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4 DE MARÇO DE 1964 3473

que é no turismo que reside uma das grandes fontes de riqueza para o futuro de Moçambique.
Não faltasse a esta actividade o apoio financeiro de que tanto carece e que a província lhe não pode fornecer para além de certos limites, e toda a província registaria em breve tempo uma verdadeira euforia em todos os locais indicados para turismo em terras de Moçambique, onde os visitantes encontram um autêntico paraíso, não apenas pelas belezas e riquezas turísticas de que desfrutam, como pela paz, ordem e sossego que ali encontram.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não obstante as dificuldades - e não são poucas - que este organismo tem tido, a sua acção tem sido verdadeiramente extraordinária, parecendo impossível ter-se feito tanto com tão pouco.
Pelo esforço e dedicação verdadeiramente gigantescos que tem dispensado ao turismo, o Dr. Botelho de Sousa, director do Centro de Informações e Turismo de Moçambique, bem merece que o saudemos e que eu, daqui, lhe preste as minhas justas homenagens.
Sr. Presidente: prometi para comigo ser curto nas minhas palavras, mas não consegui!
Serei sempre longo!
Risos.
Perco-me no entusiasmo e na vastidão dos problemas que constituem a vida daquelas terras longínquas onde me tenho radicado desde há muito.
Só à benevolência de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e de VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, eu devo a atenção com que me escutaram.
Não quero terminar sem, verdadeiramente convicto, fazer a afirmação de que tudo o que fizermos no sentido de multiplicar a nossa acção neste sector da vida portuguesa terá os seus frutos neste país de tão grandes tradições, que está a iluminar a estrada do Mundo, ensinando a manter a ordem, criando a paz e o progresso.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cutileiro Ferreira: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: depois do exaustivo aviso prévio do nosso ilustre colega Dr. Nunes Barata, nada ou quase nada se poderá dizer sobre o turismo em Portugal. O nosso brilhante colega apresentou, criticou e propôs todas as soluções possíveis para este magno problema. Pouco mais nos resta que dar a nossa aprovação à moção que vier a ser apresentada e, pelo menos por mim, concorrer- com ligeiras achegas em pormenores regionais. E o que irei fazer em relação ao distrito de Évora.
Julgo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, e esta foi uma das poucas coisas que o ilustre Deputado Dr. Nunes Barata nos não disse, que o desejo de o homem fazer turismo é uma consequência atávica da saudade que lhe ficou do paraíso que perdeu. Sendo assim, como creio, o turismo aparece com o primeiro homem na Terra e perdurará até à sua extinção. Sabemos que em todas as épocas históricas o homem se deslocou, com ou sem sentido comercial ou guerreiro, para além dos limites da sua pátria. Nos monumentos do Egipto encontram-se inscrições de turistas gregos. Marco Pólo, sem grande dificuldade, pode considerar-se um turista, e nas armadas das Descobertas, tanto portuguesas como espanholas, não são raros aqueles que embarcaram como simples turistas, mais ou menos aventureiros e, por vezes, preciosos cronistas.
É fácil concluir que o homem se deslocou e desloca movido pela curiosidade de novos horizontes, novos costumes, novos monumentos, outras gentes e outras civilizações, outros climas. Reside, muito especialmente, nesta diversidade de ambientes, o incentivo mais poderoso para atrair o turista, esse simpático e apetecido distribuidor de divisas. Como conclusão somos levados a aceitar que se devem manter os costumes e os monumentos que nos diferenciem dos outros povos, já que o clima, ao que parece, se manterá com ligeiras alterações.
O turista, no caso particular de Évora, chegará pela única via por ora ao seu alcance, a via terrestre. Pode optar pelo caminho de ferro ou pela estrada. Na primeira hipótese não estará de parabéns pela escolha que fez. O caminho de ferro entre o Barreiro e Évora percorre apenas 117 km, a que teremos de juntar cerca de o milhas de travessia fluvial entre Lisboa e o Barreiro. É, como se vê, uma distância bastante pequena, mas, porque o estado da via e do material o não permitem, a velocidade comercial é, para a nossa época, insuficiente.
Pelos mais rápidos meios ferroviários e fluviais a viagem Lisboa-Évora demora - se os horários se cumprirem - 2 horas e 47 minutos. Esta é a teoria horária, que só raramente se cumpre. A realidade usual é bem diferente. No capítulo da comodidade ainda a coisa é pior. Há composições que, chego a acreditar é propósito, mais parecem reconstituições históricas de material do que comboios do século XX. Os horários são inadequados às necessidades dos utentes. Em qualquer dos dois sentidos - Lisboa-Évora ou Évora-Lisboa - há 4 comboios diários, com os horários seguintes: de Lisboa com partidas às 7 horas e 40 minutos e 8 horas e 50 minutos (l hora e 10 minutos de intervalo) e às 17 horas e 25 minutos e 19 horas e 25 minutos (2 horas de intervalo). Das 8 horas e 50 minutos às 17 horas e 25 minutos (8 horas e 35 minutos de intervalo) e das 19 horas e 25 minutos às 7 horas e 40 minutos (12 horas e 15 minutos de intervalo) não há qualquer ligação ferroviária para passageiros entre as duas cidades no sentido Lisboa-Évora.
De Évora para Lisboa com partidas às 8 horas e 11 minutos e 8 horas e 43 minutos (32 minutos de intervalo) e às 18 horas e 15 minutos e 18 horas e 32 minutos (17 minutos de intervalo). Das 8 horas e 43 minutos às 18 horas é 15 minutos (9 horas e 32 minutos de intervalo) e das 18 horas e 32 minutos às 8 horas e 11 minutos (13 horas e 39 minutos de intervalo) não há qualquer ligação ferroviária para passageiros no sentido Évora-Lisboa.
Não vale a pena qualquer crítica ao estabelecimento dos horários indicados. Todos compreendemos que os interesses dos passageiros, e da própria C. P., não estão acautelados. Com estes meios, na parte ferroviária, não há turismo possível. Falta velocidade, comodidade e horários menos espaçados.
Sr. Presidente: se eu tivesse a dita de ser escutado por algum ilustre dirigente da C. P. com a atenção que V. Ex.ª me presta, certamente Évora estaria mais bem servida.
Se o turista pretender dirigir-se ou sair para ou de Évora, por estrada, será mais feliz, mas, certamente, não tanto quanto seria desejável.
No trajecto de, ou para, Lisboa terá de atravessar uns péssimos 15 km da estrada nacional n.º 114, no troço entre Évora e Montemor-o-Novo, que requerem uma reparação total e a respectiva dotação de verba.