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2832 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 112

directos ou em usufrutuários sôfregos, ansiosos de ter na mão o objecto da sua cobiça.

O Sr. Burity da Silva: - Muito bem!

O Orador: - A suspeita natural por esse zelo excessivo foi o tópico que abriu a porta à curiosidade internacional pela vida que se processa em Angola e congregou os Portugueses de todas as latitudes em torno do Governo da Nação. É um facto incontroverso o depoimento de miríades de estrangeiros que visitaram Angola e Moçambique e não encontraram lá o estado de mal-estar das acusações mantidas na O. N. U., do qual resulta a apregoada ameaça à paz do Mundo. Verificaram, pelo contrário, que se trabalha lá com mais ardor pela melhoria das condições gerais de vida e da promoção social.
Por isso se assistiu à manifestação retumbante de 27 de Agosto do ano findo, a maior e mais representativa de todas quantas houve até àquela data, de apoio às declarações de Salazar em relação à política ultramarina e à defesa do todo nacional. Quinze dias depois de as ter pronunciado, reuniram-se no Terreiro do Paço as representações de todo o mundo português, comissões maciças de todas as actividades e dos seus ramos específicos, num conjunto nunca dantes alcançado, na totalidade das deputações presentes e dimensão do ideal que os impulsionava.
E esses portugueses, de variados matizes e credos, oriundos de todas as partes em que a Terra se divide, unidos pelo ideal da Pátria comum, não vieram fazer outra coisa senão dizer «sim» a Salazar. E isto no mesmo momento em que, por contraste, no outro lado do Atlântico se assistia a uma manifestação-monstro, de sentido contrário, em que uma parte da população requeria da outra os direitos civis que lhe eram postergados.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sem dúvida, a unidade do todo só pode ser pela prática da justiça social e pela defesa rio património comum. Se o povo está de política do Governo, é lícito concluir que a suportai1 todos os sacrifícios para chegar ligado. Mas mal refeito ainda de tão eloquente outra prova se segue de transcendente ressonância.
A viagem presidencial a Angola e S. Tomé, com o seu carácter do soberania e significado político, deu ao Mundo a nota viva da unidade portuguesa, a medida justa do seu amor pelo centro de gravidade, donde ele irradia. Desde o dia de Setembro de 1963, em que desembarcou em Luanda, até ao dia 7 de Outubro, data do seu regresso à metrópole. S. Exa., por onde quer que passou, recebeu as homenagens respeitosas das populações entusiasmadas, as provas inequívocas do seu portuguesismo, do seu amor à Pátria-Mãe e da sua determinação de continuar a luta pela conquista da paz interna.
Mesmo no Norte de Angola, onde os poderes ocultos se obstinam em manter acesa a chama do terrorismo, e que S. Ex.ª num gesto inesquecível, do homenagem aos que tombaram, em holocausto à Pátria comum, quis visitar em primeiro lugar, mesmo ali, as populações vestiram galas e vitoriaram o Chefe do Estado numa prova eloquente do seu civismo, da sua veneração pela imagem da Pátria una e do profundo respeito pela pessoa que encarna essa imagem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E essas populações que saudaram, reverentes, o Presidente da República, como o provam as reportagens jornalísticas e os documentos fotográficos, não foram seleccionadas ou constrangidas, vigiadas ou contrariadas nos seus gestos, nem conduzidas por grupos separados, étcnicos ou políticos. Apresentaram-se à uma, mescladas, como é uso na vida quotidiana, nas ruas, nos paços do concelho, nas estradas e nas fazendas visitadas, num à-vontade que, sendo natural para nós, causou espanto aos estrangeiros que presenciaram.

Vozes: - Muita bem!

O Orador: - Como convencer, porém, os leaders da destruição desta vida de paz e de trabalho produtivo? Onde eles buscam a semente da discórdia e do conflito encontram a planta frutificada da harmonia racial e do equilíbrio social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não será esta a meta que pretendem para os seus novos Estados? É difícil abrir os olhos a quem os fecha de propósito para não ver!
Gomo presidente da Câmara Municipal de Carmona, tive a subida honra de receber S. Ex.ª nos Paços do Concelho e prestar as homenagens da cidade. A condição particular de ter nascido e vivido sempre no Congo Português acumulava em mito o sentido agudo da solenidade daquele momento e o da responsabilidade pelas palavras que iria pronunciar. Os factos, porém, apresentam-se tão eloquentes, ainda hoje, na transparência da sua expressão que não hesito em transcrever aqui alguns afirmações que fiz então:

E os que subestimaram a força interna da nossa unidade, ignorantes da sua magnificência e da profundeza das suas raízes, viram ruir o frágil argumento em que se apoiavam, o estribilho de um nacionalismo absurdo, soprado pelas tubas da propaganda, sem povo nem consistência, estranhos os chefes, estranhos os executores, comparsas todos de um trama em que eles são os primeiros enganados. E os que nos bastidores da nova empresa africana animaram os mandatários do crime e do esbulho encontraram-se repentinamente diante de uma gente espavorida, sem pátria nem autoridade, reunida apenas no interesse de vender esta terra (de Angola), a terra-mater dos nossos antepassados, terra dos nossos avós, dos nossos filhos, e que terá de ser dos nossos netos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Em verdade, não vejo como possa ser real ou sincera a defesa feita por estranhos de interesses que só a nós dizem respeito. Não será para nós uma afronta o atestado de incapacidade que ela envolve, agravada com o facto insólito de ignorarem, sistematicamente, a existência, da nossa personalidade? Não será ridículo que o chefe reconhecido como o do governo de Angola no exílio seja um estrangeiro? Qual o verdadeiro interesse dos representantes dos novos Estados africanos quando sustentam a exigência da independência imediata de Angola?
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Franco Nogueira, na última sessão do Conselho de Segurança da O. N. U., convidou o Secretário-Geral, Sr. U Thant, a visitar Angola e Moçambique, para ver com os seus