3504 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139
mínimo das necessidades; em Espinho há um hotel aberto ao público, com 24 quartos, e algumas pensões, pelo que os banhistas terão de recorrer a casas particulares como única solução- para a sua instalação e permanência; e assim sucessivamente ... Mais atractivos próprios que deveriam considerar-se como indispensáveis à atracção de veraneantes e turistas também são em número reduzido.
Nota-se a falta de piscinas, pois só existe a de Espinho; nota-se a falta de festivais periódicos de valor e de locais de reunião, pois as chamadas assemble as são poucas e de carácter meramente particular, e casino é só um, o de Espinho: nota-se a falta de praças de touros, pois as que existiam o tempo fê-las desaparecer ingloriamente; enfim, falta muita coisa, que há que criar e incrementar ...
Há as estâncias termais, outros tantos centros de incalculável valor não só para os turistas, mas também para aqueles que tiram delas o proveito terapêutico para os seus achaques e salutar repouso, destacando-se sobremaneira as da Cúria e Luso, onde além do mais há piscinas, provas desportivas anuais ou periódicas de nomeada, festivais vários, de que se poderá citar, a título exemplificativo, a Festa das Vindimas da Curia, e, vá lá, unidades hoteleiras que bastam à circunscrita região, em pleno contraste com a parte norte do distrito; assim, na Cúria há hotéis, pensões, hospedarias e casas de aluguer que totalizam 774 alojamentos, além dos 45 do Hotel das Termas, e no Luso 4 hotéis em funcionamento e um prestes a abrir, num total de 460 quartos, e várias pensões e casas particulares, que perfazem mais 367 alojamentos, além do Palace do Buçaco, tão típico no seu singular traçado arquitectónico.
Há as suas belezas panorâmicas, tão diversas na sua variedade e multiplicidade, contrastando os montes e serras com os vales e planuras, de que poderei citar como exemplos, respectivamente, dos primeiros o frondoso e dominador Buçaco e dos segundos o sinuoso e luxuriante valo do Vouga.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Há os seus monumentos e castelos, que poderei sintetizar no secular castelo da Feira, que altaneiro domina essa encantadora vila, tão antiga como bela, que se estende a seus pés. Há os seus antigos conventos, recheados de valores artísticos, como o da Arouca e de Aveiro. Há as suas pousadas, construídas em aprazíveis lugares, dominando vastas áreas de singular beleza, como sejam, a da Ria, na Torreira, e a de Santo António de Serém, no vale do Vouga.
Há as suas densas florestas, parques e jardins, que por toda a parte se espalham profusamente, dando variedade e cambiante à Natureza que lhes deu vida.
Há as festas tradicionais e manifestações folclóricas, que por todo o distrito dão cunho muito particular às terras que as inspiraram.
Há os festivais e competições desportivas, as mais variadas, que são outros tantos motivos de atracção das massas humanas.
Há as especialidades gastronómicas da região, incluindo as conservas e doçarias características de cada terra, além dos qualificados vinhos da Bairrada, onde são numerosas as naves, de tão boa e justificada fama.
Enfim, tantos e tantos motivos de interesse turístico existentes, a realçar e a cultivar, no sentido de maior notoriedade, mas de que me desviarei sòmente para focar aquela região que merece muito particular atenção, e que é a ria de Aveiro, esse cartaz número um do distrito, que nu; apraz considerar neste momento e que bem justificaria a extensão até esta zona do País de números incluídos no programa iniciado há um ano e rotulado de Abril em Portugal.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Realmente trata-se de uma região privilegiada do País, de recursos naturais e com condições ímpares para que se possa tirar um partido excepcional das suas potencialidades, e que se têm visto inaproveitadas, com os naturais lamentos de todos quantos estimam particularmente tais paragens, e até daqueles que, tendo a oportunidade de as visitarem, a elas rendem as suas homenagens pela prodigalidade da Natureza, mas que ficam insatisfeitos por não as verem ainda exaltadas de molde a chamarem as demais atenções que lhes são devidas.
E aqui quero abrir um parêntesis para agradecer ao Deputado Moreira Longo a simpática citação que ontem mesmo neste lugar fez a respeito da ria de Aveiro, exaltando os seus predicados e a relevância da atenção especial de que é merecedora.
Oferecendo a citada- região, pela sua extensão e penetração da ria em concelhos vários, particularidades muito especiais e requisitos que a evidenciam na panorâmica nacional, justo é que nos debrucemos sobre o seu estado actual e sobre aquele partido que se poderia tirar do seu aproveitamento integral na valorização das suas gentes, tanto no aspecto económico como no social. São muitos os concelhos beneficiados com esse dom da natureza; são muitos os interesses à sua volta, e deverão ser muitos os esforços a despender por todos aqueles que directa ou indirectamente deverão dar melhor e mais útil expressão a essa realidade, que o é por si e que mais evidente será pela acção dos homens.
O Sr. Pinto de Mesquita: - E ainda V. Ex.ª queria o artifício das piscinas!
O Orador: - Muito obrigado. Haverá pois que lhe devotar esforço intensivo no sentido de dar todo o incremento a um turismo efectivo e duradouro, para o qual a região se oferece incondicionalmente.
É só debruçarmo-nos um pouco sobre os múltiplos aspectos em que se poderão fundamentar estas minhas afirmações.
Dominando a região está a cidade de Aveiro, com o seu espelho de água repartido em canais, que lhe têm valido, com alguma propriedade, o título de Veneza portuguesa; com os costumes das suas populações tão bairristas; com as suas embarcações tão características, destacando-se o tipismo dos seus moliceiros; com as suas marinhas de sal, sobrelevadas por esses montes erguidos com o suor dos marnotos e para o labor dos quais muito contribui o límpido sol da estação estival, espectáculo invulgar para o qual se volta particularmente a atenção dos turistas nacionais, e sobretudo estrangeiros, estes mais expansivos perante o espectáculo a que pouco estão habituados, pela sua raridade e inédita beleza; com os seus produtos de doçaria regional, de que se poderão destacar, entre outros, os afamados ovos moles, tão apreciados; com os seus valores artísticos, sintetizados nesse antigo convento, e agora riquíssimo museu, chamado de Santa Joana, que ali quis passar os verdes anos da sua mocidade e onde, por manifesta vontade, repousa eternamente; enfim, tantos e tantos atractivos que oferece a quem a procura a princesa do Vouga.
A propósito do aproveitamento total das possibilidades da capital do distrito quero realçar o quanto beneficiará a região com a aprovação do plano director da cidade,