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3490 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139

lismo, que não é da minha condição, a ainda para ser útil à minha infortunada província, não movido por prémio vil ou vã cobiça e glória de mandar, mas tão-sòmente por amor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta sociedade que vive sobre a pressão do deixa andar, cada um que se governe, sei que são tidos como errados os que ainda se batem pela pureza e espiritualidade dos sentimentos, mas, mesmo assim, prefiro, nesta fase da vida em que a luz se vai pouco a pouco amortecendo, persistir no erro, tendo a ilusão de que estou na verdade.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: nos últimos anos, em Portugal, nenhuma palavra deve ter sido usada tantas vezes como o substantivo «turismo». Tudo lhe dedica maiores ou menores comentários e, caso curioso, não há quem se não julgue com ideias precisas e conhecimentos exactos do assunto.
Quer com sugestões válidas ou vazias de conteúdo, seja em críticas pertinentes ou ridículas, a verdade é que o problema do nosso turismo brota, como mote apaixonante, no dia a dia das conversas.
Com a tranquilizante certeza de ser mais um entre tantos, também falarei de turismo.

uero primeiramente cumprimentar o nosso ilustre colega Nunes Barata, sempre alerta nos problemas que mais interessam à vida nacional, por ter trazido à Assembleia questão de tamanha actualidade. A forma exaustiva como o Sr. Deputado avisante estudou o problema e opinou soluções é trabalho digno do maior louvor e constitui valioso contributo para uma esclarecida política de turismo que desejamos ver executada.
São sobejamente conhecidas as vantagens que aspiramos obter do turismo. Ao enumerá-las ou dar-lhes relevo, teria de abusar da paciência de VV. Ex.ªs e, portanto, não o farei.
No mar das apreciações que se fazem ouvir, um ponto comum é o reconhecer-se a necessidade da sua expansão planeada. Por outro lado, lastima-se o conformismo e a ausência de entusiasmo que afectaram o aspecto directivo e que vieram a traduzir-se na inexistência de um programa orientador de conjunto.
Sei que muito se vem tentando. Mas receio os passos hesitantes, sem rumo, a exalarem a aridez das coisas improvisadas, mesmo quando a ideia é aliciante e o resultado satisfatório. Porém, esses ensaios - e creio de outra coisa, se não tratar - são já reflexo da reacção contra o imobilismo que pairava nos serviços centrais, imobilismo a que a própria estrutura conduzia.
O corpo directivo do nosso turismo sofre da acanhada organização de que dispõe, pois os serviços são demasiado limitados para a dimensão em que hoje devem actuar. Por isso, a reforma do sector central é uma necessidade que a expansão, embora modesta, mas processada em crescente ritmo, justifica.
Há radicada esperança em maior afluência de turistas para os próximos anos. Tal previsão obriga a pensar sensatamente no aumento, adaptação e melhoria dos serviços, por forma a torná-los preparados para o futuro.
E esse reajustamento não poderá deixar de ser acompanhado de atenta e esclarecida política de fomento turístico.
Precisamos da palavra de ordem, de conhecer a orientação, enfim, de um plano turístico nacional. Sem ele tudo se resume a improvisações, nascidas de mais ou menos feliz inspiração. Mas, a partir do momento em que esse planeamento seja uma realidade, então, sim, será a altura de se conjugarem todos os esforços para a sua execução eficaz.
Convém lembrar que um programa nacional de turismo não pode ser cumprido apenas pelos departamentos respectivos, pois só do ambiente mentalizado de sectores oficiais e particulares dependerá o seu êxito. Colaboração em ampla campanha à escala nacional, no rumo preestabelecido, é garantia de úteis efeitos, ainda que a longo prazo.
Não se tem visto, ou muito raramente se vê, nessa interdependência a cooperação necessária ao sucesso de algumas iniciativas.
Em matéria de turismo, ou aparece uma absoluta concordância e colaboração de actividades afins, ou o resultado é contraproducente. Tenhamos presente o caso passado na Madeira nos- princípios deste ano ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para obtermos a certeza do sucesso que desejamos, impõe-se uma estreita ajuda de todos os serviços públicos, de modo a eliminar a possibilidade de qualquer deslize, o que quer dizer a eventual destruição de um laborioso programa devido à incúria ou mesmo má vontade de um sector.
Temos raras condições naturais para competir no campo turístico europeu. E digo europeu visto que, embora hoje pese o gosto pelo exótico - cartaz quase único de outros continente -, não é de molde a suplantar os quadros legados por milénios de presença civilizada, de que a Europa se pode orgulhar.
São, portanto, essas condições que urge industrializar, fazendo-as acessíveis, aproveitando-as em todos os aspectos, tirando vantagem das suas particularidades de realce. Não nos podemos limitar a que sejam os nossos visitantes, apenas eles, os propagandistas da invulgar posição que visamos obter no campo turístico.

O Sr. Manuel João Correia: - Muito bem!

O Orador: - Precisamos de ir muito mais longe: saber chamar visitantes, atraí-los a sugestivas férias, fazer ver que o nosso país é algo diferente de tudo que conhecem, o que implica criar condições de comodidade para a sua estada.
Não é minha intenção apreciar o mérito das delegações do S. N. I. nos países onde actualmente funcionam. Assim, apenas me limitarei, desolado, a confessar que há casos em que a sua eficiência está longe de se situar em plano lisonjeiro.
É bem natural que haja sérias razões para remodelar os nossos serviços de informação e propaganda além-fronteiras. Com esperança, desejo que esse intuito de remodelação se não dê por satisfeito logo que substituir as esgotadas fotogravuras da minhota e do campino ou do galo de Barcelos que a viagem ou o pano do pó danificaram.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Oxalá se estenda também à decoração, que convém ser mais aliciante. Mas, sobretudo, interessa reavivar os que lá trabalham. Estes, de um modo geral, ausentes há largos anos no estrangeiro, raramente se des-