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3430 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 136

Tenho presente uma pequena brochura de propaganda turística francesa - Les Musées de France (un répertorie sommaire des Musées d'Art et d'Histoire)- donde se verifica que mais de 270 cidades e vilas da França possuem museus, num total de cerca de 500 estabelecimentos.
Desejo deixar aqui uma palavra de reconhecimento e de louvor à Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais pela sua meritória tarefa de restauro dos nossos monumentos. A obra empreendida nas últimas décadas (que os respectivos boletins tão significativamente documentam) é notável, podendo o turismo congratular-se com tão estimável apoio.
Mas também os festivais, os cursos de férias e os congressos internacionais justificam uma referência.
Os festivais são utilizados em mu tos países como grande cartaz de atracção turística.
A Espanha, em 1963, levou a bom termo o décimo segundo ano de política de festivais. De facto, no ano findo, os festivais de Espanha tiveram lugar em 45 cidades (ou outros centros), com um total de 521 espectáculos (teatro, música, pintura, bailei, ópera, folclore, etc.), a que assistiram 1 milhão de pessoas. O empreendimento representou uma despesa de 100 milhões de pesetas (das quais 25 por cento recuperáveis através da venda de bilhetes), tendo a participação do Ministério da informação e do Turismo sido de metade.
Torna-se indispensável elaborar também para Portugal planos desta natureza, interessando nos mesmos não só os serviços centrais de turismo, como os órgãos regionais e locais e as instituições particulares e as actividades económicas.
Quanto aos cursos de férias para estrangeiros estamos igualmente longe, de esgotar as possibilidades de oportunas iniciativas.
Tenho presente o folheto de propaganda Cursos para Extranjeros, Espana - 1963, editado pelo Patronato de Cursos para Extranjeros, do Ministério da Educação Nacional do país vizinho. Por ele se vê que 24 cidades de Espanha organizaram em 1968 cursos para estrangeiros: dez na zona norte (Bilbau, Jaca, Leão, Oviedo, Orense, Pamplona, Santander, Santiago de Compostela, San Sebastian, Saragoça); quatro na zona levantina (Alicante, Barcelona, Palma de Maiorca, Peniscola); quatro na zona centro (Burgos, Madrid, Salamanca, Valhadolid); seis na zona sul [Cádis, Fuengirola (Málaga), Las Palmas (Grande Canária), Málaga, Sevilha].
No que respeita aos congressos internacionais, Portugal, pela sua localização e condições de ambiente, poderia aspirar a constituir uma encruzilhada para estes encontros. No ano findo, segundo elementos oficiais, a Direcção dos Serviços de Turismo deu apoio financeiro a dezoito reuniões internacionais de maior ou menor importância. Os congressos internacionais ligam-se a um turismo de élite, cuja importância, nestes tempos de turismo popular, não deve ser minimizada, quer no plano económico, quer no plano social.
As relações entre a política de embelezamento e o turismo traduzem-se, além do mais, na intervenção dos serviços de turismo no embelezamento geral, na defesa da paisagem e dos sítios naturais, na salvaguarda do património urbanístico, na educação das populações e no combate à mendicidade e formas de parasitismo social.
Não será difícil encontrar em alguns números da base III da Lei n.º 2082 uma atribuição de competência em ordem u realização de tais desígnios. De resto, os cursos de recepção turística destinados aos órgãos locais de turismo, a instituição do «Dia do turista», a valorização turística dos moinhos de Portugal, os concursos das estações floridas e os concursos das janelas e ruas floridas podem ser recordados a este propósito.
Penso que deveríamos progredir no culto da flor, da árvore, na valorização dos ordenamentos paisagísticos e na estima da floresta como factor de turismo. A oportunidade destes temas foi salientada numa comunicação ao I Colóquio Nacional de Turismo, sobre A Floresta e o Turismo.
O culto da flor constitui um testemunho de harmonia e de beleza. Países como a Holanda ou a Suíça poderiam ser recordados, a propósito do valor comercial da flor ou da sua utilização como elemento da atracção turística. A instituição da «Semana da flor», em Portugal, a divulgação de conhecimentos sobre a jardinagem nas escolas ou mesmo através de cursos especiais, o prosseguimento de iniciativas como as do Município de Lisboa ou as dos concursos atrás referidos, constituirão outros tantos caminhos para estímulo de grandes possibilidades que nos são prodigalizadas pelo próprio clima.
E que dizer das relações entre a urbanização e o turismo?
Eis um tema complexo, na multiplicidade dos aspectos que comporta e. sobretudo, das dificuldades de que se tem rodeado.
O turismo pode impor soluções que desagradam a um urbanismo tradicionalista, do mesmo modo que pode brigar com uma indiscriminada planificação. É natural, por exemplo, que o desenvolvimento turístico do Algarve recomende a criação de conjuntos, caracterizados por uma variedade de edifícios hoteleiros ou instalações afins e complementares que formem estações turísticas animadas, mas um tanto em oposição à paisagem tradicional. Por outro lado, a defesa das cidades de arte ou até de pequenos conjuntos históricos impõe particulares limitações a soluções mais ousadas ou modernistas.
As relações entre o turismo e a urbanização alargam-se, de resto, ao considerarmos o próprio planeamento das infra-estruturas turísticas (cf., por exemplo, a comunicação apresentada ao I Colóquio Nacional de Turismo sobre O Turismo e a Urbanização). O Plano de valorização turística do Algarve, que tenho referido, é um exemplo destes processos de trabalho.
Ainda aqui poderia invocar o testemunho do Prof. Amorim Girão (in Geografia Humana):

É sobretudo nos modernos trabalhos de urbanização que o poder do homem se afirma de maneira mais impressionante à nossa vista. E não precisamos de sair da terra portuguesa para encontrar um exemplo bem sugestivo desse facto. Quem compara o panorama que nos oferece actualmente a nossa bem conhecida Costa do Sol, com o que nos apresentava, ainda há poucas dezenas de anos, não deixará de confessar-se maravilhado e de sentir bem ao vivo todo o papel geográfico reservado à actividade humana.

Cabe aqui uma palavra de louvor à Câmara Municipal de Lisboa, pela forma como tem prosseguido na valorização turística da capital. Tenho presente a primorosa publicação Lisboa, Cidade de Turismo, que é uma das muitas edições da Direcção dos Serviços Centrais e Culturais. Nela são invocados temas e se dá conta de realidades de alto valor turístico: a cidade e a sua história; a cidade antiga; Alfama, onde cada pedra fala do passado; velhos monumentos da cidade; museus de Lisboa; o Tejo, espelho de Lisboa; jardins de Lisboa; Estufa Fria, um recanto do paraíso no coração, de Lisboa; zona flo-