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3498 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139

que viveu, nela escrevendo algumas das suas mais belas estrofes poéticas, a Casa-Museu de António Correia de Oliveira!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - O vate glorioso do Auto das Quatro Estações, o mais autêntico poeta nacional contemporâneo, bem merece de S. Pedro do Sul, que tão bem soube cantar, de Lafões, que ele tanto amou, do povo, que estremeceu, do Município e do Governo, por dever, a homenagem que, sob este aspecto, ainda lhe é devida!
Será mais um centro de irradiação de cultura, mais um elo na cadeia das atracções turísticas de que se socorrerá Viseu, esgotadas, para quem a visite, as suas virtualidades.
E já que de Viseu falamos, é-nos muito grato apontar este feliz ensejo para esboçar uma nótula, que reputamos do maior alcance, pelo que representa nó valor histórico e arqueológico da cidade: a Cava de Viriato!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Hoje, mais do que nunca, importa cultivar a revivescência do passado, porque esta é a melhor maneira por que se prolongam as pátrias.
E os monumentos, de qualquer ordem que eles sejam, constituem a melhor lição, expressa no concreto, que as gerações podem transmitir umas às outras com a certeza de cumprirem o alto mandato que lhes cumpre.
Imperioso se torna, pois, manter as nossas preciosidades monumentais, seja por razões históricas, seja por motivos turísticos; assim o exigem os interesses e a permanência da Nação.
Assim nos cabe falar da Cava de Viriato, em Viseu, que o antigo e distinto Deputado, que foi, desta Casa e muito ilustre erudito Sr. Dr. Américo Cortês Pinto considerou «monumento primeiro que liga a história de Portugal a essa portentosa proto-história cuja glória por largo tempo lança na sombra o poderio romano e da qual os Portugueses herdaram o nome heróico de Lusitanos».
Núcleo fundamental da nacionalidade, embrião autêntico da Pátria Lusíada, a Lusitânia permanece, para além de Viriato e de seus pastores, na memória das gentes como um querer de um povo a quem não abate a estratégia e arte militar romana, que foi senhora do Mundo de então!
Essa a mensagem que, através dos tempos visigóticos, nos foi legada e nós exprimimos em ânsia de dilatar mundos, como força colectiva de um querer nacional que não se demoveu perante a odisseia marítima, porque dela fizemos questão de vida de uma nação e de um império.
Isso fez dizer ao aludido investigador que é o Dr. Cortês Pinto:

Bem se reconhece como a Cava de Viriato, representando o mais evocativo monumento a atestar a lusitanidade, constitui também o mais antigo certificado histórico e o primeiro de todos os que atestam o esforço e o génio nacionalista da nossa grei.

Depois de apontar as bem alicerçadas opiniões de iberólogos e lusólogos, o referido investigador, no trabalho que se encontra em publicação, afirma:

Sobre esta Cava têm pousado os olhos de numerosos arqueólogos e historiadores, tanto nacionais como estrangeiros. O carinho que ela nos mereça é tão honroso, também sob o ponto de vista científico, para a cultura nacional quanto o seu abandono, ou mesmo apoucado interesse, são diminuidores da nossa categoria de povo culto, perante o escol internacional de sábios que se têm dedicado aos estudos da arte militar romana e peninsular.

Inteiramente de acordo com o Sr. Dr. Cortês Pinto, necessário se torna fazer regressar o monumento viriatino à sua traça primitiva, impedir de forma rigorosa os «desacatos» dos seus proprietários e, sobretudo, fazer passar à posse do Estado esse património, que é pertença da História, porque dela é seiva e forma!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: estou prestes a terminar, mas antes apetece-me a vontade que aponte a oportunidade e vantagem da criação de regiões de turismo, perfeitamente integradas num planeamento geral de turismo, que no Sr. Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho encontrou o seu esclarecido e oportuno intérprete, porque já se vinha fazendo tarde a nossa hora do turismo! Que anote a impostergável necessidade de se fomentar, pelos serviços turísticos, a organização de feiras e exposições de artesanato, incentivando a produção dos seus artigos e velando por que não desapareça alguma das suas actividades, em risco de se perderem. Que saliente o excelente papel que a Olaria de Molelos vem desempenhando neste quadrante.
E finalmente: que se criem inventários e roteiros turísticos, que sejam bem o espelho do nosso património turístico.
Não resta dúvida de que com este aviso prévio o Deputado Nunes Barata prestou mais um relevante serviço ao País e deu-nos a oportunidade de demonstrar que o distrito de Viseu autoriza, acentua, justifica, a peremptória afirmação de que é uma saborosa e palpável realidade na inventariação das melhores realizações e virtualidades do nosso universo turístico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sim! Lá, onde nos montes próximos cintilam, eternamente, como sóis, orvalhos em folhas de estevas e queirós! ...
Lá, onde a magia de uma perpétua Primavera se agarra às coisas, num frenesim de cor, frémito de som, ao ritmo do qual se saracoteiam, desde o começo das idades, fadas e duendes num bailado que não tem fim! ...
Lá, onde os rios se adoçam numa carícia lânguida, perdendo todo o ímpeto e rudeza, amansadas suas águas numa terna suavidade, que é estigma da paixão que os devora e os deixa tontos, suspensos, exangues no quebranto dos meandros! ...
Lá, onde a serra aprendeu geometria, para se oferecer nos mais belos recortes ao céu, que a abriga como a nenhuma! ...
Sim, lá é o distrito de Viseu, um nome que não se diz, mas se reza; um hino que não se canta, mas se chora; uma saudade que já o é, mesmo antes de se lá ir!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Fernandes: - Sr. Presidente: o Sr. Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, nosso ilustre colega nesta Assembleia, em reunião do Conselho Nacional do Turismo, proclamou que «a evolução das principais correntes turísticas e o ritmo do crescimento veri-