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5 DE MARÇO DE 1964 3489

Uma comissão regional, na qual tenham representação todos os municípios e os valores económicos, culturais e sociais e representantes regionais das actividades do Estado e ainda todos os que se mostrem vinculados ao turismo, com delegações nos locais onde o interesse turístico o imponha, julgo ser o organismo que convém e deve ser criado desde já para representar o Algarve com autoridade junto dos órgãos centrais do turismo, que às vezes, lamentàvelmente, o esquecem ou não o compreendem, por falar pela boca de muitos ou porque fica mudo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não se compreende, por exemplo, que uma visita ao Algarve não tivesse sido proporcionada aos congressistas que tomaram parte na reunião das agências de turismo de todo o Mundo. Assim se perdeu a ocasião para uma valiosa propaganda do Algarve, que tão cedo não haverá com tamanha dimensão e distinção.
Como também não se compreende a razão por que não se incluiu o Algarve no calendário das festas regionais do turismo, organizadas pelo Secretariado Nacional da Informação com projecção internacional.
Não será o Carnaval no Algarve, geralmente ambientado pela floração das amendoeiras, e que tem na batalha de flores de Loulé o seu nível mais alto, com nome firmado nos atractivos recomendados pelas agências de viagens estrangeiras, digno de tal distinção?
Não se deve perder a tradição desta batalha de flores, sustentada quase exclusivamente pelo brio e espírito engenhoso, e até de sacrifício, dos Louletanos, e que este ano não se realizou por vários motivos, entre os quais avultou a quebra do seu tradicional bairrismo, minada por forças do mal, e o medo ao risco financeiro, que deve ser coberto por quantos realmente beneficiam do movimento turístico que a batalha de flores provoca e pelo Secretariado Nacional da Informação, que a deve acarinhar com os meios que tem ao seu dispor para manifestações desta natureza.

O Sr. Rocha Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - Este e outros motivos de distracção devem, com a organização de roteiros paisagísticos, culturais e históricos, constituir um programa de recepção para interessar e ocupar os turistas durante estadas em regiões onde são atraídos por efeito de anunciadas solenidades, festivais ou por motivos naturais da ocasião.
Porque ele faltou no Algarve durante a quadra do Carnaval, que este ano coincidiu com a plena floração das amendoeiras, e ainda por dificuldades para alojar e, servir refeições a tantos que se deslocaram, teve como resultado muitos aborrecimentos e decepções, que muito contribuem para prejudicar o desenvolvimento turístico da região.
Que o sucedido sirva de ensinamento, para não deixar repetir desagradáveis acontecimentos.
Temos de estar atentos e tomar providências sobre deficiências notadas desde há certo tempo nos abastecimentos, que não passaram despercebidos na exposição do Sr. Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, que afectam a marcha do turismo e podem ser resolvidas, com relativa facilidade, desde que seja feito pelos serviços competentes do Ministério da Economia o ordenamento agro-pecuário do Algarve, que tudo pode dar e do melhor, beneficiado como está com duas importantes barragens. É imperdoável que só por falta de iniciativa e determinação de providências de pouco custo continuem a faltar as hortaliças, as carnes e o leite para o auto-abastecimento da província, provocando dores de cabeça aos hoteleiros e o desequilíbrio da economia dos que vivem à margem do turismo, pelo encarecimento dos produtos alimentares, devido à sua escassez.
Sr. Presidente: foi recentemente nomeado um delegado do Fundo de Turismo para o Algarve com amplos poderes de inspecção, coordenação e informação.
Na falta de um órgão de turismo regional, colocado dentro do esquema geral da organização turística, cuja acção flutua ao sabor de uma legislação dispersa e desactualizada, guiada por despachos de boa vontade, não será fácil ao delegado do Fundo de Turismo cumprir bem a sua missão.
Para conhecer os problemas do turismo regional na sua intimidade, e é nela que as pessoas e as coisas completamente se revelam e nos elucidam, terá de andar de terra em terra e de porta em porta, ouvindo um e outro, só porque não tem com quem fale em nome de todos.
Não há maestro, mesmo que tenha a mão firme para empunhar a batuta e saiba muita música, que seja capaz de tocar ópera com orquestra em que os músicos não afinam pelo mesmo diapasão por estarem dispersos, uns sem instrumentos e outros sem fôlego; quando muito poderá tocar um corridinho, muito pulado, à moda da região, mas desafinadamente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tanto mais quando é certo que irá encontrar, por muita parte, os homens desavindos, quando era necessário que estivessem unidos nesta oportunidade, em que todos não são de mais para elevar a sua terra aos altos cumes para que está fadada pelo signo do turismo, com o melhor da sua inteligência e do seu ânimo, que estão desperdiçando inglòriamente em questões de campanário.
Tendo sempre presente à mesa pequenas coisas que dividem e nunca sentando nela os verdadeiros problemas regionais que a todos podem unir.
Tudo por imprudências cometidas, umas sobre as outras, por um ou dois, que detêm ali na mão as varas do mando da autoridade e da política, e tão desorientados andam que não aceitam o conselho e a colaboração que lhes é oferecida, só por amor do Algarve, para ser detida a onda de desagregação que estão soprando mesmo na direcção daqueles que lhe têm querido fugir, prudentemente, e já não podem sem trair o mandato que se pretende menosprezar, negando direitos que a Constituição concede.
A união em que tanto se fala, e sentimos ser indispensável para enfrentar um inimigo capcioso que de fora nos ataca e nos desgasta, não será conseguida estendendo a mão a adversários que a recusam & maltratando e expulsando violentamente do convívio nacionalista muitos dos mais dedicados só por não dizerem amém a atitudes que se não têm como certas e correctas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pode pensar-se que por falta de informação bebida em boas fontes, e assim as aparências são tidas e havidas como realidades.
Uma vez que se quis aprofundar, logo se viu que era desta maneira.
Sr. Presidente: o tom de inconformismo que dei às minhas considerações podem dar-me o ar de indisciplinado ou de falho de entendimento, quando desejei apenas ser fiel aos princípios que informam o Regime, ao qual tanto se deve, servindo com lealdade, e não com servi-