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5 DE MARÇO DE 1964 3503

O Orador: - É, pois, do conhecimento geral, pelas doutas palavras proferidas por S. Exa., a quem rendo as mais expressivas homenagens, qual o planeamento previsto para se encarar frontalmente o problema. Foram dadas prioridades a certas regiões do País já com cartaz turístico de melhor esboço, como sejam a Madeira e o Algarve, mas espero, e estou certo que comigo muitas pessoas bem intencionadas, que as demais regiões com características paisagísticas e recursos de desenvolvimento turístico não menos inferiores venham a merecer igualmente dos responsáveis a atenção que lhes é devida.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sugiro mesmo que a arrancada, a dar-se vigorosamente, deve abranger todo o País numa cobertura indistinta, ...

O Sr. António Santos da Cunha: - É imprescindível que seja assim.

O Orador: - ... pois de contrário permaneceriam numa situação de estagnação zonas que mais tarde seriam incapazes de acompanhar o ritmo de outras, que por terem sido alvo de atenções especiais muito se viriam a distanciar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há que planear em conjunto, há que supra-estruturar, para que logo a seguir cada uma dás regiões possa por si, e pelo apoio que encontre nas entidades responsáveis, avançar, mercê das suas próprias possibilidades.
Para tal haverá também que ser feita uma distribuição de certo modo equitativa das verbas do Fundo de Turismo e de financiamento pela Caixa Nacional de Crédito, de maneira a não só permitir a acção impulsionadora dos órgãos locais, que só por si não têm possibilidades de comportar com grandes empreendimentos, mas também de interessar grupos financeiros nacionais e até estrangeiros de reconhecida idoneidade neste sector económico.
Será uma entreajuda de proveito mútuo aquela que o Estado e os municípios votarem à resolução financeira do problema, incentivando investimentos e iniciativas de que mais tarde virão a usufruir a esperada recompensa.
Será ainda da compreensão de todos os portugueses, dirigentes e dirigidos, que o incremento turístico do nosso país resultará pleno e de benéficas repercussões em todos os demais sectores da vida nacional, desde o económico ao político, passando pelo social.
As medidas de ordem geral e directrizes anunciadas, tanto a nível central como regional ou local, deverão ser encaradas tendo sobretudo em vista a unidade do País e valorizando cada região e cada terra com organizações que permitam dar expressão real a obra de tamanha amplitude.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - Não quero perder-me em pormenores de organização geral, pois tal tarefa pertencerá aos técnicos, mas sim pôr bem em evidência, sobretudo, a acção proveitosa que os órgãos mais modestos, aqueles que actuam a nível concelhio, regional ou distrital, poderão desempenhar na finalidade comum, que é o aproveitamento integral das potencialidades turísticas do País. A criação de um Ministério de Turismo, conforme preconizou, e muito bem, o ilustre Deputado Videira Pires, seria uma solução ideal para a centralização e, sobretudo, coordenação das actividades dispersas pelos vários organismos que presentemente têm a seu cargo a supervisão do turismo português, como comando de todos os órgãos de zona ou locais de todo o território nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quero chamar particularmente a atenção para as comissões municipais e juntas de turismo, pois os seus elementos constitutivos, bem conhecedores dos recursos e interesses das zonas sob a sua jurisdição, poderão numa acção conjunta colaborar eficazmente na obra a realizar; simplesmente haverá que considerar todo o cuidado a pôr na escolha de tais elementos e na valorização das suas aptidões, facultando-se-lhes meios para o seu trabalho ser profícuo; de contrário não se encontrarão homens à altura que possam desempenhar cabalmente tais lugares.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De uma acção individual persistente e útil e de uma conjugação de esforços de grupos que se entreajudem, com o devido apoio das entidades governamentais políticas e administrativas, resultará, sem dúvida, rendimento absoluto, que é, afinal, aquilo que se pretende. Deverei salientar, neste aspecto, a acção que tem despendido na capital do meu distrito S. Ex.ª o actual Governador Civil, chamando ao seu convívio todos esses elementos ligados à gestão do turismo da região, auscultando as suas opiniões e sugestões e oferecendo-se para as transmitir superiormente, apoiando-as com desvelado cuidado; merece incontestado louvor tal atitude, que bem demonstra o espírito de leal colaboração que sempre deve reinar na resolução de problemas de interesse mútuo a nível distrital, e que afinal se reflectem no todo nacional.
É a nível distrital que encararei essencialmente o problema que se debate, chamando a atenção dos responsáveis para o valor que Aveiro poderá desempenhar no surto turístico português, que se admite venha a ser uma breve realidade.
A sua situação geográfica no litoral e as suas características e recursos turísticos dão-lhe excepcional valor, que convém não menosprezar, procurando-se essencialmente tirar partido do bom que já existe e criando-se tudo aquilo cuja falta se vem fazendo sentir.
Seria tarefa fastidiosa considerar pormenorizadamente esta dupla faceta do problema actual do distrito, pelo que limitar-me-ei a citar muito superficialmente alguns aspectos reais que mais particularmente chamam a atenção.
Há apreciáveis praias, que se estendem quase em ala contínua, em toda a orla marítima, com os seus atributos específicos com que a Natureza as dotou, mas sem aquele total aproveitamento que poderia estar ao seu alcance; assim, muitos dos requisitos que as modernas estâncias da beira-mar reclamam estão quase na generalidade ausentes, em especial pelo que diz respeito à falta de instalações hoteleiras, que, ou não existem, ou são insuficientes.
A título exemplificativo direi apenas que na Costa Nova há um pequeno hotel, com 24 quartos, e 5 pequenas pensões, apesar da sua frequência, só pelo que diz respeito a banhistas, andar por 2000 pessoas anualmente; na Barra, uma pequena pensão; em S. Jacinto, nada; na Torreira, além da Pousada da Ria, com os seus escassos 10 quartos, 2 pensões; no Furadouro há um pequeno e modestíssimo hotel, que não basta de maneira nenhuma para valer ao