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3432 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 136

de vida a projectos em estudo, como os dos Museus de Estremoz e de Nisa.
Mas o artesanato é apenas uma das expressões da alma do povo. Ora este povo que vive a Feira do Ribatejo, a Festa do Colete Encarnado, de Vila Franca, a Feira de S. Martinho, da Golegã, a Festa do Senhor do Castelo de Coruche, este povo que ama a «festa brava», com o mesmo entusiasmo com que dança os «viras» no Minho ou os «corridinhos» no Algarve, é o grande cartaz turístico de Portugal. As ideias, as vivências, as sugestões, acumulam-se intensamente no meu espírito para que lhes possa pôr ordem ou realizar uma simples enumeração. Eis o autêntico «festival português», na sua pureza (que é preciso defender) e ineditismo (que importa propagandear). É a alma de um povo generoso 3 fraterno que levará o turista estrangeiro a repetir a confissão de Miguel Unamuno:

Que terá este Portugal para que assim me atraia?
Que terá esta terra por fora risonha e branda, por dentro atormentada e trágica? Não sei. Mas quantas mais vezes lá vou mais desejo voltar.

Mas se, como escreve Eça de Queirós em A Ilustre Casa de Ramires, o português possui, igualmente, um espírito prático, sempre atento à realidade útil, dediquemos também uma palavra ao turismo de negócios.
É ainda a literatura que nos evoca as grandes exposições universais do século passado: a de Londres, de 1861, a que assistiram 6 milhões de pessoas; a de Paris, de 1867, com 11 milhões de visitantes, ou a de 1889, ainda na Cidade da Luz, que atraiu mais de 33 milhões de franceses e estrangeiros (cf., por exemplo, René Duchet, Le Tourisme à travers les Ages).
Mais perto de nós, a Feira Universal de Nova Iorque (1939-1940) recebeu 48 milhões de visitantes. Mais recente ainda foi a Exposição Universal de Bruxelas, testemunho de como é possível a um país pequeno organizar grandes empreendimentos.
As exposições e feiras constituem, na verdade, grande apoio para o fomento do turismo de negócios. Cidades como Milão, Hanôver ou Barcelona ligam o seu nome a certames famosos. De resto, uma acentuada especialização revela-se, actualmente, em certas feiras, como os famosos salões automóveis de Paris, Turim ou Genebra, ou as 23 feiras de Londres.
Ligados a feiras estão os congressos profissionais e económicos.
Ainda aqui poderia invocar o exemplo da Bélgica. No ano de 1952-1953 realizaram-se aí 94 congressos (20 em Antuérpia; 4 em Bruges; 13 em Bruxelas; 34 em Gand; 7 em Knokkle; 11 em Ostende, e 5 em Namur), que proporcionaram aos respectivos hotéis 107 000 noites de dormidas (cf. Arrillaga, Sistema de Política Turística).
Quanto a Portugal, merece destaque o esforço relativamente à Feira Internacional de Lisboa e ao aproveitamento, para outros certames, das respectivas instalações da Junqueira.
Mas ainda aqui, além de uma colaboração entre os serviços de turismo e os organismos ligados às actividades económicas ou sua representação, mesmo no exterior, importaria estar atento às possibilidades de incrementar em território nacional a realização de exposições, feiras comerciais e congressos profissionais e económicos.
Esta internacionalização dos encontros ou das atracções tem hoje profunda retumbância nos desportos. A informação mundial fala com frequência dos Jogos Olímpicos, da Taça do Mundo de Futebol, da Taça dos Campeões Europeus de Futebol, do Rally de Monte Carlo, da Taça Davis, da Volta à França, do Derby de Epson, do Grande Prémio de Deauville ... Aficionados ou curiosos, tal como os desportistas com seus séquitos, acorrem à Áustria ou a Tóquio, numa afluência nada despicienda para as reservas cambiais dos respectivos países. Mais: estes desportistas são os embaixadores do seu próprio país, em grandes camadas da opinião pública mundial: a Finlândia foi revelada pelo seu atletismo vai para três décadas.
Deveríamos ter mais presente o interesse de organizações competitivas internacionais em Portugal. Seria injusto silenciar alguns esforços, nomeadamente os respeitantes aos rallies automóveis, a que, aliás, o S. N. I. tem dado o seu patrocínio, e aos campeonatos da vela efectuados na baía de Cascais (sobre a política de desportos na Costa do Sol podem ver-se os números da interessante revista da Junta de Turismo da Costa do Sol, Cascais e Seus Lugares).
Mas para lá deste aspecto competitivo de primeiro plano está a necessidade de prodigalizar ao turista comum a prática dos seus desportos habituais ou de pôr ao serviço do turismo desportivo algumas possibilidades naturais das regiões.
O equipamento desportivo da Costa do Sol é já um exemplo do aproveitamento que se pode fazer em ordem a servir o primeiro aspecto. Três piscinas (uma das quais de água salgada), extensos campos de golf, numerosos courts de ténis (entre eles sete no parque), picadeiros com cavalos alugados, 71 pesqueiros oficialmente demarcados entre Cascais e o Guincho e principalmente o famoso cenário de uma baía aberta aos mais variados desportos náuticos, tudo isto constitui um conjunto que deverá estar à altura daquela observação de um estrangeiro: «O Estoril é de todos os pontos de vista superior a Biarritz, Nice ou Catânia. O facto é que, tendo procurado em toda a zona ocidental e meridional da Europa um bom clima para nele fixar a minha residência, nenhum ainda encontrei que pudesse sofrer comparação com o Estoril durante os meses de Novembro a Março, tanto pela pureza da atmosfera, igualmente de temperatura e secura comparada, como pela ausência de ventos» (cf. a publicação Estoril, caderno n.º 8 da Colecção Turismo).
A criação de estações turísticas em Portugal imporá assim a construção de parques desportivos complementares.
Há, de resto, um aspecto a que desejaria dar particular relevo: o das piscinas.
Penso que se deveria elaborar um esquema geral de ocupação dó País por piscinas, de forma a dotar com tal melhoramento os principais aglomerados da costa e do interior.
O desenvolvimento do turismo «fora de estação» recomenda que nas estações balneares do litoral ocidental do continente se construam piscinas, libertando deste modo o estrangeiro, habituado às águas cálidas do Mediterrâneo, das frias águas do Atlântico.
A legislação sobre turismo actualmente em vigor prevê, fundamentalmente, o crédito aos estabelecimentos hoteleiros e similares.
É certo que já se subsidiaram, através do Fundo de Turismo, instalações como as piscinas de Braga e de Tomar.
Convirá assim que novos diplomas considerem a possibilidade de crédito a outras infra-estruturas turísticas, além das hoteleiras.
Outros desportos de interesse turístico são a caça, a pesca, o excursionismo (pedestrianismo, ciclismo, moto-