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3486 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139

e que se apresentará em potência em momento de fraqueza ou de hesitação.
Se não estivermos preparados para o enfrentar em todas as contingências, com um baluarte firme e unido por arreigadas convicções e comandado por homens que foram aos comandos de todos os sectores por valor, publicamente provado, e com ânimo de antes quebrar que torcer, perder-se-á tanto daquilo que se ergueu, por esse Portugal fora, para servir o bem comum, com o génio de Salazar e o suor de tanto rosto e ao qual se juntam agora lágrimas e sangue que, heròicamente, outros estão derramando para manter íntegra a honra e o território.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: fico por aqui neste grito de alma que à boca me veio, simples pincelada num painel que pede mão de mestre para lhe dar cor e movimento, de modo que a cidade nova que construímos seja cada vez maior e acolhedora e perdure para além dos homens que a construíram, não só para ser uma verdadeira casa de pais, segundo a melhor tradição portuguesa, mas também para ser escola de filhos que lhe sejam fiéis sem deixarem de ser do seu tempo.

O Sr. Rocha Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - Depois deste ligeiro e despretensioso desabafo volto ao tema do aviso prévio.
O número das inscrições e a qualidade das intervenções já produzidas exprimem claramente o pensamento e os desejos e anseios da Câmara, que no caso se confundem com os do País sobre este assunto, que com motivos sérios tanto e tantos preocupa.
Ele não está apenas na nossa ordem do dia, mas também figura na ordem do dia dos domínios da opinião pública autorizada, para o agitar com saber de experiência feito e consciente do seu real valor.
Pena é que aquilo que se relata nos diários não seja lido com maior atenção e deferência por quem tem o direito e a responsabilidade de dirigir a vida pública e privada.
Tantos são os ensinamentos que encerram dignos de crédito, aflorados por parte daqueles que vivem o dia a dia da vida de relações e de trabalho, em fraterno convívio com os homens, lidando com as coisas e em contacto íntimo com os acontecimentos, sentindo os seus abalos e suas repercussões.
As lições que assim se recebem não ilustram os conhecimentos teóricos absorvidos no silêncio dos gabinetes.
Esta circunstância tem conduzido às vezes a concepções, sobre os mais instantes problemas, muito bem deduzidas e programadas, mas sem sentido prático para realizar aquilo que de facto se deseja.
E porque assim se pensa, em muitas partes se recrutam os homens do Governo no seio das grandes empresas ou dos sectores da Administração onde se têm revelado dirigentes e administradores de qualidade.
Sr. Presidente: há muito tempo que o fenómeno turístico se processa no Mundo com exuberante fertilidade, e nós temos andado entretidos a fazer poesia sobre ele, encarecendo as nossas belezas naturais, com acentuado finca-pé, no mexido e colorido do folclore e no choradinho do fado.
Por toda a parte o turismo é, desde há muito, tido como firme alavanca de fomento e de progresso.
Nós não o temos ignorado inteiramente, mas temos andado com ele em mãos sem lhe saber mexer, de modo a dar-lhe o jeito, o feitio e a alma de gente grande.
Agora, e depois de alertados por homens lá de fora que estão com os olhos postos em nós e as mãos nas nossas coisas, experimentados empreendedores, sempre atentos à evolução das sociedades e tendências humanas, para as explorarem em seu proveito, com carícias ao bem comum, estamos vendo o que não temos querido ver e vamos andando à moda da Maria vai com as outras, com respeitáveis realizações no sector hoteleiro e ainda não cientes e conscientes da grandeza da missão.
Em consequência deste atardar, além daquilo que já foi pela borda fora por atraso, alguma coisa mais irá, e permanentemente, como remuneração dos investimentos de capital estrangeiro. O nosso prefere recolher-se egoìsticamente nas burras dos bancos, enchendo-as, e estes, pelo condicionalismo em que vivem, não o podem movimentar até onde seria para desejar com o sentido económico e social, frustrando-se desta maneira os desígnios da sua verdadeira virtude.
Prefere viver no aconchego da usura que a actividade bancária administra com segurança e com óptimos resultados, acusados nas contas de gerência e no espalhar de agências a torto e a direito. Tantas como cafés, que também é negócio para viver de ociosos, aos quais disputam, a peso de ouro, localizações e ultrapassando-os em luxo, com requintes de perdulário.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em cada canto um Espírito Santo!
Sr. Presidente: parece ter chegado, felizmente, a hora de o turismo subir as escadas do poder e ser recebido e ouvido com algumas honras, mas não todas.
Já não era sem tempo!
Ao ouvir falar dele com voz alta, firme e autorizada, e sabido como é que as perspectivas do turismo se mantêm prometedoras, tenhamos fé e oremos pela absolvição dos pecadores, pedindo a Deus que nos ilumine enquanto é tempo e a maré enche.
O comité de turismo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico dá a conhecer no seu relatório referente a 1962 e com apontamentos sobre os primeiros meses de 1963 a evolução e as tendências do turismo nos países membros e na Jugoslávia.
Se bem que as estatísticas publicadas sofram a influência dos métodos e interpretação diferentes para definir turista, são contudo suficientemente elucidativas sobre a marcha e consequências do surto turístico no espaço mundial onde tem as mais fundas raízes e dá os mais apetecidos frutos e são fontes de estímulo e de exemplo.
Diz-se nele em resumo:

Que o movimento turístico em 1962 se manteve, mais ou menos, no ritmo do ano anterior;
Que nos primeiros meses de 1963 sofreu uma flexão, devido a más condições climáticas que se registaram nas regiões onde se localizam os mais procurados centros de turismo, mas tida como recuperável durante os restantes meses do ano;
Que a pressão turística se exerce no sentido da Europa meridional;
Que se desenvolve um maior intercâmbio turístico entre a Europa e a América do Norte, devido ao emprego de meios mais rápidos de transporte, que encurtam as distâncias, e da oferta de tarifas mais baixas, acompanhadas de facilidades de pagamento, o que alarga a outros sectores da população as possibilidades de viajar;
Que Portugal beneficiou nos primeiros meses de 1963 por excepcionalidade do tempo e da preferência das