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3470 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 138

estar sempre presente em cada português, numa cortesia que é devida a quem nos visita e que foi sempre apanágio dos Portugueses.
Dessa política e mentalização em favor da corrente turística estrangeira faz parte também a nossa encantadora paisagem, a que as vilas e aldeias dão encanto pitoresco, sobretudo quando o brio e orgulho dos proprietários do casario, a que não deve ser estranha a presença de um incentivo camarário, são postos à prova, num esmero inexcedível no aspecto domingueiro que as suas casinhas apresentam, sempre donairosas, compondo um quadro de rara beleza paisagística portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esse encanto que serve de cenário belo aos nossos olhos na paisagem minhota, algarvia e alentejana, onde as casinhas das regiões se apresentam sempre vestidas de gala, o que dá ao turista uma impressão deveras agradável que muito nobilita o povo e o próprio País, vai-se infelizmente perdendo em triste e desolador contraste com o que se vê pelo Vale do Vouga fora, na maior parte das vilas e aldeias, que ao brigo das estradas e ruas principais apresentam um aspecto triste, a que mais pròpriamente deverei chamar de desmazelo, parecendo que não há interesse em alindar a terra onde se vive e que a ela não chega a acção das juntas de freguesia e das respectivas câmaras municipais.
As juntas de turismo teriam aqui importante papel a desempenhar, desenvolvendo uma acção benéfica, se não carecessem de personalidade administrativa e de meios que lhes possibilitem a actividade para que foram criadas.
É inegável que temos enormes possibilidades de fazer turismo a um nível verdadeiramente nacional e que necessitamos de acompanhar o ritmo do desenvolvimento turístico dos países vizinhos, cujo crescimento se regista de dia para dia.
A programação para se conseguirem tais fins não carece nem de vontades, nem de dinamismo, nem de técnica importada, pois em matéria de turismo o que se encontra já feito honra bem a nossa técnica e toda a iniciativa, quer estadual, quer privada.
O que na realidade parece existir, e isso terá de ser vencido a todo o custo, por constituir um verdadeiro entrave ao progresso turístico, é a falta de disponibilidades financeiras para se poder cumprir num curto espaço de tempo um programa de tão vastas proporções como o que se preconiza e é mister realizar.
As exigências orçamentais a que a defesa da nossa integridade em África obriga contra a bem conhecida cobiça estrangeira, habilmente mascarada de um emaranhado de feições políticas, não nos permitem grandes largas em gastos noutros sectores deste género na vida do País.
Tudo indica, por isso, que nos devemos aproximar quanto possível das realidades, indo até onde a prudência o indicar na importação de capitais estrangeiros e aliciamento de capitais nacionais e ainda na concessão de explorações que interessam ao desenvolvimento turístico.
Numa grande parte das capitais de valias nações que se interessam por esta indústria se vêem empreendimentos de grande envergadura cujos capitais pertencem a nacionalidades diversas, e só assim o turismo tem ascendido, lá fora, ao mais alto grau.
Se soubermos e quisermos caminhar paralelamente a esses países, secundando-os no que de bom o turismo ali representa, daremos um grande passo na fomentação de uma indústria que nos interessa sobremaneira, tanto no seu aspecto económico, como no político e espiritual, que actuará como veículo nas boas relações humanas.
Sr. Presidente: a panorâmica turística de Moçambique enferma dos mesmos males metropolitanos, que bem se podem sintetizar numa grande falta de capacidade financeira que lhe vem tolhendo os movimentos e que será sempre o maior obstáculo a um grande desenvolvimento que se impõe.
As grandes perspectivas que toda a província nos oferece, de norte a sul, para a exploração de um turismo em mais elevado nível que conte grandemente na vida de Moçambique em todos os seus aspectos, quer económico, quer político e até espiritual, exigem de nós um esforço hercúleo, um arranque especial, um dinamismo à altura dos nossos dias, que deverá traduzir-se no aliciamento e importação de capitais estrangeiros e em concessões de vária ordem que interessem ao turismo, a empresas que nos dêem seguras garantias de idoneidade.

O Sr. Brilhante de Paiva: - Muito bem!

O Orador: - Uma programação completa em toda a província, contando com os elementos já em actividade e com os restantes que se julguem necessários e ainda os que já se conhecem mas continuam em perfeito embrião, pré vendo-se as obras que podem ser suportadas pelo orçamento da província e a parte que deve deixar-se à iniciativa privada, é tarefa ingente a que devemos deitar mãos urgentemente, como passo principal do início de uma obra do mais alto interesse para Moçambique.
Não vamos encarecer nem especificar aqui, neste breve trabalho, como é óbvio, as condições excepcionais de que a província dispõe para um turismo rico, que pode desenvolver-se mais sobretudo através do desporto cinegético e da pesca desportiva de toda a gama, designadamente submarina, mas podemos afirmar, pelo que conhecemos, porque também sofremos dessas doenças, e pelas afirmações de consagrados caçadores e pescadores estrangeiros que conhecem quase todos os centros turísticos do Mundo, que Moçambique é um verdadeiro oásis, que só lhe falta uma exploração capaz e uma consequente e bem organizada propaganda.
Na programação que urge fazer-se tão breve quanto possível não poderá deixar de ter posição especial a picada aberta da Machava à Moamba para Ressano Garcia, que deverá converter-se ràpidamente em estrada de primeira ordem, para trânsito dos turistas sul-africanos, em cujo trajecto se poupam quarenta e tal quilómetros da fronteira a Lourenço Marques, ou seja uma poupança de quase 50 por cento em relação ao trajecto feito por Boane.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A actual estrada que serve a fronteira é bastante estreita, perigosa por tal motivo e ainda porque atravessa variadíssimas regiões de gado onde frequentemente se dão desastres.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O acabamento e asfaltagem daquela estrada é de absoluta necessidade para atrair a corrente turística que nos fins de semana visita o Krueger Park, na ordem dos milhares, e que uma vez encurtada a distância para Lourenço Marques não deixará de visitar a cidade de que tanto gosta. Saber-se que tal projecto encurtou aproximadamente 50 por cento tem influência psicológica no turista que se desloca de automóvel, e que é a maior parte.

Vozes: - Muito bem, muito bem!