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2446 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 97

do Entroncamento, no seu distrito de Santarém, o fácil acesso a essa educação.

Esta vila- situada no centro de comunicações ferroviárias mais importantes do País, tem hoje uma população de 10 500 habitantes e forma com as terras à sua volta - Barquinha (1400 habitantes). Atalaia e Moita do Norte (2000 habitantes), Tancos e Praia do Ribatejo (3100 habitantes), Argea, Lamarosa, Golegã, Riachos, Mato de Miranda, etc. - um núcleo populacional de 35 000 habitantes, cuja valorização dos seus filhos se faz à custa de enormes sacrifícios.

O Entroncamento, com uma importância, do ponto de vista económico, de alto valor, não só pela presença do conjunto oficina! da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que ali tem o seu maior centro de actividade industrial, mas também pela presença de outras unidades fabris instaladas à sua volta, que empregam cerca de 6000 operários e funcionários diversos, e ainda a Companhia Divisionária de Manutenção de Material, bem como um comércio progressivo, aspira há longos anos à instalação de uma escola técnica, cujo estudo já está efectuado, faltando apenas promover à sua criação.

Os seus habitantes vêem todos os dias, com mágoa, partir de suas casas, manhã cedo, com destino a Tomar, Abrantes, Torres Novas. Santarém e Lisboa, os seus filhos, dos quais estão separados todo o dia, num constante sobressalto por tudo que possa acontecer-lhes, numa idade em que tanto precisam do carinho e amparo dos pais. Deslocam-se àquelas localidades cerca de 600 rapazes e raparigas de idades entre 10 e 18 anos.

Tais deslocações, além de impedirem o bom rendimento dos seus estudos, têm vários perigos de ordem física, moral e social, que urge evitar para que se não desperdicem valores de que o País tanto carece.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - De facto, rapazes e raparigas, de pouco mais de 10 anos alguns, têm de deslocar-se de comboio dezenas de quilómetros, sujeitos a acidentes de vária ordem, porque normalmente estão longe da família todo o dia, criando à sua volta problemas de ordem moral e social que resultam da falta de controle dos pais nos actos dos seus filhos, não permitindo uma acção educativa eficiente. Casos há em que, mercê dos horários de trabalho de pais e filhos, estes passam semanas inteiras sem se cumprimentarem sequer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quantos destes jovens, valores inestimáveis em potência, se perdem pelo caminho, porque não sabem resistir às tentações e solicitações externas do ambiente extra-escolar, ou porque lhes falta a palavra orientadora e carinhosa da família no momento preciso em que dela necessitam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quantos pais vêem desfeitos os seis sonhos de valorização de seus filhos, não só porque as deslocações são incomportáveis para as suas bolsas, como também porque estes, longe dos seus carinhos, dos seus conselhos is vigilância, se transviaram nos caminhos que levam à escola e os conduziram a lugares de perdição.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A população do Entroncamento, cujos verdadeiros sentimentos nem sempre têm sido bem compreendidos, ordeira, trabalhadora e disciplinada, pretende educar os seus filhos no cumprimento de um dever que legítima e constitucionalmente lhe cabe, mas para tanto pede ao Estado que lhe faculte os meios, e neste caso sente-se no direito de ter a sua escola técnica.

A criação de uma escola técnica no Entroncamento, que é, por si só, encarada como uma necessidade e, mais do que isso, como um acto de justiça a uma população ordeira e trabalhadora, profundamente consciente do seu valor, teria ainda a vantagem de contribuir para o descongestionamento das escolas técnicas das cidades limítrofes, cujas populações escolares excederam em muito as capacidades dos respectivos edifícios:

Tomar, cujo edifício novo tem capacidade para 1000 alunos, tem matriculados 1500, dos quais cerca de 30 por cento são do Entroncamento ou da sua zona de influência.

Abrantes e Torres Novas, cujos edifícios novos têm capacidade para 800 alunos, mas que já excederam o milhar.

Santarém, que tem uma população escolar de cerca de 1000 alunos dispersos por 8 edifícios.

Sr. Presidente: no desempenho da representação que me foi confiada pelo meu distrito, ouso levantar respeitosamente a minha voz para pedir a S. Ex.ª o Ministro da Educação Nacional a criação, na pacífica e laboriosa vila do Entroncamento, de uma escola técnica, absolutamente indispensável à elevação do nível cultural e profissional daquelas populações.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Muito bem!

O Orador: - Ao formular esta pretensão, tenho em mente que o nosso país está empenhado numa guerra, que lhe foi injusta e criminosamente imposta pela cobiça e maldade de outros povos, mas sei também que é na valorização integral de todos os portugueses que reside a possibilidade da vitória final.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim, creio que o Governo da Nação não deixará perder esta oportunidade para, e mais uma vez, fazer justiça às gentes desta importante vila e ao mesmo tempo contribuir para a valorização da mão-de-obra nacional, pela criação de uma escola de formação de técnicos, que hão-de contribuir para o progresso do nosso país.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ernesto Lacerda: - Sr. Presidente: no cumprimento do que a lei prescreve, todos os anos, nesta quadra, a imprensa se faz eco da forma como decorreram as assembleias gerais das sociedades comerciais, expressamente convocadas para apresentação e discussão dos relatórios e contas das gerências findas. Ainda por imperativo legal, os jornais reproduzem os balanços, pareceres dos conselhos fiscais e restantes elementos que devem ter publicidade.

Não admira, por isso, que esta seja também a quadra mais propícia ao coro de lamentações surgidas de norte a sul do País e produzidas pelos pequenos accionistas, lesados - não em todas, mas por muitas das sociedades - quanto à atribuição dos dividendos aos seus relativa-