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3106 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 125

mérito da sua real capacidade, completar os conhecimentos indispensáveis com assistência a cursos similares em estabelecimentos de especialização estrangeiros, julgo que não se levantarão dificuldades, pois com bem limitado número o problema será satisfeito.
Já tal não sucederia se, considerando as flagrantes e permanentes dificuldades de pessoal docente de ensino geral, se programasse a criação imediata de mais uma escola própria.
Não duvido de que o futuro a justifique, mas para já ataquemos o que está ao alcance das nossas mãos, assim todos os interessados o queiram. E julgo que assim suceda, porque são coincidentes os interesses e as intenções de dirigentes e dirigidos.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - V. Ex.ª há pouco começou por dizer que neste capítulo o óptimo era muitas vezes inimigo do bom, e estamos a não ver o óptimo nem o bom, nem nada.
Em 1957, também o disse V. Ex.ª, foi sugerida a criação densas cadeiras de especialidade na Faculdade de Engenharia do Porto. E afirmou mais V. Ex.ª que não duvidava da futura necessidade da criação de um instituto têxtil, mas, como V. Ex.ª, aliás, também notará, isso situa-se em diferente nível de ensino, isto é, como complemento do ensino secundário, e aquilo que V. Ex.ª sugere agora coloca-se em nível universitário.
Suponho que uma coisa não tira o lugar si outra, porque são destinadas a profissionais diferenciados.
Portanto não deixo de notar a necessidade do instituto ou escola a que fiz alusão quando usei da palavra aqui na Assembleia, até porque, sendo uma coisa muito mais simples aquela que V. Ex.ª aponta e que data de 1957, até agora ainda não apareceu nas nossas escolas.

O Orador: - V. Ex.ª só me vem dar razão.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - Certamente.

O Orador: - Muito mais difícil será esperar que se crie de seguida a escola que V. Ex.ª propõe e que tem um aspecto totalmente novo. Devo esclarecer que nas nossas escolas técnicas elementares comerciais, e industriais do Porto, de Guimarães e suponho que também na de Vila Nova de Famalicão existem cursos de especialização de técnico têxtil que estão a ser ministrados com a maior proficiência, dadas as habilitações dos mestres existentes e a boa qualidade do maquinismo que equipa os seus laboratórios. No equipamento desses laboratórios despenderam-se verbas avultadas que, quanto à escola do Porto, salvo erro, atingem os 8000 contos e na de Guimarães os 4000 ou 5000 contos.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - E V. Ex.ª sabe muito bem os óptimos resultados que têm dado pelo seu largo e mesmo total aproveitamento na indústria.

O Orador: - Se já temos óptimos elementos saídos das nossas escolas elementares que preciosos serviços prestam à indústria, o que necessário se torna é que também se lhes concedam técnicos do ensino médio e superior que melhor e mais proficientemente a dirijam, e que é o que eu peço.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - Deus ouça V. Ex.ª

O Orador: - Que profundamente se medite e se tenha presente que neste sector industrial, como de resto em todas as actividades económico-industriais, a participação do País nos incentiveis movimentos de integração económica europeia, seja para já no grupo da E. F. T. A. ou, no futuro, num mais amplo que englobe esta comunidade e a do Mercado Comum, implica graves e delicadas responsabilidades quanto ao nível de preparação que nos será exigido e de actualização nos planos de ensino e formação em qualquer grau, mas sobretudo no universitário.
Eivados de tais responsabilidades e dominados pelas realidades, avancemos decididamente, acarinhando e impulsionando todos os programas e iniciativas no objectivo supremo de realizarmos, em plenitude, a causa superior da educação nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Brilhante de Paiva: - Sr. Presidente: ao subir a esta tribuna mais uma vez para intervir na discussão de assuntos postos à consideração da Assembleia, não quero deixar passar esta nova oportunidade de expressar a V. Ex.ª os meus cumprimentos de muito respeitosa simpatia e admiração.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: não é sem o temor de graves dificuldades que tomo a palavra para intervir na discussão do aviso prévio sobre a educação nacional, subscrito pelo Sr. Deputado Nunes de Oliveira e outros Srs. Deputados.
Sem dúvida nenhuma, e sem falsas presunções de modéstia, que não serviriam ao objecto nem teriam cabimento nesta Assembleia, a que só tem acesso, por direito próprio, o que se achar revestido de interesse nacional, uma das maiores é a falta de preparação, que ma impediram as inúmeras solicitações profissionais durante a minha ausência.
Outra, e não pequena, é a certeza de que as mesmas preocupações que tão lucidamente se articulam no enunciado, no todo ou em parte, estão no espírito dos nossos governantes, e mais designadamente no de SS. Exas os Ministros da Educação e do Ultramar e no dos governadores-gerais e governadores de província; julgo de meu dever não ocultar aqui uma expressão de aplauso à dedicação de que têm dado provas e de apreço à prontidão e clarividência que têm posto no estudo e na resolução dos problemas que lhes vão ocorrendo e que podem resolver.
Mais uma dificuldade, e esta apontada logo de início ria brilhante exposição aqui feita pelo nosso ilustre colega Sr. Prof. Nunes de Oliveira, é o condicionamento imposto pela nossa situação de guerra defensiva da integridade do território nacional, da qual não nos podemos dar ao luxo de desviar uma só parcela do poder económico; segundo conjecturo, esse condicionamento não permitirá senão soluções parciais no vasto campo de acção que é a preparação espiritual, cultural, moral, política e física da nossa juventude de aquém e de além-mar, sem impor restrições a outros campos da acção governativa.

O Sr. Sales Loureiro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Sales Loureiro: - Louvo e admiro a coragem de V. Ex.ª ao pôr entre a formação política da juventude a nota política que, por vezes, se tem prestado a grandes equívocos.