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4 DE MARÇO DE 1964 3469

Tudo nos indica que devemos multiplicar o mais breve que nos seja possível a afluência turística vinda de além-fronteiras, por ,ser a que mais interessa ao País, tanto económica como politicamente, já pela posição favorável que se regista na entrada de divisas e ainda também pelo muito que a nosso favor pode contar no campo político um maior conhecimento dos elementos primordiais que alicerçam a história de um povo que soube dar novos mundos ao Mundo e que se orgulha também, muito legìtimamente, de dar lições em matéria de civilização, como a que estamos oferecendo nas nossas províncias ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas para que o fomento de turismo em nível elevado como o que se pretende possa ser efectivado há que proceder-se a uma programação em forma, racional, inteligente e realista, da qual não poderão deixar de fazer parte obras que compreendam uma maior gama de atracções turísticas paralelamente a uma propaganda no exterior, que deverá ultrapassar os limites da Espanha e da França, onde muito pouco ou nada se sabe dos encantos e valores turísticos de Portugal e muito menos se sabe quanto aos seus baixos preços, nos quais abrangemos os hotéis e restaurantes, que, sem receio de desmentido, são os mais baixos do Mundo e de qualidade em nada inferiores aos do estrangeiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os valores e as belezas de Portugal nos seus vários aspectos, quer histórico, museográfico, paisagístico, etc., e o rico e variado folclore, tão apreciado pelo estrangeiro, carecem de melhor posição, que lhes conceda maior relevo no cartaz turístico de que hoje fazem parte e que tem honrado, brilhantemente, não só o País como todas a iniciativas, tanto oficiais como privadas, que lhes tem dedicado o melhor do seu saber e do seu carinho, dignos dos maiores louvores.
Impõe-se, além do muito que está por certo no programa e no espírito de quem dirige a vida turística do País, e o tem feito sempre com o maior brilho, dedicação e saber, dignos das nossas homenagens, a ampliação do número de hotéis, sem ostentação, mas funcionais e a preços acessíveis a um turismo de nível médio, por ser esse que mais se movimenta em todo o Mundo e que por certo mais acorre a Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A construção de novas pousadas ou estalagens e a ampliação do número de quartos das pousadas já existentes são obras que não podem esperar, pois se está a afugentar determinado número de turistas que em certas épocas do ano são obrigados a modificar o seu programa e, consequentemente, a desviar o seu rumo por não conseguirem alojamentos nas tão conhecidas e muito apreciadas pousadas portuguesas, a que António Ferro, tão dedicadamente, se devotou.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há, na realidade, muitas obras e até pequenos nadas que muito poderão concorrer para o enriquecimento do nosso turismo, se delas deitarmos mãos sem delongas, para que as oportunidades, nos não fujam por entre os dedos, escoando-se pelo horizonte fora em rumo para além-fronteiras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece-me não ser descabida a ideia da criação de um clube de turismo em Portugal, à semelhança dos que existem lá fora, cujo objectivo principal seria um intercâmbio cultural de carácter turístico com os restantes clubes do Mundo e até de facilidades dos respectivos sócios nas visitas aos vários países.
De certo modo se faria, automàticamente, uma constante propaganda em todo o Mundo, que se torna bastante necessária, pois a ignorância de certas partes do Mundo a nosso respeito é tão grande, como eu próprio tenho constatado, que há lá fora quem leve o seu analfabetismo ao ponto de julgar que Portugal é uma simples província de Espanha.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De algumas obras já existentes, directamente ligadas ao circuito turístico, como, por exemplo, o célebre Casino do Estoril, que ocupa um dos principais lugares turísticos do País, que apresenta um aspecto desolador e pouco dignificante, merece em seu lugar um edifício próprio e ao nível de um país que tem as suas tradições honrosas e que pretende criar, através do turismo, uma das suas principais fontes de receita.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O Algarve, centro turístico por excelência, clama por obras urgentes para além das que se encontram em curso e planeadas. As suas praias, de grande beleza, a que a transparência e amena temperatura das suas águas eleva o seu valor, e o mar, de uma fauna tão rica e propícia ao desenvolvimento da pesca desportiva, tão em voga, exigem aproveitamento rápido para acolhimento de muito maior número de turistas que ali encontram um verdadeiro paraíso para passar as suas férias.
Ao invocar o Algarve como centro de turismo por excelência seria ingrato se não lembrasse também a linda e sui generis região de Aveiro, com os seus sinuosos e profusos canais e ria pitoresca, que nos fazem lembrar Veneza! Os seus característicos barcos moliceiros, emoldurados pela ria de um mar de prata, compõem uma paisagem deslumbrante que jamais desaparece da nossa retina. Região de inconfudível valor paisagista, não pode deixar de ter lugar de relevo no quadro turístico português.
Sr. Presidente: por chamar a minha atenção um artigo que li há pouco sobre o perigo que ameaça o brilho das touradas em Portugal far-lhe-ei uma leve referência, por me parecer oportuno.
Espectáculo de tão grande cartaz turístico, que tanto interesse suscita pela arte e valentia dos seus operadores, merece uma especial atenção de quem de direito, pois parece estar a decair por se exportarem touros bravos para França e Espanha, sem uma contrapartida na importação, o que, segundo o artigo, concorre grandemente para um enfraquecimento das touradas portuguesas, se medidas adequadas não forem tomadas.
Aqui me permito pedir a atenção para este problema que respeita a um atractivo de grande projecção no turismo português.
O turismo em Portugal requer uma política à altura das nossas tradições, numa maior mentalização, que deve começar pelo mais alto ao mais baixo servidor e deverá