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3488 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139

quis provocar o seu isolamento no concerto das nações e, afinal, se traduziu num aumento de convivência com estranhos que em 1950 não chegavam ao meio milhão e ultrapassaram em 1963 a casa dos dez milhões.
Isto atesta que as atitudes insensatas de homens responsáveis pelos governos das nações nem sempre são, felizmente, aceites e seguidas pelos povos que governam.
O êxito da nossa política ultramarina, deturpada e mal compreendida por tantos homens responsáveis pelos destinos do Mundo, depende muito de uma viragem de atitude por pressão dos acontecimentos e de uma opinião pública bem informada, como aquela que se está operando no Brasil com estimada simpatia e esperançoso exemplo. Para essa viragem muito pode contribuir o turismo, aliado a uma informação bem inspirada e conduzida.
Que o incentivo que nos vem de Espanha possa ajudar o pensamento e os planeamentos que estão germinando e decorrendo desde 1962.
Não quero dizer que seja muito tempo para tanta coisa, nem desespero para quem tem esperado tanto. Posso dizer que é muitíssimo para quem bastante necessita e ouve bater à porta tantos oferecendo generosamente muito do que precisamos nesta hora difícil.
Termina o Sr. Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho a sua brilhante exposição pondo em relevo o valor turístico do Algarve e da Madeira no conjunto turístico continente-ilhas adjacentes, como regiões susceptíveis de manter uma corrente turística para o País durante todo o ano, beneficiando assim todo o território, desde que tenhamos bem abertas as comunicações e servidas por transportes cómodos e rápidos em todos os sentidos. Não é de mais acentuar que os casos da Madeira e do Algarve não se situam no campo puramente regional, e desta maneira se percebe a razão preferencial com que o Governo os distingue e solicitam a maior compreensão, simpatia e colaboração de todas as actividades turísticas nacionais.
Simpatia, tão gentilmente manifestada, não só pelo ilustre Deputado avisante, mas também pelos três distintos oradores que ontem subiram a esta tribuna para falar acerca de turismo e produziram intervenções do mais fino quilate no descritivo e nas sugestões para o servir nos seus aspectos nacionais e regionais.
Sinto-me por tudo obrigado a saudar os distintos colegas e Srs. Deputados Dr. Nunes Barata, Dr. Agostinho Cardoso, Moreira Longo e Dr. Alberto Meireles, em nome da representação que tenho do Algarve e em meu nome pessoal, pelo brilho das suas intervenções e pelo carinho com que se referiram à minha província.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A todos muito obrigado.
Como algarvio e Deputado pelo Algarve, tenho o major prazer em felicitar o Sr. Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho pela maneira distinta e clarividente como apreciou, comparou e mediu aquilo que caracteriza a minha província como excepcional região de turismo, a qual, se for devidamente apetrechada, será, sem sombra de dúvida, uma das pérolas do turismo mundial.
As suas palavras não deixam dúvidas quanto à fé que o anima e à confiança que deposita no seu poder coordenador, que tanta virtude terá de ter, e aos meios que tem de mobilizar quando diz que não existem dificuldades insuperáveis.
Como não há bela sem senão, nem sempre por defeito dela, mas dos olhos que estão postos nela, sinto-me tocado por certa intranquilidade, que seria condenável esconder.
Confia-se demasiadamente nos meios à disposição das autarquias para ocorrer aos encargos com as infra-estruturas; turísticas em matéria de abastecimento de água, saneamento, electrificação e comunicações, como, aliás, já fiz sentir quando falei na apreciação da Lei de Meios para o corrente ano.
Estes problemas mantêm-se insolúveis, em muitas partes, por falta de recursos financeiros dos municípios, apesar dê serem os que mais os preocupam, por constituírem as aspirações mais estimadas na população.
A situação agrava-se, por efeito do turismo, com a criação de novos aglomerados populacionais e mais exigentes. É evidente que só o Estado os poderá resolver com a segurança e a urgência que requerem, com dotações especiais ou tomando providências excepcionais, que estão na sua competência, porque excepcionais são as circunstâncias e os interesses em causa.
Também se me afigura inquietante a hesitação que se revela perante a estruturação dos órgãos regionais para o turismo, que pode ter origem em solicitações de natureza divergente que tenham chegado ao seu conhecimento, mas que têm de ser afastadas por quem tem a obrigação de ouvir todos, como aconselha o bom senso administrativo, e resolver com oportunidade, como o pede o bem comum, que é missão dos homens do Governo, e a oportunidade está à vista.
Não é curial, nem as circunstâncias o consentem, sem perigo, aguardar a evolução de uma batalha que se anuncia para já para organizar em pleno movimento órgãos que têm de colaborar na elaboração e execução dos projectos em que ela deve assentar.
A hipótese de criar no Algarve mais de uma região de turismo não a tenho como boa, por contrariar a unidade geográfica e ética de uma província, que nenhuma há que a tenha mais distinta, e enfraquecer os meios humanos e materiais, que não abundam e são indispensáveis para colaborar nas iniciativas, nos projectos e nas realizações, dizendo uma palavra para que na ânsia do progresso se respeitem tradições e costumes e legítimos interesses e queridas aspirações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não se pode conceber porque não há Algarve-A e Algarve-B. Mas só Algarve, uno e harmónico, não orquestração dos tons diferentes da sua paisagem, que desce do alto da serra à beira-mar, povoada, é certo, por gente que veste e fala com sotaque diferente, consoante ela, mas vive numa comunhão de sentimentos, atitudes e procedimentos que caracterizam o Algarvio e não se apaga onde quer que ele esteja e é digna de apreço e respeito.

O Sr. Rocha Cardoso: - É assim mesmo!

O Orador: - Criar mais órgãos locais de turismo com os poderes e recursos de que dispõem é outra hipótese que não se aconselha.
Será contribuir para manter um estado de não cooperação para as grandes coisas, entretendo-se os homens, de costas voltadas uns para os outros, a gastar energias e a despender fundos com coisinhas que, mesmo quando são coisas, o são sem as dimensões que as actuais circunstâncias recomendam, muitas vezes não por falta de visão e espírito realizador de alguns, mas tão-sòmente por falta de conjugação de esforços e de recursos e acerto de opiniões.