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3458 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 138

-me a formular votos da sua inclusão no III Plano de Fomento nacional.
E se uma grande parte deste total terá de ser assumida pela iniciativa privada, não esqueçamos que, dele, 70 por cento são atribuídos ao apetrechamento hoteleiro.
Sabe pois o País que se estuda, programa e planeia o seu desenvolvimento turístico a ritmo acelerado, mediante o estudo económico da indústria de turismo, inventariando-se os elementos turísticos existentes, prevendo-se aqueles que se necessita criar, em face das perspectivas e tendências do referido desenvolvimento e do aproveitamento das possibilidades turísticas naturais.
Acentuando tratar-se, de um estudo preparatório, os autores do referido trabalho, estruturado em bases técnicas de elevado nível, conseguiram definir as tendências do movimento turístico, deduzir as deficiências e dificuldades encontradas, os recursos turísticos existentes e os empreendimentos a efectuar para completá-los, avaliar o seu financiamento e distribuição deste no tempo, analisando também os diversos aspectos da política turística. Apreciaram também a viabilidade e os efeitos económicos e sociais do desenvolvimento programado.
Ali se observa que as receitas turísticas representam já quase 10 por cento das vendas de bons e serviços da metrópole no estrangeiro e que estas aumentaram 180 por cento no período de 1953-1961. Também se prevê que o desenvolvimento económico da metrópole envolverá um rápido acréscimo das importações, que é de estimar em cerca de 8 a 10 por cento, e que, obtendo-se até 1970 um aumento de 10 por cento ao ano no total das vendas de bens e serviços da metrópole no estrangeiro, o turismo não fornecerá em 1970 mais de 12 por cento das divisas fornecidas por essas vendas.
«A captação de clientes turísticos é mais fácil do que a colocação no mercado externo de bens resultantes da indústria em face da concorrência dos poderosos países industrializados».
O relatório do Prof. Krapf confirma as nossas grandes possibilidades turísticas naturais, graças ao clima, variada topografia, património turístico e cultural, folclore e cozinha. Constitui uma análise objectiva do fenómeno turístico português, nos seus índices e aspectos mais expressivos, concluindo por um programa de acção. Nele se acentua que, embora o turismo em Portugal se tenha desenvolvido favoràvelmente nos últimos dez anos, o seu ritmo de crescimento não atingiu todavia o dos países concorrentes e não pôde beneficiar do aumento geral do turismo internacional de modo análogo a outros países, como a Espanha e a Grécia.
Deduzo eu que as percentagens de aumento do movimento turístico são aparentemente altas para os que partem do valores modestos.
Quando se diz que Portugal aumentou 241 por cento é porque partiu em 1952 de 110 000 turistas entrados naquele ano, para 275 000 em 1961. Se a Espanha, que em 1952 recebeu 1 485 000, aumentou 402 por cento no mesmo período, isso significa que em 1961 recebeu 7 455 000. Isto não diminui o valor do esforço que se acentuou nos últimos anos para aumentar o nosso turismo activo, o qual, como foi tornado público, deve ter atingido 520 000 turistas em 1963.
A nossa situação hoteleira é das mais modestas entre os membros da O. E. C. D., com o inconveniente ainda do que os hotéis se encontram na maior parte concentrados em volta de Lisboa e ao longo do litoral do País, situação atenuada, pela construção de pousadas e hotéis pertencentes ao Estado, cerca de dezasseis, de «alta qualidade», nas regiões desprovidas.
Refere-se o relatório à amplitude da Lei n.º 2073, de protecção à indústria hoteleira.
Supõe o autor que este regime de protecção não tem sido suficientemente divulgado entre os capitalistas estrangeiros nem assaz valorizado na política económica do País.
São bastante optimistas as perspectivas quanto às possibilidades e vocação turística de Portugal e aconselha-se a tudo fazer para encurtar o período do démarrage, fazendo-se sugestões quanto a transportes e vias de condução.
Lisboa, segundo os peritos, continuará a ser sempre a atracção turística principal do País e o seu centro de gravidade.
O custo elevado do transporte para o turista do Norte ou do Centro da Europa, dada a situação geográfica de Portugal - extremo ocidental desse continente -, só pode ser compensado com o preço dos hotéis.
Há necessidade de construir novos hotéis e sobretudo para o turismo médio, acentua-se no relatório.
Este turismo médio, em pleno crescimento, é uma realidade a que não se pode fugir. Embora seja o turismo de 1.ª classe que ainda dá prestígio e nome às regiões, o das massas pesa incontestavelmente sobre o turismo de um país.
Menos lucrativo per capita, encontra certa resistência nos investimentos hoteleiros num país como o nosso, cuja capacidade hoteleira se preenche ainda fàcilmente com o turismo de 1.ª classe.
A política hoteleira tem de encontrar um justo equilíbrio entre os hotéis de luxo, de 1.ª classe e de turismo médio, já que vai diminuindo pouco a pouco o fausto de certa vida mundana e que se tende para a aproximação e nivelamento das classes pela subida das massas.
Os serviços de turismo têm-se esforçado por conseguir este equilíbrio e impô-lo. Importa todavia criar-se a consciência de que sem o turismo das massas, e o apetrechamento hoteleiro para ele, não serão obtidos os grandes números e as importantes divisas a que aspiramos.
É aliás capital a sua importância para o turismo interno, quase, sempre de pequena estada, mas que tanto interessa, no desenvolvimento de regiões do País não especializadas em turismo e que deve ser valorizado num país pluricontinental como o nosso. Os Portugueses só com hotéis de 2.ª classe podem viajar em Portugal.
Viajar na sua terra, ir passar as férias a outra província ou região do País, correspondo a um movimento de trocas de grande interesse económico, cultural e até patriótico, sobretudo se considerarmos a gente portuguesa que habita nas ilhas ou no ultramar. Daí também a vantagem de uma política de transportes em todas as vias, política que facilite as excursões e viagens de férias, estimulando o turismo interno.
O turismo social, as excursões dos grandes grupos proletários, tem mais limitado interesse económico, quanto aos estrangeiros, mas vale como propaganda do País. É de grande importância no plano do turismo interno, necessidade psicossocial em relação às nossas massas operárias, desenvolvendo nelas espírito associativo. Grandes esperanças se depositam na previdência quanto ao seu desenvolvimento. Lamento não poder fazer referência ao turismo universitário, desportivo e cultural, aos grandes certames desportivos, congressos, feiras e exposições internacionais, que têm constituído um autêntico triunfo para o departamento do turismo e um alto serviço prestado ao País.
Concluiu-se já o estudo preliminar do plano de valorização turística do Algarve; está em curso idêntico trabalho referente à Madeira. Adianto, em relação a este último, os meus votos, dadas as características especiais deste