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4 DE MARÇO DE 1964 3465

Limitando este quadro aos estrangeiros, ternos a mais aproximada ideia acerca da evolução do número de turistas estrangeiros entrados:

[Ver Tabela na Imagem]

Verifica-se um aumento de 36 por cento, em cada um dos últimos dois anos, no número de turistas entrados. Os 18 110 turistas de 1963 constituem, todavia, número quase irrisório para uma estância de turismo. A utilização da via marítima foi ultrapassada pela primeira vez, em 1963, pela via aérea, e terá ainda mais preferência quando abrir ao tráfego o aeroporto de Santa Catarina. Contudo, durante este último ano, cerca de 40 por cento dos turistas estrangeiros vieram por mar.
Daí a importância que teriam viagens regulares por um navio português, pelo menos durante o Inverno, no circuito Inglaterra-França-Lisboa-Madeira-Canárias ou Inglaterra-Madeira-Canárias.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Chego assim, Sr. Presidente, ao último capítulo da minha intervenção, e poderia intitulá-lo: perspectivas, aspirações, possibilidades e elementos equacionáveis do turismo madeirense. Com ele pretendo fornecer uma achega ao trabalho em realização por ilustres técnicos do Secretariado Nacional da Informação sobre a Madeira, paralelo ao estudo preliminar do plano de valorização turística do Algarve, já concluído, dando ao mesmo tempo à Assembleia Nacional notícia das reservas que constituem, esse desbaratado tesouro que é a capacidade turística da Madeira e das suas possibilidades de utilização para bem do homem madeirense.
1) O problema mais imediato e premente: vai inaugurar-se o aeroporto do Funchal e não vemos subir as paredes de nenhum novo hotel. Atrasámo-nos mais uma vez, enrodilhando-nos na teia das grandes preparações burocráticas, prudentes hesitações e dificuldades de verba. Poderemos partir ao encontro dos turistas com o máximo de 2000 camas, incluindo pensões e a comparticipação das residências particulares a que me referi. Não quero adiantar-me aos técnicos, mas parece-me que tudo o que seja ir para o plano de desenvolvimento turístico de 1964-1968 com uma programação inferior a 5000 camas corresponde a prever volume de turismo com insuficiente expressão económica. Se no plano de desenvolvimento turístico do País se calcula um aumento de 17 por cento anual de movimento turístico, para a Madeira a oferta ficará sempre muito aquém da procura.
Dos 3 milhões de contos previstos como necessários para o plano de desenvolvimento turístico (2 milhões dos quais para investimento hoteleiro), quanto se calcula que deve atribuir-se à Madeira e qual a distribuição desses investimentos no tempo?
Desse total, em quanto se estima e até onde se admite que chegue a contribuição do Estado neste caso da Madeira, que parece ter direito a electiva prioridade? Na Madeira, onde a rápida valorização dos terrenos pode constituir um perigo para este efeito, não se constrói e põe a funcionar um hotel em menos de três a quatro anos. Para começar a construí-lo é preciso um anteprojecto, um projecto, aprová-los sucessivamente, comprar terrenos, e então começar a erguer-lhe as paredes.
Como perspectivas mais ou menos imediatas cito o Hotel Savoy, que começou já, ou vai começar, a sua ampliação para mais 300 hóspedes; a Sociedade Soturna, com 1.ª fase de um hotel de 2.ª classe ainda por adjudicar, representando 100 camas a aumentar posteriormente; um hotel para 400 hóspedes, na fase ainda de anteprojecto, da Companhia Inglesa de Aviação B. O. A., iniciativa dependente de facilidades no tráfego aéreo pedidas por aquela Companhia e em estudo no Ministério das Comunicações. Estas sociedades possuem já terreno para a construção. Admitindo-se a adjudicação do jogo, prevê-se ou pressupõe-se a construção de um hotel pelo concessionário que podemos estimar em 300 camas.
Iniciativas de pormenor vão surgindo, mas de limitada expressão numérica, como a readaptação do velho hotel de montanha, o Monte Palace Hotel, há muito fechado, com cerca de 40 quartos, o seu frondoso parque, o seu lago-piscina e a sua situação maravilhosa no anfiteatro do Funchal, que um hoteleiro a quem a Madeira muito deve vai aproximadamente fazer reviver. Estas pouco sólidas perspectivas não irão além de 1200 camas, a funcionar, na melhor das hipóteses, num período que irá de três a cinco anos. Adentro da modesta perspectiva que aventei como hipótese, há a construir hotéis no valor de 1700 camas.
Fazer conveniente, propaganda no estrangeiro das facilidades e apoio concedidos pela nossa legislação à construção e apetrechamento hoteleiros; atribuir fundos suficientes para financiamento, indo ao encontro de iniciativas e candidatos que se desenharam ou desenhem; assistir-lhes tècnicamente, aplanar-lhes os caminhos burocráticos, que desnorteiam por vezes os estrangeiros, encurtar o tempo das operações prévias - eis alguns objectivos imediatos.
Parece-me, todavia, como já o disse, que na nossa revolução turística tem de ir-se mais além nos investimentos por parte do Estado e até em novas medidas legislativas. É o caso de dar capacidade jurídica às autarquias e outros organismos - sem esquecer a previdência - para construir hotéis e outras estabelecimentos de carácter turístico (piscinas, pousadas, centros de acolho, restaurantes, etc.).
É incontestável que o turismo permanente localizar-se-á no Sul da ilha. Dadas as suas condições climáticas e a valorização do terreno que ali já se esboça, parece-me que é de aconselhar, desde já, a delimitação de uma zona de interesse turístico entre o Funchal e Câmara de Lobos, onde uma empresa de economia mista, género ainda não ensaiado em Portugal, de modelo aproximado ao que se utiliza em França, encontraria uma activa, sólida e fomentadora colaboração do Estado com a iniciativa privada.
O slogan turístico dos nossos dias «sun, sand, sea» e a tendência que representa indicam que se multipliquem as piscinas com pequenos restaurantes ou snacks-bars ao longo da beira-mar do Sul da ilha, do Caniçal à Ribeira Brava, aproveitando as reentrâncias da costa ou apoiando-as nos rochedos, como se fez em Porto Moniz e em Ponta Delgada. E que a Madeira tem a sua grande praia de areia fina e amarela ... no Porto Santo. Eis um campo aberto às iniciativas locais de municípios e outros organismos.
2) Há necessidade, Sr. Presidente, de o Governo definir uma política de tráfego aéreo para a Madeira. Impõem-se num primeiro período de propaganda facilidades de trá-