, é anseio das populações que se faça o cais de embarque nessa margem, localizando-o para as barcaças que permitirão desde logo o movimento fluvial de quem, através daquela margem sul, queira entrar em Vila Nova de Milfontes.

Que se faça, pois, esse cais; que se faça a pavimentação da estrada, e que se dê execução à construção da ponte sobre a ribeira de Vale Gomes. Mas, para além desta, fica a própria construção da ponte sobre o Mira, ligando as duas margens e servindo a estrada; e esta é a solução conveniente que se impõe para comodidade das populações que do sul, em grande número, procuram Vila Nova de Milfontes na época de veraneio! Aliás, a estrada Odemira-Vila Nova de Milfontes será troço de uma estrada de larga importância económica e turística, resultante a primeira afirmação do encadeamento da rede rodoviária que servirá a barragem de Santa Clara e a segunda - a turística -, já por isto, já porque serve Vila Nova de Milfontes, já porque irá servir Nova Brasília, projecto interessante e importante que deve ser bem caro ao coração de todos os portugueses.