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4 DE MARÇO DE 1964 3463

O turismo com efeito envolve, com a entrada de divisas, o movimento do massas humanas, que pela sua capacidade de consumo pesam ria frágil economia da ilha que tem de alimentá-las. Uma insuficiente produção Pm muitos sectores das necessidades humanas para um aumento de consumo corresponderia à rarefacção e sobrevalorização de produtos: desequilíbrio da balança comercial, e, em parte, perda de divisas, agravando o custo de vida, que se repercutiria sobretudo no funcionalismo e nos que trabalham por conta de ou trem. Considere-se ainda para tal efeito o preço elevado dos transportes marítimos os encargos portuários e o conjunto de taxas locais que constituem uma verdadeira barreira alfandegária. Há que estudar o consumo, orientar, a produção e ensinar o agricultor.
No estudo preliminar do plano de valorização turística do Algarve diz-se:

Só atentas estas condições (exigências do consumo) se deverá pensar na localização de quaisquer iniciativas turísticas e a expansão urbanística nelas apoiada só deverá considerar-se quando o seu dimensionamento seja proporcionado às possibilidades alimentares oferecidas, local ou regionalmente.

Independentemente de considerações de ordem paisagística ou climática, as praias de valor turístico indiscutível do Sul da França devem por certo aos recursos alimentares de uma privilegiada região grande parte do seu êxito de nomeada universal.

Os resultados do turismo na Madeira - dizia eu nesta Assembleia, há um ano -, como a única grande indústria possível, serão limitados, se a tempo não se planificar e coordenar a sua economia.
E noutra ocasião acrescentei:

A Madeira é com efeito, em certos aspectos, um pequeno país sob o ponto de vista económico, cercado pelo mar, exportando e importando em parte directamente do estrangeiro, com uma fronteira alfandegária estanque ...
Condicionam sobretudo a sua economia a interdependência dos sectores económicos locais, a mútua repercussão de suas actividades, a variável extensão do terreno por onde se expande cada produto agrícola segundo a sua fortuita valorização, os volumes de produção, consumo, rarefacção ou pletora do seu bem delimitado mercado interno e a possibilidade de absorção por parte dos mercados externos seus clientes. Interessa-lhe directamente uma política económica deste conjunto e só mais de longe a economia específica de cada produto no plano nacional. É específica a prospecção e conquista do mercado para os seus bordados, a banana, os vinhos, as flores, os vimes ou os produtos hortícolas. Pode dizer-se, de certo modo, que tem a sua balança comercial própria - o dinheiro que entra vindo dos emigrantes, das exportações ou do turismo e o que sai pelas importações e colocação no estrangeiro de rendimentos e lucros.
Ora acontece que o arquipélago, sendo por fatalismo geográfico-económico o tal pequeno país sobrepovoado a que me venho referindo, não tem a sua economia estruturada nesse sentido.

A próxima visita do Sr. Ministro da Economia à Madeira é segura esperança de que o estudo dos seus problemas económicos vai ser realizado e equacionado. São eles numerosos:

1) A reestruturação da agricultura e sua mecanização;
2) O regime sacarino em face do deficit crónico da produção de açúcar, da não ampliação das zonas de plantio e da sua importação antieconómica;
3) A exportação, comercialização, transporte, armazenamento em Lisboa e distribuição da banana;
4) A construção de silos para cereais;
5) O problema dos intermediários em certas importações, como as do azeite;
6) O fomento pecuário difícil na Madeira e mais fácil, embora irregular, no Porto Santo;
7) O fomento da avicultura;
8) A comercialização dos produtos agrícolas e disciplina dos seus preços;
9) A revisão e redistribuição das taxas alfandegárias locais;
10) A criação de um organismo coordenador a nível distrital, orientador de actividades, com seus serviços de estatística, informação, assistência especializada e prospecção dos mercados externos e internos.

E concluo esta parte: o desenvolvimento turístico que se desenha obriga à planificação e coordenação da economia da Madeira - caso à parte na economia nacional pela sua insularidade, pletora populacional e condições económicas próprias.
Vejamos agora de relance a actual situação e apetrechamento turístico da Madeira. Em Outubro de 1963 havia em hotéis e pensões 772 quartos e 1411 camas e em pensões residenciais recentes 18 quartos e 35 camas, o que totaliza 780 quartos e 1440 camas. Na esteira das tradições e da vocação turística madeirense desenha-se no sector privado um movimento interessante: o apetrechamento de quartos e apartamentos para turistas em residências particulares. Estão a adaptar-se algumas quintas e outros edifícios a apartamentos, residências e pensões residenciais para turistas. Encontravam-se em Outubro de 1963, funcionando em residências particulares, 105 quartos, com 208 camas, e dentro de poucos meses começarão a funcionar mais 250 quartos, com 493 camas. Pode-se assim estimar que a máxima capacidade hoteleira da Madeira atingirá em breve 1135 quartos e 2347 camas. Em 1962 a capacidade do continente e ilhas adjacentes era de 38 812 camas.
Anote-se, assim, que este interessante exemplo regionalista, devido à iniciativa particular, contribuirá muito em breve para um aumento de 45 por cento em quartos e de 48 por cento em camas em relação aos efectivos anteriores. Alguns destes números, obtidos através dos relatórios da delegação de turismo local, apresentam ligeiras diferenças com os que se mencionam no quadro n.º 33 do trabalho Subsídios para Uma Análise da Oferta e da Procura, do Dr. Alfredo Magalhães, promovido pelo Gabinete de estudos do S. N. I., diferenças que não modificam o aspecto do conjunto. Por este trabalho verifica-se, em relação a 1962, que há um grande predomínio nos hotéis de 1.ª classe (969 camas) sobre os de 2.ª e 3.ª classes, que totalizam 306.
A percentagem dos quartos com banho é de 41 por cento, muito superior à, dos estabelecimentos hoteleiros do continente, onde é de 33 por cento. Tem aumentado nos últimos anos esta percentagem de quartos com banho e diminuído a dos sem banho, o que significa, melhoria