3506 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139
S. Jacinto, partindo do Forte da Barra de Aveiro, fechando-se assim o circuito citado, pois essa só está facilitada a pessoas, quando é imprescindível torná-la extensiva ao meio de transporte mais usual do turista - o automóvel.
É o estabelecimento de um ferry-boat, por que se anseia e que a cidade de Aveiro apadrinha, só ainda não se tornando realidade mercê de dificuldades técnicas e financeiras. Que se removam depressa tais obstáculos, pois o turismo da região é altamente influenciado para melhor desde que surja ao público a utilização de tal empreendimento; evidentemente que há outros interesses de ordem funcional e económica que advêm da sua realização, mais ainda a justificar tal empreitada. Naturalmente que esta solução é aquela que se nos afigura como mais prática e compatível com o momento actual, pois futuramente poderá inclusivamente encarar-se a hipótese de uma ponte ligando as margens citadas, obra essa que poderia vir a sor incluída nas do porto de Aveiro e como fazendo parte da sonhada estrada atlântica.
Mas eu não queria ir tão longe ...
Ficaria assim, com estas duas realizações, fechado o circuito turístico da ria, mas há ainda outro aspecto a encarar como de premente utilidade, e que é o da construção d u uma nova ponte do Forte, ligando as Gafanhas à barra e Costa Nova, em substituição da velha de madeira existente, obra que há tantos anos aguarda uma solução; que o seu começo seja uma realidade são os meus votos.
Mas há ainda a considerar o aproveitamento turístico do porto de Aveiro, com instalações para desportos náuticos e gares marítimas a incluir na sua obra portuária, que a ritmo tão lento, nada aconselhável para a valorização económico-social local e nacional, se vão processando. Tal incremento impõe-se sem qualquer sombra de dúvida, pois as ligações fáceis entre portos do País é outra possibilidade que se oferece ao nosso turismo.
Uma palavra poderia ainda ser dada no sentido de chamar a atenção de outra possibilidade ao alcance da mesma região, ìntimamente ligada ao porto, e que é a construção do um campo de aviação de turismo ou até, por possíveis entendimentos, pois existe uma base aérea em S. Jacinto, a utilização do extenso campo de aviação existente.
O Sr. António Santos da Cunha: - É evidente; nada de duplicações!
O Orador: - E por que não encarar firmemente até a hipótese de um aeródromo, tanto de aconselhar na aproximação rápida e fácil com outros locais turísticos em evidência? Ponho estas considerações à apreciação dos respectivos departamentos do Estado. Claro que todos eles deverão conjugar os seus esforços e possibilidades na execução da vasta obra que há a empreender na valorização turística do País, motivo pelo qual deverão ter as suas representações nos estudos dos planeamentos regionais, bases a partir das quais se poderá progredir substancialmente e ordenadamente. Há precisamente em estudo um plano regional, cujo gabinete foi criado há pouco mais de um ano e com louvável sanção ministerial, a cujo significado e oportunidade me referi em anterior intervenção nesta Assembleia.
O outro aspecto encarado na minha exposição é aquele que diz respeito à escassez de alojamentos e instalações afins, mormente no que diz respeito às unidades hoteleiras da região que venho apreciando. De facto, à excepção de um único hotel na cidade, com capacidade aproximada de 100 camas, e outros dois, um na Costa Nova e outro no Furadouro, com as características paupérrimas que já apontei, sòmente para citar os concelhos da ria, e de algumas pensões, de nível modesto na generalidade, não existem instalações em número e qualidade que se ofereçam ao visitante com o conforto mínimo que se possa exigir.
Existe uma única instalação condigna, mas que é de tão restrita utilidade, pois serve a muito poucos utentes, por ter sómente dez quartos à disposição do visitante, e que é a Pousada da Ria, situada no bico do Muranzel, na margem poente da mesma, aberta ao público após inauguração oficial de cunho distinto que a presença do venerando Chefe do Estado valorizou sobremaneira e que domina visualmente uma enorme extensão da ria e terras marginais. Nesta mesma Assembleia tive então oportunidade de me referir a tão distinto quão grato acontecimento e ao seu valor turístico.
Foi mais uma obra que Aveiro e a sua região ficaram devendo ao Governo, por intermédio do Ministério das Obras Públicas.
Mas há que estimular sobretudo a iniciativa de interesses privados que se abalancem à construção de hotéis que bastem à região, permitindo o afluxo e fixação por largos períodos de turistas que acorrem à chamada do sol e da água de tais paragens. Tal estímulo terá de ser realçado; a falta de empreendimentos será consequência lógica da falta de protecção dada às iniciativas particulares. Esse estímulo far-se-á facilitando-se tais construções, sem aqueles entraves e delongas que às vezes os projectos das obras e as localizações levantam; esse estímulo facilitar-se-á com subsídios, desde que se reconheça o valor turístico dos empreendimentos.
Além dessas unidades hoteleiras, com predomínio das de nível médio, que deveriam estender-se numa apertada rede, como condição básica de recepção turística, a que não ficará alheia a boa formação profissional das pessoas encarregadas da sua exploração, poderão ainda considerar-se os motéis, tanto em uso actualmente, e os parques de campismo. Dado o interesse e procura, que se vem evidenciando pela maior parte da Europa no sentido da crescente utilização destas instalações, lógico será que teremos também de ir ao encontro dos hábitos desses turistas, que, num espírito de economia, não podem instalar-se em hotéis (além de que os não possuímos em número suficiente), procurando este meio de albergamento complementar.
Dados os invulgares recursos desta zona da beira-mar e da beira-ria para instalações condignas que proporcionem aos turistas os plenos benefícios que a natureza pródiga lhes oferece, há que os incrementar, facilitando e estimulando, por um lado, as várias modalidades de hospedagem e, por outro, criando zonas com os requisitos necessários para a prática de campismo e actividades afins, incluindo as desportivas, que tão ìntimamente se ligam, de maneira a criar condições de atracção para aqueles que as procuram, sobretudo na época do Verão.
As sugestões que acabo de fazer traduzem com perfeita exactidão os anseios de todos os habitantes da região, e sobretudo dos visitantes estrangeiros, que ficam maravilhados com a exuberância de tais recursos, e de tal maneira que se poderá sintetizar numa frase espontânea de admiração que certa vez um turista americano exclamou ao deparar-se-lhe tamanho espectáculo: «it is a gold mine», e eu poderei acrescentar: por que não se explora devidamente essa mina de ouro?!...
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - E mais sou obrigado a concluir o quanto necessário se torna a criação de uma junta de turismo da