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2784 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 109

doenças da nutrição, à luta contra o alcoolismo e à assistência à família, que têm de ser encaradas com urgência e eficácia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A cobertura médica pelo sistema dos partidos municipais tem-se revelado insuficiente para os munícipes, onerosa para as câmaras e pouco compensadora para os facultativos. Penso que deverá antes constituir-se um serviço nacional e a distribuição regional dos profissionais efectuar-se segundo um planeamento que torne eficaz essa cobertura.
Os medicamentos são pouco acessíveis, tanto pelo preço como, em algumas zonas, pela distância a que se encontram os centros fornecedores. Há, pelo menos, um conjunto de medicamentos essenciais que conviria libertar da especulação que acompanha os processos normais de produção e de comercialização.
Quanto à alimentação do nosso povo, reconhecem-se, em regra, as carências de proteínas animais, de gorduras, de algumas vitaminas e de cálcio: Por outro lado, as estatísticas internacionais revelam a modéstia da nossa posição no que respeita ao número de calorias.
Acentua-se que esta modéstia alimentar está relacionada com o baixo teor de vida. Assim é, de facto. Mas também não há dúvida de que certos hábitos alimentares poderiam ser corrigidos com intensa campanha educativa a desenvolver entre as populações.
Todo o movimento de valorização das populações exige conveniente apoio em serviços públicos. Estes serviços constituem uma importante presença do sector terciário do mundo rural.
Quase no início desta intervenção falei na trilogia padre-professor-médico. Será agora oportuno avançar um pouco mais, para destacar: o menor cuidado que se tem dado à valorização do sector terciário no mundo rural; a importância económico-social que resultaria de tal presença; o interesse especial de algumas profissões para o desenvolvimento; a necessidade de medidas que estimulem a fixação de actividades terciárias.
O critério centralizador do Estado conduziu u destruição d u serviços públicos regionais e à multiplicação de repartições ou pletora de quadros em Lisboa.
Daí que a vida local, já carecida de elites, nem sequer tivesse passado a dispor de meia dúzia de diplomados que pudessem ser chamados a funções de liderança nas actividades políticas e administrativas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mais. Estas élites que alimentariam certos consumos ou gerariam efeitos de demonstração de interesse nem sempre despiciendo deixaram de animar os circuitos económicos.
Muitas populações devem hoje percorrer dezenas de quilómetros para poderem ser servidas, ou então passam a, ter visitas-relâmpago dos técnicos agrários ou as lastimar a ausência de uma simples enfermeira ou de um médico veterinário.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- -A animação da vida local requer assim a instalação de serviços públicos cuja importância ultrapassa as utilidades imediatas que corporizam.
Mas esta animação resultará sobretudo do empenho que pusermos no desenvolvimento da agricultura, da silvicultura, da pecuária, das indústrias e do comércio.
Não é meu intuito encarar agora estas questões pormenorizadamente, mas antes cuidar de alguns pequenos grandes problemas que as mesmas comportam.
Esta Assembleia tem, várias vezes, chamado a atenção do Governo para a importância dos múltiplos problemas da nossa agricultura: regime das estruturas agrárias, hidráulica agrícola, melhoramentos agrícolas, crédito e seguros agrícolas, investigação aplicada, formação profissional, armazenagem e transformação dos produtos agrícolas, preços dos produtos agrícolas, esquemas associativos ...
A minha intenção traduz-se apenas em dar relevo àqueles sectores onde são possíveis profundos arranjos sem grandes investimentos. Ou melhor: estou convencido de que, se formos realistas, poderemos obter na agricultura uma relação capital-produto bastante mais favorável.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A defesa e conservação do solo, a pequena rega, a pequena mecanização, a renovação das sementes, a defesa fitossanitária, a melhoria das condições de armazenamento e comercialização e até um aproveitamento industrial primário poderão resultar de uma campanha de vulgarização agrária, de uma assistência técnica adequada, de facilidades em pequenos créditos, do recurso a soluções cooperativas. Quase tudo, em suma, pequenas ajudas que o Estado deveria- proporcionar e sem grandes dispêndios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo isto se poderia ainda conjugar com o reconhecimento da aptidão florestal de muitas zonas do País e com as indispensáveis tarefas de reconversão cultural.
A valorização do património público através da floresta deve ser intensificada e correr paralela a uma valorização do património privado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dispomos de instrumentos jurídicos que poderão favorecer tal desígnio. O que importa é mentalizar as populações na importância do reflorestamento, prodigalizar-lhes assistência técnica, árvores, sementes e créditos.

O Sr. André Navarro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz o obséquio.

O Sr. André Navarro: - Estou plenamente de acordo com a forma como V. Ex.ª está a desenvolver o seu estudo. Todavia há um problema relativamente ao repovoamento florestal que não queria deixar sem reparo. E que as zonas montanhosas menos protegidas estão totalmente desprovidas de vias de comunicação. Faz-se um repovoamento florestal, mas depois, por falta de vias de comunicação, não se pode valorizar o produto. E, portanto, indispensável desenvolver a rede de estradas de montanha, porque elas são fundamentais para o desenvolvimento económico dessas regiões.

O Orador: - Devo dizer a V. Ex.ª que isso se quadra sentimentalmente com o meu pensamento, dado que no maciço central português, donde sou oriundo, há uma vasta tarefa de repovoamento florestal a fazer. Ora este repovoamento não se poderá aproveitar devidamente sem uma conveniente rede de estradas. Nesta Assembleia várias vezes tenho advogado a construção das estradas n.ºs 343