O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE MARÇO DE 1964 3505

de que já mereceu sanção ministerial a recente aprovação do arranjo urbanístico do centro, que permitirá realçar ainda mais as suas belezas naturais, pois todo ele se desenvolve tendo como fulcro o centro citadino dominado pela ria, que se oferece mais ao visitante como sala de visitas ideal; é a particular atenção que merece o seu típico bairro da beira-mar; são os acessos fáceis e directos ao seu centro e a modelar rede de circulação rodoviária que se prevê; é esse edifício de 90 m de altura que ficará no seu centro, dominando a cidade e a região, com as inerentes possibilidades de um miradouro sobre a planura imensa da beira-mar, arquitectado de maneira que na sua construção se prevê um magnífico hotel e restaurante na parte superior, com os atractivos próprios da altura e do vasto horizonte ao seu alcance; enfim, são todos esses pormenores que tornarão mais atraente aos forasteiros a cidade dos canais, pois a urbanização prevista, por bem orientada, vem, neste caso particular, não impor soluções rígidas, mas, sim, adaptar-se ao cunho especial e característico da região.
Aqui quero deixar uma grata palavra para a Câmara Municipal, e em especial para o seu presidente, pela maneira como tem encarado este magno problema actual, desenvolvendo especiais esforços no sentido de uma rápida solução que há largos anos preocupava os Aveirenses. Formulo o melhor dos votos pana que a concretização dos seus anseios se venha a efectivar realmente dentro do mais curto espaço de tempo.
Mas é mais toda essa imensa massa líquida que constitui a ria, e à volta da qual as populações da cidade e dos concelhos vizinhos de Ílhavo, Murtosa, Ovar e Vagos gozam do privilégio de mostrar aos seus habitantes todo um manancial de beleza paisagística natural, além do seu aproveitamento na prática dos mais diversos e salutares desportos de Verão, a par das marcadas possibilidades das suas praias.
Destes recursos poderão destacar-se a prática de desportos náuticos, nomeadamente a vela, a motonáutica e o remo, que encontram nesse lençol imenso de água condições ímpares; aliás, têm sido até em parte aproveitados para a realização de provas desportivas, não só a nível local, mas também nacional, e é de prever que se tornem extensivas aos praticantes das modalidades de naturalidade estrangeira, que já por várias vezes se têm manifestado nesse sentido, esperando-se que se venham a concretizar as suas legítimas aspirações, que afinal são as nossas, e que resultarão numa maior propaganda turística da região.
Ainda nesta rubrica quero referir-me às possibilidades que oferece o Rio Novo do Príncipe à construção ideal de uma pista náutica para a prática de competições de remo, pois a sua condição de supremacia para tal fim é notória, aliás como já tem sido reconhecido; simplesmente ainda não foi aproveitada, apesar de nesse local se terem vindo a efectivar competições a nível nacional; faltam-lhe as instalações adequadas, os acessos imprescindíveis e o arranjo da pista mais aconselhável. Mas espero que em breve se veja aproveitada esta dádiva da Natureza e que já os homens vêm explorando, longe ainda das suas totais possibilidades.
São ainda de considerar as possibilidades de veraneio das suas praias, nomeadamente a Costa Nova, a Barra, S. Jacinto, Torreira e Furadouro, sómente para citar aquelas que mais estreitamente se ligam à ria; a sua procura evidencia bem o quanto são apreciadas pelos turistas de passagem e, sobretudo, pelos de permanência, pois o seu sol, a sua fina areia, as suas águas da orla marítima e da ria, as suas matas e as demais possibilidades, como a caça, a pesca e outras práticas desportivas que citei, são atractivos que se oferecem simultâneamente num conjunto sem paralelo na orla marítima continental.
Poder-se-iam ainda citar os passeios pela ria em transportes adequados que se oferecem a todos os turistas que têm a rara oportunidade não só de apreciar a panorâmica dos recortes da mesma, mas também todos os motivos de interesse localizados nas margens, como sejam os estaleiros de construção naval e os barcos ancorados aguardando a hora de partida em demanda de longínquas paragens, nomeadamente os bacalhoeiros, que, uma vez regressados com o produto do seu árduo labor, produto esse que noutro espectáculo invulgar se acaba de tratar nas secas tão típicas, dispersas por toda aquela região, embelezam todo esse ambiente próprio da faina marítima tão característica dos habitantes de tais paragens, a que emprestam um cunho tão particular.
Poder-se-ia ainda proporcionar aos excursionistas da ria esse espectáculo inédito do deslizar suave dos moliceiros, de velas enfunadas, ao sabor do vento, e que sulcam a água em várias direcções na sua labuta habitual.
Mas, para que tais belezas naturais tenham o realce que lhes é devido, é necessário que se lhes possibilitem os meios imprescindíveis, de maneira que se tornem mais acessíveis a turistas nacionais e, sobretudo, a estrangeiros. São as infra-estruturas da região, para as quais se torna imperioso voltar um pouco mais de atenção, de que há a destacar, sobremaneira, os meios de comunicação e as possibilidades de alojamento.
Assim, destaca-se a necessidade da existência à volta da ria de meios fáceis de acesso aos seus locais mais típicos, pela constituição de um verdadeiro circuito que inclua a maior parte da sua periferia, ligando-os totalmente.
A estrada marginal norte da ria já permite ligar parte desses pólos, mas para que o circuito se complete falta a conclusão da ponte da Varela, aliás que se prevê para fins de Maio próximo, cujo merecimento tem sido há longo tempo exaltado pelas populações vizinhas, sobretudo da Murtosa, a quem serve primordialmente, permitindo o acesso directo daquela típica vila à Torreira e S. Jacinto; por este substancial melhoramento, duplamente funcional e turístico, devo manifestar ao Governo, e em especial a SS. Exas. os Ministros das Obras Públicas e das Finanças, o reconhecimento da boa gente murtoseira, em especial, já que a todos tão útil é.
Como corolário lógico deste notável melhoramento, há a considerar a tão falada e comentada estrada Aveiro-Murtosa, que, já planeada e prevista na sua execução, tem tido aqueles entraves que o seu elevado custo tem levantado, apesar de todo o empenho que os municípios de Aveiro e Murtosa têm posto, em verdadeira comunhão de anseios, na sua efectivação. Uma verdade é bem certa e reconhecida: a sua premente necessidade, custe o que custar.
Sabe-se estar em estudo, por incumbência de S. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas, que dá ao assunto prioridade especial, um novo arranjo mais económico, deslocando o traçado para nascente, sem os inconvenientes do anterior, pois os terrenos agora previstos oferecem melhores condições, por mais consolidados, embora se reconheça que turìsticamente o interesse não é tão grande como o resultado daquela que inicialmente se previa; a efectivar-se a sua breve execução, um passo em frente será dado na satisfação de uma útil e velha aspiração. Faço sinceramente o melhor dos votos por que brevemente se possa agradecer ao Governo a sua realização plena.
Fica ainda por levar a efeito outra necessidade, esta de primordial importância e que é a ligação directa a