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2442 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 97

alcance, que não pode ser talhada curta nem tocada de tacanhez.

Só ali está parado o que não depende propriamente da lavoura.

Chamo u atenção do Governo, pelo departamento da Economia, para a lentidão com que se desenvolve o problema da industrialização da beterraba, de que depende ou poderá depender o aproveitamento de uma parte considerável da zona ainda não regada e o indispensável crescimento da pecuária, e para a carência de capacidade com que luta o descasque de arroz, o qual está submetido a um regime de condicionamento que desnaturaliza e compromete os princípios legais que saíram desta Assembleia.

A sua capacidade está reduzida a um sexto daquela que necessita para satisfazer as necessidades presentes.

O Governo não pode esquecer que o harmónico desenvolvimento da instituição e a sua validez supõem a criação de um espírito que não se compadece com meia cooperativa.

Os lavradores do Sorraia estruturaram a sua organização em conformidade com os planos de industrialização e comercialização que a cooperativa traçou, mas esta, para o ser, há-de efectivamente resolver, no seu conjunto, a situação dos seus associados.

Sei que os serviços competentes acompanham todos estes problemas com muita atenção, bem como o próprio Governo, mas é preciso tomar inteira consciência da verdadeira revolução que ali se processa, imposta pela conversão de muitos milhares de hectares de terra de sequeiro em terra regada, e cuidar de não prejudicar ou comprometer uma experiência de tamanho interesse.

Através do brilhantíssimo debate, do exaustivo debate, relativo ao vale do Mondego, ficou nesta Casa um rasto de, esperança na valorização de uma grande e formosíssima região.

Creio que o vale do Sorraia, embora mais modesto, pode servir de piloto e trazer-nos também, em certa medida, uma grande certeza.

Em cinco anos meteu ao regadio 8000 ha de terra, dos 15 000 ha que a obra domina, vencendo em período relativamente surto, em relação com a provisão estabelecida, mais de 50 por cento da área a rogar.

O crescimento económico da região o a subida de nível de vida das suas populações é já impressionante.

Multiplicaram-se as explorações agrícolas - o regadio costuma triplicá-las -. subiram os salários, melhoraram as propriedades, aumentaram as produções, introduziram-se novas culturas e, de um modo geral, todo aquele vale evolui rapidamente, enriquece, comprometendo no seu enriquecimento e crescimento produtivo toda a população agrícola.

Os investimentos da lavoura nos trabalhos de nivelamentos de terras, na drenagem e na instalação da rede de rega própria de cada exploração, bem como no Apetrechamento e modernização dos processos de agricultura, ascendem já a muitos milhares de contos.

Deve estimar-se em cerca de 200 000 contos, mais de um terço da verba inicial despendida pelo Estado, a importância necessária para a lavoura instalar o regadio.

O número de tractores empregados duplicou e da subida geral do nível dos trabalhadores agrícolas constitui claro índice o aumento de bicicletas e das bicicletas motorizadas, que em cinco anos, subiram de 2000 para 12 000
-10 000 unidades -, denunciando a alteração do standard preexistente.

Sei que c preciso ir mais longe, sobretudo 710 estudo dos complexos problemas que o regadio levanta para o futuro das explorações, do problema da conversão cultural

das terras pobres ainda não regadas, no melhoramento das produções, na selecção e ordenamento das culturas, na valorização integral da obra pelo máximo aproveitamento das suas possibilidades.

É indispensável realizar uma imensidade de trabalhos complementares, dos quais salientamos as pontes, os caminhos e a própria regularização do leito do Sorraia, que. não aguenta sequer o débito das centrais que trabalham ao pé das barragens.

As cheias tornam-se em flagelo caro, são demasiado frequentes e precisam do remédio possível.

Essa regularização, sem a qual a obra continuará coxa, pode custar outro tanto como a própria obra.

Considerando todos estes aspectos do problema com o espírito construtivo que anima aquela região, mais se evidencia a necessidade e a conveniência de trabalhar de mãos dadas, aproveitando o dinamismo da iniciativa particular e tirando o máximo rendimento dos serviços oficiais.

O centro planificador e impulsionador de todo o desenvolvimento desta região deve coincidir com a Associação dos Regantes, apoiada nos serviços técnicos oficiais, mas comandando ela, como lavoura organizada, o seu próprio destino.

Um dirigismo estatal será a todos os títulos inconveniente.

Creio que a obra realizada por esta Associação a acredita como organismo válido para chegar ao fim, melhor, mais depressa e mais barato.

O Sr. António Santos da Cunha: - Quero apenas dizer que tive há dias ensejo de visitar a região do vale do Sorraia e me foi dado, de facto, verificar o entusiasmo com que a lavoura daquela região se está aproveitando dessa grandiosa obra que o Estado realizou.

Evidentemente que tenho algumas reservas a pôr sobre a maneira como as coisas se estão a processar. Não é o momento, no entanto, de pôr essas reservas.

O que eu queria era dar o meu apoio às palavras de V. Ex.ª e testemunhar o entusiasmo de todos esses bons lavradores por essa magnífica obra fazendo um voto muito sincero para que a água não paru ali, mas que vá por todo esse Alentejo fora, criando riqueza.

Não podemos cair de novo no que se fez no vale do Sorraia, que foi começar pelo fim e é absolutamente necessário que de futuro se façam os estudos prévios necessários e se chame a lavoura a colaborar neles, como tem sido, aliás, sugerido por lavradores de grande vulto, entre os quais me permito citar o Dr. José Pequito Rebelo.

Pondo as minhas reservas, repito, quero, no entanto, testemunhar o meu apreço pela colaboração que a lavoura está dando ao grande sacrifício que a Nação fez. e que. depois de o assunto ser devidamente, estudado, II água possa correr, com as vantagens que ;i Nação espera.

O Orador: - Agradeço muito as palavras de V. Ex.ª e tenho pena de não poder responder às suas possíveis reservas, por não as conhecer. Creio que resultarão exclusivamente do exame superficial dos problemas do regadio do vale do Sorraia, visto que essa visita, que acompanhei com muito prazer, foi muito breve. No entanto, o depoimento de V. Ex.ª sublinha o esforço e boa vontade que pôde observar da parte dos lavradores da região para fazer o melhor possível e diz-nos, assim, que a Nação não pode queixar-se de uma lavoura que procura tirar o máximo proveito geral que a obra pode dar.

Têm-se investido ali capitais importantíssimos, capitais volumosos, para fazer uma prova definitiva da validez