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3476 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 138

3) Turismo social tomando por base 179 excursões realizadas, das quais 8 a países estrangeiros:

Beneficiários .............. 12 559
Quilómetros percorridos .... 145 786

A par deste turismo «por estrada» também a F. N. A. T. realizou alguns cruzeiros à Madeira e aos Açores, um paquetes especialmente fretados, ou aproveitando grande parte da lotação dos navios de carreiras regulares.
Pena é que este movimento de tão grande alcance e utilidade, que no ano tansacto interessou já 20 000 trabalhadores, não tenha tido ainda maior expansão, em especial quanto aos cruzeiros marítimos, por dificuldades no fretamento dos barcos. E aguarda ainda concretização o já antigo sonho de um cruzeiro a Angola para trabalhadores portugueses, agora mais oportuno do que nunca.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Afigura-se-me que poderia resultar num êxito, o até benefício económico, o aproveitamento eventual de navios sem utilização, e que, em vez de permanecerem fundeados no mar da Palha, poderiam efectuar cruzeiros ao ultramar português, especialmente destinados a trabalhadores.
Ainda é oportuno referir que o intercâmbio estabelecido entre a F. N. A. T. e a obra da Educación y Descanso constitui um eficaz, se não até agora mesmo o único elemento de colaboração turística ibérica. A F. N. A. T. recebeu nos últimos três anos 1163 trabalhadores espanhóis na sua colónia- de férias Um Lugar ao Sol, na Caparica (a preferida em virtude da sua localização junto a Lisboa), o foram em número de 1008 os trabalhadores portugueses beneficiários da F. N. A. T. que estagiaram nas colónias do férias espanholas de Cádis. Tarragona e Marbella.
A F. N. A. T. tem sido assim elemento efectivo do intercâmbio turístico com a Espanha, embora no campo restrito do turismo social. Mal se compreenderá que não só lho reconheça ter também uma palavra a dizer em eventuais negociações, contactos ou consultas acerca da coordenação e equacionamento dos problemas gerais do turismo peninsular.
Que pensar do estado actual do turismo em Portugal?
O panorama estatístico, ia a dizer o retrato estatístico em corpo inteiro, deu-o esplêndidamente o Dr. Nunes Barata.
E o também nosso ilustre colega nesta Câmara Dr. Paulo Rodrigues, na comunicação feita em 7 de Janeiro, definiu, com notável clareza e sentido das realidades, as linhas mestras da política, nacional do turismo.
Sabemos que se trabalha com entusiasmo na elaboração de um plano de desenvolvimento turístico para o próximo lustro alicerçado em estudo de base que teve em conta as realidades e virtualidades das nossas possibilidades turísticas.
Como afirmou o Sr. Subsecretário de Estado, «a evolução das principais correntes turísticas e o ritmo de crescimento verificado nos últimos três anos permitem admitir que chegou, efectivamente, a hora do turismo português. Cumpre agora fazermos tudo para a não perder».
Sr. Presidente: veio a Lisboa, e por coincidência, que reputo de feliz augúrio, exactamente quando nesta Câmara se debate o problema do turismo, D. Manuel Fraga Iribarne, prestigioso Ministro de Información y Turismo de Espanha.
Figura de grande relevo na política espanhola.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... professor catedrático de Direito, diplomata e director dos Estudos Políticos de Madrid, foi-lhe confiado, em 1962, o comando superior do turismo e informação da nação vizinha.
Assistido pelo Subsecretário do Turismo, Don Antonio Rodriguez Acosta, formando com ele uma equipa cheia de dinamismo e juventude, teve oportunidade de ver realizado o mais espectacular surto turístico actual - que se traduz em quase 11 milhões de turistas entrados em Espanha no ano de 1963, com receitas totais na ordem dos 20 milhões de contos.
Continuador e impulsionador esclarecido de um pensamento político que vem de longe, e que teve em Don Álvaro de Figueiroa, conde de Romanones (autor do Decreto de 6 de Novembro de 1905, que lançou as bases da acção estatal sobre turismo), e no marquês de Vega-Inclan os mais destacados precursores, da sua acção diz esclarecido autor espanhol, Don Ricardo La Cierva, «que pode considerar-se asombrosa».
A reorganização profunda dá Administração Central do Turismo e a criação das bases para uma definição técnica e ideológica do turismo espanhol através do Instituto de Estudos Turísticos são apontadas como constituindo o estímulo eficaz para a conquista definitiva de uma consciência turística nacional no país vizinho.
Como afirma também Ricardo La Cierva, aludindo ao surto turístico espanhol:

Todo o crescimento desmesurado tem os seus perigos. Mas não há vitória sem continuidade. Poucas vezes se deu em Espanha uma conjugação de caminhos mais ampla e mais consciente entre o Estado e as forças vivas da nação.
O turismo espanhol está em boas mãos e segue por bom caminho; dentro da paz hispânica é toda uma aurora de promessas.

De esperar é que da visita de tão alto e eficiente governante possam surgir novos caminhos de colaboração no campo turístico, exactamente um daqueles em que a efectivação de uma política de conjunto, leal e esclarecida, no plano peninsular, poderá afirmar-se triunfalmente. As afinidades étnicas, culturais, sociais e económicas, pressupostos da pax iberica, que constitui (pese embora às forças. mundiais da desordem) um dos mais sólidos valores da Europa e do mundo ocidental, permitem certamente que se articule na ordem prática, e sem demora, essa política turística de colaboração, de que ambas as nações recolherão vantagens.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Saudando o ilustre hóspede de Portugal e eminente homem do Estado que é Don Manuel Fraga Iribarne, penso que exprimo o sentir geral de todos nós na afirmação de uma fraternidade que a circunstância de S. Ex.ª ser, como o generalíssimo Francisco Franco, natural da Galiza, torna- ainda por ventura mais espontânea e sentida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Impus-me ser breve neste apontamento. Nem me atreverei a aflorar concretamente quaisquer aspectos ou problemas de turismo regional e local, aliás tanto da minha predilecção.
Limito-me a enunciar um problema e a afirmar a minha certeza, quanto à validade dos nossos valores e virtualidades turísticas, que em grande parte aguardam ainda, a sua hora do aproveitamento.