O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE MARÇO DE 1964 3501

E porque ele é constituído por homens da região, ainda seria de maior utilidade em galvanizar vontades e em actuar com menos dispêndio de dinheiro.
E feita a defesa da divisão do País em regiões turísticas, não se levará por certo a mal que faça aqui a defesa das duas regiões turísticas que devem ser criadas no distrito de Viseu, tendo o rio Paiva por limite.
Não faltam a qualquer delas grandes possibilidades para atracção dos turistas.
A região a sul do Paiva, encabeçada pela progressiva cidade de Viseu, além de outros motivos a considerar, tinha o cartaz da própria cidade, recheada de monumentos e possuidora de alguns museus, donde sobressai o Museu de Grão Vasco.
Apresentaria a sua feira franca, já bem conhecida no País, os seus barros de Molelos e outros e o seu variado folclore.
Nos concelhos que a comporiam não faltam monumentos que a história e a arte marcaram, e na serra do Caramulo, beijada todas as manhãs pelo sol da seira da Estrela, encontrariam longes admiráveis, não esquecendo a região de Lafões, integrada neste conjunto turístico.
Servida por boas estradas, com dois hotéis em vias de conclusão, restaurantes e estabelecimentos modernos, seria um encontro feliz para o turista que entrasse, especialmente por Vilar Formoso.
Lamego seria naturalmente a cabeça da região a norte do rio Paiva, que me habituei a apelidar já de região turística da Beira Douro ou Ribadouro, em homenagem ao grande Egas Moniz, que ali teve a sua casa e os seus territórios.
Há quem lhe sugira o título de região do Montemuro, fundado em interessantes e proficientes estudos.
Mas o título seria de somenos importância, pois que o interesse maior reside na existência da própria região.
Também na região de Lamego a Natureza e o Homem organizaram um torneio para ver quem apresentaria obra mais perfeita.
A Natureza tomou a seu cargo a criação de vales paradisíacos onde serpenteiam as correntes de água que dão guarida a saborosas espécies piscatórias e fertilizam os terrenos onde se produzem frutas admiráveis:
Fazendo subir as encostas, possibilitou ao homem produzir o vinho mais precioso do Mundo, o vinho do Porto, que alguém já apelidou de «Sol engarrafado».
E nos altos das suas serranias apresenta panoramas sem par.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se bem que não sejam em grande número, as estradas de piso razoável já levam o viajante aos pontos de maior atracção turística.
De Lamego, a cidade-museu, como um ilustre Ministro há pouco tempo a apelidou,...

O Sr. Rocha Cardoso: - E muito bem ...

O Orador: - ... aí teriam os turistas à sua disposição a escolha de vários circuitos turísticos, fosse para apreciar o Mosteiro de Cárquere, as Igrejas de S. Martinho de Mouros e Barrô, no concelho de Resende, fosse para contemplar os Mosteiros de Ferreirim, S. João de Tarouca e Salzedas, com passagem pela ponte fortificada da Ucanha, no concelho de Tarouca, fosse para se deslumbrar com a igreja românica de Armamar, para avistar as águias do alto do castelo de Penedono, ou para se debruçar sobre os desfiladeiros do Fradinho, no concelho de Tabuaço, ou de S. Salvador do Mundo, concelho de S. João da Pesqueira.

O Sr. Pinto de Mesquita: - E contracenando defronte, simétrica, Vila Real.

O Orador: - Muito obrigado.

O Sr. António Santos da Cunha: - E sobre Lamego V. Ex.ª teve uma omissão, que é um museu.

O Orador: - Não se trata do uma omissão, porque mais adiante falo nele.
E em todos esses circuitos teriam ocasião de observar, a cada momento, a mutação de panoramas, qualquer deles o mais belo.
Repousando destes circuitos, lá estaria a cidade de Lamego para lhes mostrar as exuberâncias dos seus jardins e parques, a beleza dos seus monumentos na capelinha românica de Balsemão, na majestade da sua sé-catedral, na beleza da talha da igreja do Desterro, na histórica igreja de Almacave, com uma visita de encanto ao pitoresco Bairro do Castelo, encimado pela altaneira torre de menagem, e à cisterna, em vias de valorização completa, graças ao apoio decidido que o Sr. Ministro das Obras Públicas resolveu dispensar à cidade de Lamego.
A peregrinação turística terminaria no Museu Regional, a admirar as suas obras de arte, donde sobressai a melhor e mais valiosa colecção de tapeçarias do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E as festas dos Remédios, com o seu cunho característico e o seu garrido e alegre movimento de muitas dezenas de milhares de pessoas, deixariam uma agradável recordação no turista.
Certo que a cidade de Lamego, como a maior parte das cidades do Norte do País, sofre as consequências da falta de um hotel, com uma estalagem, já acreditada é certo, mas com pouca capacidade de recepção, e algumas pensões, não pode, efectivamente completar o seu equipamento turístico desde já.
Porém, afigura-se que a criação da região turística dará o impulso necessário à satisfação de tão premente necessidade.
Igualmente se afigura que as duas regiões turísticas do distrito de Viseu, do mãos dadas, seriam capazes de levar a cabo uma grande obra fomentadora do turismo, a suprir o desfavor de não ter sido, ainda, contemplada com instalações industriais capazes de elevar o nível de vida dos seus habitantes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tenho fé, Sr. Presidente, no futuro do turismo em Portugal, e o crescente aumento de visitantes mais reforça essa fé.
E serão esses visitantes os melhores propagandistas das nossas paisagens, dos nossos monumentos, do sol incomparável desta nossa terra, da bondade e afabilidade do nosso povo e da ordem e tranquilidade que aqui vêm encontrar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A par desta graciosa propaganda terão os organismos responsáveis de incentivar os seus trabalhos, de arranjar a casa lusitana em ordem ao seu completo equipamento turístico.